O que tem de ser tem muita força.
Uma vez mais, o princípio enunciado por Almeida Garrett no imortal (embora, hoje, quase esquecido) livro Viagens na minha terra obtém cabal confirmação.
O acordo para a viabilização do orçamento foi mais imposição das circunstâncias do que produto da vontade.
A saída está encontrada, mas o incómodo salta à vista.
Fechado o referido acordo esta noite, disseram que ele ia ser assinado esta manhã.
Chegada a hora e com tudo preparado na Assembleia da República, vem uma indicação de que, afinal, o acordo já tinha sido assinado. Em privado.
Parece que Governo e PSD não querem aparecer um ao pé do outro.
Neste tempo de falências, até as certezas mais imediatas faliram. Quanto às incertezas, essas aparentam já ter nascido falidas.
Quem olha para os termos do acordo, fica na dúvida: quem é mais de esquerda? Terá sido o PSD a conseguir que algumas deduções na saúde e educação não fossem extintas. E foi o Governo a não abdicar da taxa de IVA a 23%.
Já ninguém entende nada, mas há coisas que também não são para entender.
Quero pensar que, pelo rumo que a situação está a tomar, o melhor que o Estado faria era não intervir tanto. Que, ao menos, não estorve. Há muitas energias tolhidas que têm muito para dar.
Há um Portugal empreendedor, capaz de dar um rumo novo ao futuro. Há muita coisa boa a surgir.