É um caso em que tendemos a separar o que Deus uniu.
Deus une a fé ao amor e o amor à fé. Nós, porém, gostamos de estabelecer fracturas e cisões.
Hoje, é cada vez mais frequente ouvirmos dizer que o importante é amar e que acreditar é secundário.
Mas também não basta acreditar. Acreditar sem amar não é evangélico. É coisa impossível a fé sem o amor. S. Paulo, de resto, já alertou que a fé actua pelo amor (cf. Gál 5, 6).
Amar é, por isso, fundamental e decisivo. Mas a fé é que inspira e enforma o amor. Longe da fé, tudo é oco, vazio e inane.
Amor sem fé seria como um invólucro sem conteúdo. Mas fé sem amor seria como um discurso sem acção. É o amor que dá crédito à fé.
A fé não precisa de se dizer quando existe amor. O amor, em si mesmo, já diz a fé. Onde há amor, flui a fé.
Deixa pois que Deus ame dentro de ti. Os outros terão um lugar central no teu ser.
Com fé, o amor brilha. Sem fé, o amor fenecerá. Mas, sem amor, a fé também murcha.
Um dia, talvez haja, na Santa Sé, uma sagrada Congregação para a vivência do Amor, tal como existe uma sagrada Congregação para a Doutrina da Fé.
Será uma forma de tornar visível o vínculo entre a fé e o amor. Tudo sob a égide da esperança. A tal que, como alvitra Charles Péguy, «espanta o próprio Deus».