José Mattoso é uma das pessoas que mais admiro. Não apenas pelo seu saber, que é muito, mas também pela sua humildade, que é ainda maior.
Ontem, deu uma entrevista sobre o seu percurso de vida, onde transparece toda uma panóplia de valores que cativam o mais desatento.
Assume-se como aluno de 13, 14 e não tem rebuço em qualificar-se como sofrível.
Isto dá logo que pensar. Como é que alguém excelente se apresenta como sofrível em contraste com tanta gente sofrível que se pavoneia como excelente?
Fala das suas opções, da sua entrada e da sua saída do mosteiro e do sacerdócio. No ar, fica uma necessidade de melhor se encontrar com Deus.
Há uma busca de pureza e autenticidade muito grande, que nem sempre é compreendida nem acolhida.
Evoca, com pesar, uma vida religiosa barroca, formal, assente nas exterioridades.
O que mais me toca é a referência a S. Francisco de Assis e à sua pureza que consiste em viver «o Evangelho sem glosa». Trata-se do «Evangelho despojado das derivas que foram acontecendo ao longo dos tempos». Trata-se, enfim, de uma procura da «autenticidade inicial».