O povo do Reino Unido votou ontem. Só que a eleição resultou numa situação pouco clara.
Os indicadores apontam para uma vitória do Partido Conservador, mas sem maioria absoluta.
À partida, o líder deste partido deveria ser chamado a formar governo tentando uma coligação ou propondo acordos parlamentares.
Só que a Constituição inglesa nada diz a este respeito. Nada diz porque simplesmente não existe.
A Lei Fundamental do Reino Unido é a Magna Carta, transmitida oralmente de geração em geração.
À falta de legislação, parece que a práxis estipula ser o primeiro-ministro cessante a tentar formar governo.
Se tal governo governo for rejeitado, é que se avançarão para outras soluções. Que poderão passar, inclusive, por um novo acto eleitoral.
Se o resultado fosse claro, hoje, um dia apenas após as eleições, já se conheceria o elenco governativo.
Há fortes motivos para reflectir. À decepção diante do poder soma-se a falta de entusiasmo perante as alternativas.
É preciso refundar a política. Menos espectáculo e mais ética?
Não me parece haver outro caminho...