Há quem, nos Estados Unidos, queira processar o Papa por causa da pedofilia na Igreja.
Com todo o respeito, este é o género de notícia a que nem vale a pena dispensar grande atenção. Sobretudo porque desfoca totalmente o problema.
No fundo, equivale a tomar por adversário quem é aliado.
A pedofilia é crime. Tem de ser tratada como tal. Quem a pratica deverá assumir as respectivas consequências.
No que concerne ao encobrimento, o Cardeal Joseph Ratzinger e o actual Papa Bento XVI figuram entre as pessoas que mais fizeram para que nada se ocultasse.
Há que fazer justiça. Em nome da verdade.
Sobra, entretanto, um enorme trabalho pela frente: a nível retrospectivo e no plano prospectivo.
Não bastam, como é óbvio, medidas punitivas, já previstas aliás.
É importante que se reflicta sobre um aspecto que vai avultando por entre os meandros miasmáticos de toda esta tormenta: porque é que a sexualidade é, tão frequentemente, remetida para a esfera de uma clandestinidade prolongada, asquerosa e violenta?
Porque é que, em muitos casos, se torna tão difícil viver o celibato de modo equilibrado e feliz?
O que levará a que se abuse de uma criança?
Será tudo uma mera questão de distúrbios pessoais? Mas como entender que eles sejam tantos?
Que fazer para tudo isto seja, o mais possível, evitado?