De Anónimo a 4 de Abril de 2010 às 15:17
A temática dos escândalos sexuais que se abateu sobre a Igreja Católica foi analisada de forma superior por D. José Policarpo: "Senhor, perdoai os pecados da Vossa Igreja". Foi das raras pessoas que teve a atitude certa e justa nesta questão. Aura Miguel, por exemplo, pela qual, aliás, também nutro muito apreço, teve uma atitude deplorável: recorreu aos estafados chavões de sempre. Segundo ela, o que haveria era mais uma perseguição à Igreja Católica e a Bento XVI por ele não ser” relativista” .Como é triste ver este tipo de abordagem, que mais não faz do que branquear o verdadeiro fundo da questão. Os padres que abusaram sexualmente respondem perante Deus e a justiça humana. Compreendo que a Igreja Católica e nós, cristãos, devamos enfatizar o perdão. Mas sublinhar o perdão não significa deixar de censurar o que é censurável. E não é censurável que os casos que aconteceram venham à tona de água. Mas já é censurável que alguns, incluindo Aura Miguel, desviem as atenções do essencial, recorrendo a uma velha e gasta metodologia de " fuga para a frente" e escamoteamento a ênfase da gravidade dos actos pedófilos. Isto por um lado. Por outro, há que apurar qual, nos crimes sexuais cometidos, a responsabilidade da Igreja Católica ao seu nível institucional mais elevado. Do que li do documento orientador " Crimen Sollicitationis", firmei a convicção de que essa orientação conduziu ao agravamento da situação. Padres abusadores foram sendo sucessivamente colocados em novas paróquias e os actos de pedofilia, por eles cometidos, silenciados, em nome da suposta preservação da santa imagem da Igreja Católica. Mas Deus não dorme e os resultados estão à vista. Tudo o que é Mal, mais tarde ou mais cedo, é descoberto. Todos os papas que, sabendo dessa orientação da Igreja, a sancionaram e não reprovaram, têm responsabilidades omissivas nestes escândalos. Com excepção de João Paulo I, dado o escasso tempo do seu pontificado. Todos os demais que exerceram funções, no período de vigência da " Crimen Sollicitationis" são responsáveis morais, incluindo Bento XVI. Se D. José Policarpo tivesse sido eleito Sumo Pontífice, não tenho a menor dúvida que teria assumido a posição humilde que exprimiu recentemente enquanto Cardeal Patriarca de Lisboa. Bento XVI silenciou a sua própria responsabilidade e não se penitenciou humildemente do seu comprometimento institucional. Não é bonito e não lhe ficou nada Bem....
Respeito o que diz, mas não creio que Bento XVI possa ser acusado de enconbrimento. Encobrir é impedir que se revele. Se estivermos atentos, desde há muito que Ratzinger tem sido contundente quando aborda esta temática. Poucos dias antes de ser eleito papa, falou da sujidade/ porcaria que há na Igreja e mencionou expressamente os sacerdotes. Reconheço que a situação está a tomar proporções alarmantes. Espero que resulte daqui um efeito purificador.
De Anónimo a 4 de Abril de 2010 às 17:09
Estimado Padre João António:
Li a " Crimen Sollicitationis". E,quando falo de responsabilidade moral de Bento XVI falo ao nível institucional.A " Crimen Sollicitationis" existe. Não fui eu quem a inventei. abraço amigo.
Sim. Se reparar, embora não mencionando o documento, a postura deste Papa, é claramente de superação desse documento que cominava a excomunhão para quem revelasse os casos. Queria dizer que me revejo inteiramente nesta onda de preocupação. Eu mesmo me sinto indignado: com o facto da pedofilia e com o facto da sua ocultação. Isto é totalmente anti-humano e anti-Igreja. A Igreja nasce sob o signo da revelação. não da ocultação. Abraço amigo no Senhor!
De António a 4 de Abril de 2010 às 17:47
Estimado Padre João António:
Não desejo ser injusto contra ninguém. Deus sabe tudo. Mas a hora é de assunção dos erros, perdão e reconciliação. Pode ser que este seja o Caminho da Ressurreição para a Igreja Católica. Estou convicto que sim. Como cristão e afectivamente ligado à ICAR, desejo sinceramente que ocupe o seu lugar neste mundo tão desumano de forma eticamente superior. Longe da Condenação e perto da Misericórdia.Abraço amigo.
De Evágrio Pôntico a 4 de Abril de 2010 às 21:17
Com todo o respeito pelos Revmos. Bispos de Lisboa e das Forças Armadas (D.Januário), acho que ambos foram muito infelizes no que disseram e na altura em que o fizeram. Não estava (está) já tudo dito? Quiseram sobrepôr-se ao Papa? Triste figura...
Acabaram por lançar mais achas à fogueira... Não chega já? Que tem a Igreja a ver com uns tantos desequilibrados que, infelizmente, abraçaram o sacerdócio...?! E quem são eles? Sabe-se que, na ex-URSS, se prepararam (e continuam a preparar?) milhares de "sacerdotes" para serem "exportados" para o Ocidente, com o objectivo de irem gradualmente minando a Igreja Católica. O poder satânico opera de muitas formas...
Os verdadeiros católicos têm de estar bem atentos a todas estas manobras que apenas têm um fim: destruir a Igreja! Unamo-nos ao Papa nesta hora de dificuldade, mas de purificação!
De António a 5 de Abril de 2010 às 00:21
Estimado Evágrio Pôntico:
Permita-me entrar em fraternal debate consigo e amigavelmente perguntar-lhe:
Conhece a " Crimen Sollicitationis" ? Terá sido congeminada na ex- URSS ?
abraço amigo.
De Evágrio Pôntico a 6 de Abril de 2010 às 21:09
Caro António,
o que afirmei sobre a "ordenação" de "padres", na ex-URSS, para fazerem trabalho de sapa na destruição dos alicerces da Igreja Católica está provado por documentos.
Não li a "Crimen Sollicitationis". Não consigo ler tudo. Falta-me o tempo. Contudo, gosto de estar ao corrente do que se passa (e passou) no mundo e na Igreja. Sei que é um documento que foi revelado pela BBC de Londres, há já alguns anos, e que foi “ressuscitado” agora, com o fim específico de continuar a campanha nefanda de descredibilização da Igreja. Já não nos admira que tudo o que diga respeito à Igreja Católica seja treslido, desvirtuado e "interpretado" de forma “peculiar”... procurando-se sempre o escândalo.
Da reportagem da BBC sobre "Crimen Sollicitationis", o mínimo que se poderá dizer é que é falaciosa, conforme já foi suficientemente esclarecido pelas autoridades eclesiásticas. O documento não se refere a eventuais actos de pedofilia por parte dos padres, mas apenas ao "uso impróprio do confessionário". Coisas bem distintas, como se vê, sendo que o documento teve como finalidade a defesa das potenciais vítimas, coisa bem distinta do que assinala a propaganda de certos media, sempre interessados em denegrir a Igreja.
A onda de difamação contra o Papa e a Igreja vai alterosa: a revista alemã "Der Spiegel” acaba de oferecer 1 (um)milhão de Euros (!!!) a quem caluniar o Santo Padre de abusos sexuais! Outra revista alemã não quis ficar atrás: a “Schmiermagazine” oferece o mesmo valor a ex-seminaristas que foram alunos do Santo Padre nas décadas de 60 e 70 para o caluniarem de abusos sexuais. O dinheiro dará decerto volta à cabeça de alguém…
É este o triste panorama que apresenta o mundo de hoje…
O que a mim não me admira, pois a Igreja é a última instituição que defende a necessidade de verdades morais no mundo e entre os homens; daí o redobrar de ataques por parte daqueles a quem interessa implantar o caos e a tal “nova ordem mundial” que visa reduzir-nos a escravos dos novos senhores do mundo…
Paz e Bem.
De António a 8 de Abril de 2010 às 00:34
Estimado Evágrio Pôntico:
Grato pela sua resposta. Temos perspectivas completamente divergentes sobre esta matéria. Li a " Crimen Sollicitationis" e as minhas conclusões também são opostas às suas. O que lá está é bem grave e demasiadamente claro para se tomar por falácia ou eufemismo. A verdade é sempre verdade, goste-se ou não dela. Mas, se me puder esclarecer quanto à fonte documental da alegada " conspiração" da ex- URSS, a que alude, seria uma forma consequente de podemos dialogar a partir de bases factuais concretas e não de meras especulações. Quanto à notícia sobre a " Der Spiegel", pode mostrar também aqui onde ela se encontra exarada em letra de forma, na própria revista? Onde é que, em concreto, a “ Der Spiegel” ofereceu um milhão de dólares para caluniarem Bento XVI? Acha que o Vaticano ficaria parado se a notícia fosse verdadeira e de tal forma ofensiva contra a figura do Papa? Abraço amigo.