De António a 4 de Abril de 2010 às 15:36
Em muitos pontos, concordo com Lipovetsky. Noutros, não. Disse ele:"não, o que vai desaparecer é a organização religiosa tradicionalista do mundo, que vai dar lugar a um mundo individualista, tecnológico e comercial." Vai dar, não. Já deu. Já batemos no fundo. E " a organização tradicionalista do mundo" vai desaparecer sim. Mas não na concepção porventura prevista por Lipovetsky. Mais tarde ou mais cedo, a espiritualidade irá ser a face visível da religiosidade. Não há verdadeira religião se não for espiritual. E muito do que existe no mundo não é religião mas falsa religião. Deus está muito longe de certos paradigmas teológicos. Nós não O matamos mas soterramos. E hoje, é preciso desenterrar Deus do atoleiro em que O colocamos.
"Como viver num mundo assim?" perguntaram ao entrevistado, e ele respondeu:
"Não é fácil, porque já não temos os pilares de outrora. Antigamente, havia a religião, as tradições e as ideologias políticas. A religião continua a existir, mas cada um diz o que quer." Cada um dizer o que quer tem um nome: liberdade de consciência e de expressão de pensamento. Exactamente o que Lipovetsky faz sem ser preso, torturado ou queimado na fogueira. Depois, novamente inquirido, respondeu:
"A cultura-mundo é a nova religião?
“Não, de todo. A cultura-mundo não nos diz o que fazer, a religião sim. É o oposto. A religião diz-nos o que está bem e o que está o mal, o que podemos fazer e o que não podemos fazer aquilo. É muito diferente."
Mas que "religião" Deus meu? A pseudo-religião da mesquinha antropomorfização de Deus à semelhança da imagem do Homem ou a divinização e santificação do Homem à semelhança da Imagem de Deus? …