Continuamos a ser inundados com notícias de casos de pedofilia na Igreja.
Há quem especule sobre a intencionalidade do volume destas notícias.
Multiplicam-se as mais diversas conjecturas.
Penso que isso é secundário. Até porque toda e qualquer notícia pode esconder uma intenção. Por esse caminho não haveria imprensa.
A questão principal tem de ser: é verdade ou é mentira?
Se tudo isto for mentira, estamos perante uma monstruosidade.
Mas se tudo isto (ou muito disto) for verdade, estamos perante uma monstruosidade maior.
O mal não está na notícia. O mal está, acima de tudo, nos factos.
Ninguém julgue ninguém. Mas pensemos, antes de mais, nas vítimas.
E não deixemos de pensar na confiança que se rompe.
A única atitude a ter é a humildade. Tantas vezes, entoamos o Te Deum. Este é o momento de recitarmos (com os lábios, mas sobretudo com a vida) o Confiteor.
Há momentos para o louvor. Este é o tempo da penitência.
Penitência pelo que se faz, pelo que se não faz, pelo encobrimento, pela protecção que se dá a uns e pela desprotecção a que condenamos outros.
Há que olhar em frente de modo diferente.
Palpita-me que, por muito que nos doa, ainda temos de agradecer à comunicação social.
Custa-me ver tanta dor na praça pública.
Sobretudo porque essa dor foi amordaçada ao longo de anos.
Não façamos processos de intenção.
É claro que me preocupa se algum inocente está a ser devassado na sua reputação.
Uma coisa é certa. Cristo sofredor está em todas essas crianças. A quem foi roubado o mais precioso: o sorriso cândido de uma infância que devia ser como uma manhã tingida de azul, ridente de esperança...