Penso que se devia pensar no que ocorreu, ontem, no Parlamento. Sobetudo no que foi amplamente difundido pelas televisões.
Parecia uma aula. Um secretário de Estado foi advertido para a ausência da fórmula regimental.
Começou por falar sentado. Levantou-se. Mas esqueceu-se de saudar o presidente da Assembleia. Este repreendeu-o. E ameaçou-o de que não o deixava falar ao verificar que a segunda tentativa também falhou.
Depois, foi a queixa do deputado que viu o ecrâ do computador ser fotografado. O presidente diz que o computador não é pessoal, é oficial. Mas será que tudo o que lá se escreve tem de ser conhecido? Onde estão os limites para a privacidade? Onde estão as fronteiras com o que é público?
Impressionante achei a reacção à explicação do Dr. Jaime Gama. Muitos deputados fecharam o computador com força, com um estrondo enorme.
Se os alunos reagirem assim numa aula, que pensaremos? O certo é que muitos jovens viram estas imagens.
O Dr. Jaime Gama, pessoa que muito admiro, poderá ter tido algum excesso de zelo. Mas não há dúvida de que alguma compostura é necessária. Sobretudo na casa-mãe da democracia.