Praticamente não há dia nenhum em que não chovam notícias sobre a pedofilia envolvendo figuras do clero católico.
Também a mim isto dói profundamente.
Nunca fui corporativista. Não é pelo facto de ser padre que não reconheço as fragilidades que nos atingem.
O que me penaliza é que chegamos sempre tarde ao reconhecimento dos factos.
Porque é que só acordamos quando as coisas são publicitadas e não quando acontecem? Porque é que só damos conta das consequências? Porque é que não reparamos nas causas?
Este problema tem muitos ângulos.
Há gente que sofre a vida toda com situações deste género. Molestar uma criança como é possível?
Recolho-me ao silêncio e à oração. Perdoa, meu Deus, as falhas na Tua Igreja. Perdoai, filhos de Deus, as lacunas dos que O representam.
Eu sei que isto não tem perdão. Mas o perdão é, como mostra Jesus e como avisa Hannah Arendt, para quem o não merece.
O pecado está em toda a toda a parte. A graça de Deus também.
Imitemos o publicano de que nos fala o Evangelho deste dia. Nunca percamos a humildade.