De Olegario González de Cardedal retive um conselho que sempre considerei sábio e sumamente prudente: o teólogo tem de conciliar a complexidade da inteligência e a simplicidade do coração.
Os místicos conseguem dizer o mesmo que os teólogos. Não com igual respaldo conceptual. Mas, seguramente, não com menor fulgor.
Quem lê Xavier Zubiri (e sobretudo a sua declaração de que «o Homem é a maneira finita de ser Deus» ou a sua tese de que «Deus não é transcendente ao Homem mas transcendente no Homem) fica, à primeira vista, um pouco baralhado, quiçá confundido.
Mas Isabel da Trindade, por exemplo, tem várias circunlocuções destas frases. Diz o mesmo por palavras diferentes.
Reparem neste pensamento: «Encontrei o Céu na Terra porque o Céu é Deus e Deus está dentro de mim».
Ou nesta confissão: «Deus em mim e eu n'Ele: é a minha vida!».
A uma pessoa amiga confidenciou: «Pouco a pouco a alma habitua-se a viver na Sua doce companhia, começa a compreender que traz em si um pequeno Céu em que o Deus do amor fixou a Sua morada».