Às vezes (não tão poucas vezes assim, confesso), noto que preciso da solidão para estar acompanhado.
É que, às vezes (não tão poucas vezes assim, confesso), verifico que, em certos grupos e multidões, é quando mais nos sentimos em solidão.
Trata-se de uma solidão imposta. Trata-se de uma solidão feita de rejeição, pilotada pela incompreensão ou, então, tecida pela indiferença.
Esta é a solidão que dói. A outra pode ser a solidão que liberta, que aproxima.
Nem sempre nos sentimos acompanhados por quem está ao nosso lado. Nem sempre estamos desacompanhados por quem não está à nossa beira.
Nem sempre estaremos sós quando nos encontramos sozinhos. É nessa altura que o melhor dos outros pode entrar em nós: pela recordação, pelo eco da presença, pela revivescência do que já foram e deixou marcas imperecíveis.
Ao fim e ao cabo, nem sou eu que procuro a solidão; é a própria solidão que me visita.
Não seria indelicadeza fechar-lhe as portas?