O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 06 de Novembro de 2013

1. A morte pertence ao impensável, ao indizível. É por isso que o seu lugar devia ser o silêncio.

Como pensar o que não pode ser pensado? Como dizer o que não pode ser dito?

 

2. Acerca da morte, as palavras falecem nos lábios e os pensamentos secam na própria mente.

Como pensar aquilo que nós nem sequer experimentamos? Com efeito, só fazemos a experiência da morte dos outros. Ninguém faz a experiência da sua morte.

 

3. Já dizia Epicuro que quando nós estamos, ela ainda não está; quando ela está, nós já não estamos.

Mia Couto assegura que «se morre nada quando chega a vez. É só um solavanco na estrada por onde já não vamos».

 

4. A morte não fala. Actua. E actua inapelavelmente. Vem sem avisar. Chega e não pede licença para entrar. Não deixa ninguém em casa. Leva-nos a todos com ela.

Vem sempre cedo ainda que viesse tarde. Nunca é tarde para morrer.

 

5. A vida e a morte são, à partida, o mais distante. Mas, à chegada, surgem tão próximas.

Cada homem é o paradoxo de alguém que luta pela vida e que caminha (inexoravelmente) em direcção à morte.

 

6. A experiência mostra-nos que a vida é um caminho para a morte. Mas a fé afiança-nos que a própria morte é um caminho para a vida.

Em Jesus Cristo, nem a morte é totalmente morte. A morte de Cristo foi uma morte «morticida», uma morte que matou a morte, uma morte que foi vencida pela vida.

 

7. Sucede que é preciso morrer para vencer a morte.

Só quem dá a vida alcança a vida. A vida só se tem quando se dá.

 

8. Assim sendo, a morte não é termo; é passagem; não é fim; é trânsito. A morte fecha o ciclo da nossa vida terrena. E inaugura o ciclo da nossa vida eterna.

Bergerac tem razão quando escreveu: «Morrer não é nada, é terminar de nascer».

 

9. Nas viagens, é nas partidas que começamos a chegar e é nas chegadas que nos preparamos para, novamente, partir.

Também na vida, é ao nascer que começamos a morrer. E é na morte que acabamos, definitivamente, de nascer!

 

10. Mas a eternidade não é só o que vem depois do tempo. A eternidade começa no tempo.

Afinal, «o Céu existe mesmo». O Céu começa na Terra. Quando se faz o bem!

publicado por Theosfera às 10:28

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