Foi quase ao mesmo tempo, mas as reacções não podiam ser mais diferentes.
Esteve em Portugal um grupo musical com um nome quase impronunciável e foi uma excitação enorme, no limite do descontrolo e da histeria.
Passou, entretanto, pelo nosso país um dos maiores pensadores contemporâneos e, que eu saiba, nada ou quase nada se disse.
E, no entanto, o que Jurgen Habermas disse em Lisboa devia fazer soar alguns alarmes. Primeiro, pela indiferença gerada. E, depois, pelo que deixou.
A democracia parece estar doente e nós não nos apercebemos. Estará mesmo à beira da implosão.
Tem dificuldade em gerar alternativas dentro de si. E, sem querer, está a desencadear tumultuosas alternativas fora de si.
Os cidadãos já não se limitam a flutuar entre partidos nem a abster-se dos partidos. Muitos sentem-se de costas para os partidos porque sentem que os partidos vivem de costas para eles.
Daí as ondas de contestação. Daí os populismos. Daí os extremismos. Há quem se instale fora do sistema. Isso é perigoso.
Esta onda ainda não chegou aqui. Mas, atenção, já não anda muito longe daqui!