1. É possível ser indiferente em relação ao diferente?
Possível é. Mas tal indiferença arrisca-se a colocar-nos à margem da vida. Ou, pelo menos, a fazer-nos passar ao lado de uma importante parte da vida.
2. Hoje em dia, passa-se muito tempo na net. Fala-se na net. Negoceia-se na net. Estuda-se na net. Difama-se na net. Mas também se evangeliza na net. Também se reza na net.
Estaremos no limiar de uma «Neteologia»? As «Cibercomunidades» não estarão a requerer uma «Netmissão», uma «Netpastoral»?
3. É especialmente no «facebook» que se vão alojando inúmeras comunidades.
No «facebook» estamos, mostramos, escrevemos, propomos, criticamos, desabafamos.
4. Tal como sucede em tudo na vida, também o «facebook» se apodera de nós antes que nós nos apoderemos dele.
Sem darmos conta, ele controla-nos mais a nós do que nós o controlamos, a ele.
5. Milton Hatoum descreve o «facebook» como uma espécie de «telefone contemporâneo», que nos (ex)põe em contacto com milhares de pessoas em simultâneo.
Às vezes, é excelente. Outras vezes, achamos que é perigoso.
6. Bernardo Carvalho aponta um paradoxo, que se pode sintetizar assim: no «facebook» exercemos a nossa liberdade, mas nem notamos que, neste mesmo espaço, corremos o risco de abdicar da nossa liberdade.
Com efeito, o que partilhamos sobre nós deixa de ser só nosso. Passa a ser também de muita gente.
7. Era bom que, no «facebook», não desaprendéssemos de reflectir. Para um cristão, há um princípio elementar: onde está a pessoa, aí tem de estar a missão.
Jesus enviou os Seus discípulos para todo o mundo, para todos os povos, para todas as pessoas.
8. E o certo é que as pessoas estão, cada vez mais, nas redes sociais. Seria uma demissão grave ignorar esta presença e subestimar esta oportunidade.
É importante estar em rede como se está na vida: numa atitude de serviço, com sentido de missão.
9. Dir-se-ia que as redes sociais configuram uma nova — e imensa — «paróquia». Não se trata de uma paróquia meramente virtual, mas de uma paróquia inteiramente real.
Tem muita gente dentro. Tem muita gente à porta. Tem muita gente a entrar. Terá também muita gente a sair. Há quem esteja no centro e há quem se encontre nas periferias.
10. Nesta «paróquia», também há excluídos, marginalizados e até alvos a abater. Será correcto desacompanhá-los?
Não poderemos estar continuamente «on». Mas será legítimo estar sempre «off»?