Grande mistério é a vida. Enorme mistério é a morte.
Por um lado, é a situação mais óbvia e mais certa com que contamos. Por outro lado, transporta uma carga de incerteza insuperável.
Quando virá? Que sucederá depois dela?
Epicuro, em plena antiguidade clássica, confessava: «A morte nada é para nós».
De facto, empiricamente assim é. Quando a morte vem, nós já não estamos.
Afinal, só sentimos a morte dos outros, não a nossa. Como um rio que desagua no oceano, a nossa vida é um caminho que, inevitavelmente, termina na morte.
É por isso que Zubiri dizia que «viver é existir frente à morte».
Conseguimos adiá-la. Em muitos casos, por muito tempo.
Vamos coleccionando bastantes vitórias sobre a morte. Mas chega um momento em que a morte triunfa. Basta-lhe essa vitória.
Bruno Forte afirmava que o homem é um paradoxo de alguém que luta pela vida e que, ao mesmo tempo, caminha para a morte.
Ainda que vivamos 100 (ou mais) anos, hoje estamos um dia mais perto da morte do que estávamos ontem.
É na fé que tudo se transfigura. Na fé, a morte não é o fim.
A morte é como uma porta: fecha a vida terrena, abre-nos para a vida eterna.
Na fé, nem o fim é fim!