Em 1953, Henri de Lubac escreveu a sua famosa Méditation sur l'Église. A determinada altura diz: «Esta Esposa mística, esta Igreja de coração escondido, é, ao mesmo tempo, um ser bem visível entre os demais seres do mundo. Pode-se menosprezá-la, mas não se pode ignorá-la.
Como todas as instituições humanas, também ela tem a sua fachada exterior. A nossa Igreja não é uma coisa nebulosa e imaterial. Não é uma entidade vaporosa. Embora seja um mistério que se vive na fé, não deixa de ser uma realidade que se vive neste mundo».
Às vezes, pomo-nos a pensar nas fragilidades da Igreja e inferimos que mais facilmente nos aproximamos de Cristo e de Deus fora dela.
Isso não é argumento, porém. Já dizia S. Cipriano que «ninguém pode ter Deus por Pai se não tiver a Igreja por Mãe».
E, de uma forma brilhante, Henri de Lubac previne-nos: «Não nos jactemos de que, situando-nos fora da Igreja, podemos permanecer na "sociedade de Cristo". Pelo contrário, devemos dizer a nós mesmos com Sto. Agostinho: "Para viver do Espírito de Cristo, é preciso viver no Seu Corpo"».
Pode acontecer que nos desiludam muitas coisas que fazem parte da contextura humana da Igreja. Se tal acontecer, saibamos que o que mais vale é a palavra e o silêncio amoroso. Estejamos seguros de que nunca a Igreja nos dá melhor Jesus Cristo como nestas ocasiões em que nos brinda com a oportunidade de sermos configurados à Sua Paixão.
Novamente Henri de Lubac: «A Igreja tem a única missão de tornar presente Jesus Cristo nos homens. Ela deve anunciá-Lo, mostrá-Lo e dá-Lo a todos. Tudo o resto não é mais que acrescento. Ela é, e será sempre, Igreja de Jesus Cristo. Mas é preciso que o que é em si mesma o seja também nos seus membros. O que ela é para nós, é fundamental que o seja também através de nós».