1. Não apenas filósofo, não somente teólogo. Xavier Zubiri — que morreu a 21 de Setembro de 1983 — tem muito dos dois e conseguiu operar uma síntese entre ambos.
Foi, por isso e caracteristicamente, um teofilósofo.
2. Na sua trajectória, o homem e Deus aparecem como intersignificantes e a Filosofia e a Teologia surgem como confluentes.
Deus é sempre pensável com o homem e o homem nunca é pensável sem Deus.
3. Zubiri não foi filósofo unicamente quando fez Filosofia, como não foi teólogo exclusivamente quando cursou Teologia.
Ele foi filósofo também na abordagem de assuntos teológicos e pode dizer-se que foi teólogo também no tratamento de temas filosóficos.
4. Quem analisa a sua obra filosófica pode ficar com a sensação de que ela foi escrita por um teólogo, tal é a sua sensibilidade ao divino.
E quem lê a sua produção teológica pode ficar com a impressão de que ela foi elaborada por um filósofo, tal é a sua robustez conceptual.
5. É por tudo isto que, de uma certa maneira, Zubiri pode ser descrito como um teólogo do humano e como um filósofo do divino.
Para Zubiri, o discurso primordial acerca de Deus serve não para O demonstrar, mas para O mostrar. Tanto mais que, ao contrário do que alguns sugerem, o difícil não será descobri-Lo, mas encobri-Lo.
6. É que Deus não está «extra vitam» (fora da vida), nem tampouco «juxta mundum» (ao lado do mundo), mas «intra realitatem» (dentro da realidade).
Se Deus está na realidade do mundo, então não é possível fazer a experiência de Deus sem fazer a experiência do mundo.
7. Hoje em dia, corre-se o risco de estar na órbita de quase tudo e no fundo de quase nada.
Não faltará quem se ressinta deste distanciamento do fundo, propendendo — quase por instinto — para uma certa pimbização pastoral, tecida de alguma anemia espiritual e de muita anestesia social.
8. Para Zubiri, Deus não está além da vida. Aliás, Ele é a vida.
É, pois, «ex vita» (e não apenas «ex cathedra») que urge testemunhar a Sua presença e o Seu amor.
9. Deus está seguramente «in excelsis».
Mas, no tempo em que vivemos e na hora que passa, Ele quer ser encontrado «de profundis», nos subterrâneos da existência e nas periferias da história, nos esquecidos pela fortuna.
10. A experiência de Deus é ascendente.
Mas sempre a partir do fundo!