Até certa idade, vemos as coisas e as pessoas com os nossos olhos.
Tudo parece idílico, paradisíaco, transparente, luminoso.
A partir de certa idade e até porque os nossos olhos enfraquecem, começamos a ver as coisas e as pessoas com o seu próprio olhar.
As coisas e as acções das pessoas inscrevem-se em nós. A paisagem, por vezes, altera-se. As nuvens adensam-se. Tudo parece mais obscuro, mais opaco.
A certa altura, começamos a questionar: como foi possível que estivéssemos enganados sobre esta e aquela pessoa?
Mas, afinal, não estávamos enganados. Estávamos a aprender.
E a aprendizagem da vida não tem hora marcada para terminar. Está sempre a acontecer.
Quem pensa que tudo conhece arrisca-se a coleccionar decepções.
Há que estar atento. E, acima de tudo, há que não sair do caminho.
Há que ser o que somos. Mesmo que outros deixem de ser o que eram. Ou o que nos parecia que fossem!