O nosso pranto não é inócuo. Às vezes, até pode ser sadio chorar. O adágio segundo o qual «um homem nunca chora» carece de veracidade e sobretudo de sapiência. Porque não chorar?
Com efeito, há tanto para chorar à nossa volta. Há tanto para chorar dentro de nós. O nosso egoísmo. O nosso ensimesmamento. A nossa resistência à vontade de Deus. A nossa férrea oposição ao desígnio do Pai. A nossa mediocridade. A nossa indiferença. O nosso repentismo. A nossa tibieza. O nosso calar perante a injustiça. O nosso falar exaltante sobre as falhas dos outros.
Não são estes sobejos motivos para chorar? Mas não basta.
Só Deus redimirá as nossas lágrimas: as que deslizam furtivas e as que correm convulsas.
Vai, por isso, ao encontro do Senhor. Não hesites em pedir o Seu perdão. Oferece-Lhe o teu arrependimento. Ele presentear-te-á com a torrente da Sua misericórdia.
Há quanto tempo não celebras o Sacramento da Reconciliação? Há quanto tempo não te aproximas de Cristo presente no sacerdote?
Também és dos que dizem confessar-se directamente a Deus? Então e a confissão sacramental é feita a quem? Não é Cristo que está na pessoa do padre? Onde mora, afinal, a tua fé?
O padre também peca? Pois peca. Tanto ou mais que tu.
Mas não achas maravilhoso — e sumamente comovente — acolher o perdão divino através de um instrumento tão frágil? Tão parecido contigo? Porque complicas pois o que Cristo simplificou?
Ser um homem como tu a oferecer-te Deus, em forma de perdão, não achas que é um dos maiores prodígios que se pode conceber?