O deserto não é só local físico. É também (e bastante) um lugar teológico (locus theologicus). E um lugar teológico de singular relevância e primeira grandeza.
João viveu no deserto. Jesus esteve no deserto. Muita gente procurou o deserto. Não como fuga. Mas como apelo. Como aviso. Como terapia. Como profecia. Como acto de coragem.
O deserto é aridez. Mas é sobretudo teste. Teste à resistência. Teste à persistência. Teste à fidelidade. Não se pode ser fiel apenas quando o ambiente é favorável. Fiel é preciso ser sempre.
Tudo isto continua a ser actual, pertinente. Se não podemos ir ao deserto, urge fazer deserto. Todos os dias. O momento inicial é determinante. Começar o dia por um encontro profundo com Deus é essencial. Mais de uma hora era excelente, mas é difícil. Mesmo uma hora de contemplação não é fácil. Mas viver um dia de missão sem, pelo menos, uma hora de oração é um risco muito grande.
Só quem mergulha em Deus se habilita a mergulhar no Homem, na Vida, no Mundo.