O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Terça-feira, 03 de Setembro de 2019
  1. Pelo quinto dia, eis-nos a procurar aprender tão-somente isto: a sermos missionários de Cristo. E sempre na companhia de Maria. Como Ela esteve com Jesus, estará sempre com quem se dispõe a irradiar a Sua luz.

É por isso que a Novena de toda a Festa é a matriz. É ela que torna a vivência da Festa genuinamente feliz. E é assim que, com a Novena, a Festa se torna plena.



  1. Com Maria aprendemos a fazer e sobretudo a ser. Como recorda o Papa São João Paulo II, «o ser está acima do fazer». Acontece que o fazer não está muito abaixo do ser, tanto mais que ser também implica fazer.

Assim percebeu o Padre António Vieira, quando disse que «somos o que fazemos». Se não fazemos, que somos? É no que fazemos que mostramos o que somos.



  1. O fazer é a realização do ser. E o ser é a identificação do fazer. É pelo fazer que o ser se realiza e é no ser que o fazer se identifica. Neste sentido, pode dizer-se que ser cristão passa — essencialmente — pelo agir cristão e por fazer cristãos. Agir cristão é procurar fazer o que Cristo fez e, nessa medida, é fazer com que outros se façam cristãos.

Para Jesus, ser discípulo é inseparável de «fazer discípulos» (cf. Mt 28, 19). Isto significa — como observou Xavier Zubiri — que ser cristão é necessariamente «fazer cristãos». Ninguém é cristão para si. Só é cristão em si quem é cristão para os outros. Será que temos noção do que implica agir cristão e fazer cristãos?



  1. Ninguém é cristão longe de Cristo e fora da missão. A missão liga-nos sempre a Cristo e nunca nos desliga do imperativo de atrair outros para Cristo. A esta luz, a missão não é sucedânea de Cristo, mas permanentemente actual em Cristo. As acções do Cristianismo não são acções acrescentadas às acções de Cristo: são acções do próprio Cristo.

Realizando os actos de Cristo, o cristão reveste-se de Cristo. Pelos sacramentos, é o próprio Cristo que «vai deificando e configurando» o homem. O Baptismo pode ser visto como «comunicação inicial» e a Eucaristia como «doação plena» da vida de Cristo. Por aqui se vê como o Cristianismo «é a vida inteira de Cristo» na vida inteira das pessoas.



  1. O Cristianismo consiste em reproduzir Cristo pelo espaço e pelo tempo. Ser cristão — e fazer cristãos — é «ir vitalmente» de um modo de ser para outro modo de ser, isto é, para o modo de ser de Cristo. É Ele, que trouxe Deus até à nossa humanidade, que leva — e eleva — a nossa humanidade até Deus. É em Deus que todos nos reencontraremos — verdadeira e plenamente — humanos.

A missão só é inteira quando nos eleva ao interior do Pai e nos leva ao interior dos irmãos. Será que já tomamos consciência de que a missão tem início no Filho que está no interior do Pai (cf. Jo 1, 18)? Levemos, pois, o Evangelho de Jesus e anunciemos sempre o Jesus do Evangelho.



  1. Não nos esqueçamos de que o evangelizador também precisa de ser evangelizado. Neste sentido, empreendamos sempre um caminho de aprendizagem e de escuta. Disponhamo-nos a aprender com o Deus do Povo e a escutar o Povo de Deus. Abramos também um espaço à surpresa. E deixemos que, através de nós, Deus faça as Suas maravilhas.

A vivência da fé não é para alguns dias, mas para todos os dias. É por isso que o campo de trabalho para o cristão é «o acontecimento», cada acontecimento. É aí, em cada momento, que somos chamados a levar Cristo e a trazer para Cristo.



  1. Ninguém como Maria para nos ajudar a viver Cristo. Quem melhor para nos ensinar a viver Cristo do que Aquela que nos dá Cristo? Por isso, é para Maria que nos devemos dirigir no momento de Cristo seguir.

Melhor que ninguém, Ela sabe o que é ouvir (cf. Lc 8, 21), acreditar (cf. Lc 1, 45), dizer sim (cf. Lc 1, 38), acompanhar (cf. Jo 2, 1-12; 19, 25) e vivenciar (cf. Lc 8, 21). Daí que, além de Mãe, Maria seja modelo para todo o discípulo e membro da Igreja. Na Lumen Gentium, o Vaticano II recorda que estamos perante um «membro eminente e inteiramente singular da Igreja, o seu tipo e exemplar perfeitíssimo».



  1. No mesmo registo, há quem prefira chamar-Lhe «espelho»: «Primeiro, porque reflecte a luz que Ela mesma recebe, como faz um espelho com a luz do sol; e, em segundo lugar, porque n'Ela a Igreja pode e deve "espelhar-se", isto é, olhar-se e confrontar-se para se tornar bela aos olhos do Seu celeste Esposo».

É por tudo isto que, para a Igreja, se Jesus é a fonte, Maria aparece com o seu grande modelo. Ela corporiza, por assim dizer, a Igreja nascente, a Igreja seminal, a Igreja dos começos e, ao mesmo tempo, a Igreja da plenitude e da consumação.



  1. Maria transportou dentro de si o Fundador — e perene Fundamento — da Igreja. Isto significa que já houve alguém que conseguiu o que cada um de nós é chamado a realizar: a fidelidade a Deus. Cabe-nos assim investir incessantemente na eclesialidade de Maria e na marianidade da Igreja.

Nunca esqueçamos que estar com Maria é estar com Jesus Tal como Jesus, que Se apresentou no mundo como servo (cf. Lc 22, 27; Fil 2, 7), também Maria Se identifica na vida como serva (cf. Lc 1, 38). Não espanta, pois, que o eclesiólogo Santos Sabugal proponha Jesus como «modelo fontal» e Maria como «modelo paradigmático» da Igreja.



  1. A esta luz, a Igreja só pode ter uma configuração totalmente serviçal. Enquanto primeira cristã, Maria em nós é a grande inspiradora de Cristo. Uma vez que o Verbo Se fez carne na Sua carne, Ela está em condições únicas para nos ajudar a que Ele Se faça vida na nossa vida. Por tal razão, quem está perto de Maria nunca estará longe de Cristo.



Não admira que Maria seja descrita como terra sagrada, cálice do Verbo e primeiro sacrário da história. Que melhor guia do que Maria no caminho para Cristo e para Deus? São Luís de Montfort percebeu que por Maria se chega a Jesus. E, mais recentemente, São João Paulo II enfatizou: «Se dizes “Maria”, Ela repete: “Deus”». É por isso que, como bem observou Joseph Ratzinger, «a Igreja abandona qualquer coisa que lhe foi confiada quando não louva Maria». Louvemos sempre Maria e em Cristo reencontraremos sempre amor e alegria!

publicado por Theosfera às 05:24

Hoje, 03 de Setembro (Quinto Dia da Novena de Nossa Senhora dos Remédios), é dia de S. Gregório Magno e S. Remáculo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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