- Aqui estamos, uma vez mais, num lugar «vestido» de festa. Efectivamente, Lamego aparece «vestida» de festa em honra da Sua Padroeira, Aquela que nos acompanha a vida inteira. Há quase quatro séculos — com segurança o podemos dizer — assim costuma ser.
A festa começou precisamente aqui, em cima, para extravasar lá em baixo. É por isso que a Festa que nos faz mexer lá em baixo começa a mover-nos — e a comover-nos — cá em cima, onde «mora» a nossa querida Mãe.
2. É uma festa bela porque é «em honra» d’Ela, da nossa Mãe, Nossa Senhora dos Remédios. Aliás, o que torna a nossa terra singular é o que neste monte temos para mostrar. Lamego seria sempre uma cidade carregada de história, de património e de beleza. Mas esta beleza não avultaria tanto sem esta fonte de encanto que dá pelo nome de Nossa Senhora dos Remédios.
Poderia até haver festa na cidade, mas não teria a mesma identidade. Estas — desde há muito e para sempre — são as festas «em honra» de Nossa Senhora dos Remédios.
3, Sendo festas com uma exuberante policromia de expressões, é Ela que polariza o palpitar dos nossos corações. Esta festa é mais bela porque toda ela decorre por causa d’Ela.
As festas começaram aqui, no alto, acabando por invadir de alegria toda a cidade. Mas as festas não são só da cidade. Elas são do país e de toda a humanidade. De facto, as festas já são (desde há muito) património de toda a humanidade. É na humanidade que está o Santuário. E é de toda a humanidade que ao Santuário acorrem — de diferentes destinos — milhares e milhares de peregrinos.
4. Mesmo nos dias mais invernosos, posso testemunhar o ar feliz de gente que vem de todo o país: do Minho ao Algarve, passando pelo Grande Porto, pela Grande Lisboa, pelo Alentejo, pela Madeira e pelos Açores. Mas também são muitos os que chegam da Europa, dos Estados Unidos, do Canadá, de Israel, de Angola, de Moçambique, do Brasil, da Argentina, da Colômbia, da Austrália, do Japão, das Filipinas e até da China.
Já aqui esteve um peregrino que disse ter nascido, em Buenos Aires, no mesmo bairro que o Papa Francisco. E lá já sabia da existência, em Lamego, de Nossa Senhora dos Remédios.
5. Alguém duvidará de que estamos perante um destacado — e entranhado — património da humanidade? Só falta estar formalmente declarado. A declaração pertence à UNESCO que, tendo aqui estado, entendeu não avançar com a candidatura.
Mas mais importante do que a declaração como património da humanidade não será a vivência de tão assombroso património oferecido a toda a humanidade?
6. Uma coisa é certa. Na Festa — e para lá da Festa —, em Lamego não há casa como esta. E esta casa é bela porque tem a Mãe dentro dela. Nossa Senhora dos Remédios está sempre aqui, à nossa espera. E são muitos os que, em romaria, A procuram em cada dia.
Importa, entretanto, perceber que aquilo que faz Maria feliz é fazer o que Seu Filho diz (cf. Jo 2, 5). E foi Seu Filho Jesus que, na última refeição que tomou com os discípulos, os convidou a fazerem o mesmo em Sua memória: «Fazei isto em memória de Mim» (1Cor 11, 25).
7. É por isso que, no Santuário, o lugar mais importante é o Altar com o Sacrário. E é pelo mesmo motivo que a romaria deve incluir sempre a participação na Eucaristia.
O que no olhar da Mãe mais acende o brilho é ver-nos voltados para o Seu Filho. Maria não quer ser adorada. Ela quer ajudar-nos — e ensinar-nos — a adorar a razão de ser da Sua — e da nossa — vida: Jesus.
8. Até José Saramago notou que nenhum de nós descansa enquanto não vencer esta «longa e alta escadaria». Só no colo da Mãe encontramos «a promessa da salvação, ou a esperança». No colo da Mãe, a salvação ilumina e a esperança reluz. No colo da Mãe, espera-nos sempre Jesus.
O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios é — com toda a propriedade — Património Mundial da Humanidade. Apesar de tal estatuto não estar declarado, basta olhar para a gente que para aqui vem de todo o lado.
9. Neste lugar, são muitas as peregrinações. E a nossa Mãe toca em todos os corações. Muitas lágrimas aqui são vertidas. São as confidências de tantas — e tão sofridas — vidas. Há dores que só junto da Mãe se partilham. E é perto d’Ela que as esperanças de cura cintilam. Nada disto se explica. Tudo isto — aqui — se sente.
Aqui estaremos em peregrinação durante a Novena. Aqui viremos, com grata vibração, para a Eucaristia na manhã do dia 8 de Setembro. E as nossas ruas percorreremos na majestosa procissão. Nossa Senhora dos Remédios é mesmo a nossa «Primeira — e mais bela — Dama». É Ela quem mais gente para aqui chama. Pelos degraus do Escadório e pelo Parque Florestal, não deixemos de celebrar a Mãe nesta época sem igual.
10. Mas não esqueçamos que, nos outros dias, Nossa Senhora também espera por nós. Visitemo-La e, no nosso coração, não deixemos de escutar a Sua voz.
Depois de a festa terminar, Ela, a Mãe, por todos nós continua a esperar. No Santuário, em cada dia, é sempre tempo de romaria. Que este seja um tempo de paz e união. E que, à volta da Mãe, vibremos de alegria no nosso coração!