O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Domingo, 30 de Setembro de 2018

Obrigado, Senhor, por não nos deixares sós.

Obrigado por estares sempre connosco, sempre em nós.

 

A Tua presença é a nossa vida,

a cor dos nossos sonhos,

o horizonte do nosso olhar.

 

Tu és família,

uma família de amor formada pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.

 

Que todas as famílias vivam esse amor.

Que o amor de todas essas famílias seja alimentado pelo Teu amor.

 

Que os problemas não vençam as famílias.

Que as famílias possam vencer os problemas.

 

Mas sem Ti nada se consegue.

ConTigo tudo se obtém,

tudo se alcança.

 

As famílias são um pequeno mundo.

Que o mundo possa ser uma grande família.

 

Que estejamos todos unidos.

Que sejamos sempre amigos.

Que sejamos sempre irmãos.

 

Que as famílias não sejam fonte de sofrimento.

Que as famílias sejam espaço de paz,

tolerância, concórdia e amor.

 

Que sejamos como as crianças:

simples, humildes e puras.

 

Que saibamos acolher as crianças,

os mais simples e os mais pequenos.

 

Que as crises nos deixem mais fortes.

Que não vacilemos no amor.

 

A eternidade é amor.

O amor é eterno.

 

Que saibamos alimentar o amor

com a Tua palavra e o Teu pão.

 

Obrigado, Senhor, por tanto.

Obrigado, Senhor, por tudo.

 

Mãe do amor formoso,

inspira os nossos corações,

lava o nosso espírito.

 

Faz projectar no mundo

a paz de Teu Filho,

a paz de JESUS!

publicado por Theosfera às 11:23

A. A Igreja não é um clube nem um partido

 

    1. É certo que a porta é estreita (cf. Mt 7, 14), mas não é verdade que esteja fechada. A porta da fé está sempre aberta (cf. Act 14, 27) e não só para alguns; a porta da fé está aberta para todos. Jesus é o caminho que nos conduz até essa porta e é a chave que nos permite abrir essa porta. É por isso que não podemos fechar o que Jesus abriu.
  1.  

    Jesus fundou uma Igreja, não fundou um clube ou um partido. A Sua casa não é só para alguns. Todos têm lugar na Igreja. As suas dimensões são as dimensões do universo. A Igreja não é para tudo, mas é para todos: é para todos os que queiram entrar.

     

    1. Neste Domingo, a Primeira Leitura ensina que o Espírito de Deus sopra onde quer — e sobre quem quer — não estando limitado por obstáculos de qualquer espécie: nem por interesses pessoais nem por privilégios de grupo. É por isso que o verdadeiro crente é aquele que, como Moisés, reconhece a presença de Deus nos gestos proféticos que vê acontecer à sua volta.

    No Evangelho, Jesus ajuda os discípulos a situarem-se no espírito do Reino. Nesse sentido, convida-os a constituírem uma comunidade que, sem arrogância, procure acolher e apoiar todos aqueles que trabalham em favor dos outros. Por sua vez, a Segunda Leitura incita os cristãos a não colocarem a sua confiança e a sua esperança nos bens materiais, pois são valores transitórios, incapazes de assegurar a vida plena para o homem.


     B. Largos, não obsesos

     

    1. Jesus quer curar-nos da «obesidade espiritual», que tantas vezes nos afecta. Ele quer que sejamos largos, mas não inchados. Jesus quer que sejamos largos em relação aos outros e não inchados pela acumulação de coisas em nós. A largueza de Jesus não nos faz pesados; pelo contrário, torna-nos leves, com uma leveza que nos faz ir ao encontro dos nossos irmãos.

    É por isso que Jesus insiste na necessidade de a comunidade cristã ser uma comunidade aberta, acolhedora, tolerante, capaz de aceitar como sinais de Deus o que de bom acontece neste mundo. Sim, porque neste mundo não acontece só (o) mal. Neste mundo, também acontece muito bem. O bem não é um exclusivo nosso; o bem é mais extenso — e muito mais intenso — do que pensamos. Aliás, por definição, o bem é, em si mesmo, difusivo: alastra, inunda e (saudavelmente) contagia.

     

    1. São João queixa-se de ter encontrado alguém a «expulsar demónios» em nome de Jesus, embora não pertencesse ao grupo dos discípulos (cf. Mc 9, 37). Para ele, isso era um abuso. Achava ele que Jesus era um exclusivo deles.

    Mas Jesus não se revê em tal sentimento e em semelhante atitude. A posição dos discípulos mostra arrogância, sectarismo, intransigência e intolerância. Pensavam eles que Jesus era (só) deles. No fundo, julgavam que quem quisesse seguir Jesus tinha de lhes pedir autorização.

     

    C. Não são os lábios que demonstram a nossa fé

    1. Onde há desejo de poder, há inevitavelmente desconfiança. Recorde-se que, pouco tempo antes, os próprios discípulos tinham estado a discutir entre eles sobre qual seria o maior e sobre quem iria ocupar os lugares mais importantes no Reino que, com Jesus, ia nascer (cf. Mc 9,33-37).

    Desta vez, eles estão ansiosos e aflitos, porque apareceu alguém de fora do grupo que pretendia actuar em nome de Jesus. Pensavam que esse alguém poderia, num futuro próximo, disputar-lhes os lugares importantes na estrutura do Reino.

     

    1. É bom que pensemos que, ainda hoje, pode subsistir esta visão sectária e estreita. Não falta quem dê a entender que o seu grupo ou o seu movimento é que está na verdade. Não falta quem pressione os outros, alegando que, fora deles, é só engano e perdição. Não falta até quem insinue que, longe deles, não é possível seguir Jesus. Julgam-se os puros, os eleitos, os únicos. Antes deles, estava tudo errado; fora deles, nada está certo.

    Jesus previne-nos e deixa o alerta. Não devemos impedir ninguém de fazer o bem. Onde está o bem, aí está Jesus. E, depois, não basta haver «cristãos de língua». Importante é que todos sejamos «cristãos de vida». É fácil ser «cristãos de língua». O fundamental é que sejamos «cristãos de vida». É pela vida — e não pela língua — que mostramos ser cristãos.


    D. «Cristificar» e não apenas «cristianizar»

     

    1. É bom que a mensagem de Jesus esteja nos nossos lábios, mas é (muito) melhor que a mensagem de Jesus nunca deixe de estar na nossa vida. E pode até suceder que haja «cristãos de vida» que não sejam sequer «cristãos de língua». Será legítimo afastá-los? Jesus diz claramente que «quem não é contra nós é a nosso favor» (Mc 9, 40). É fundamental que nos habituemos mais a construir pontes do que a erguer muros.

    Há, porém, um grande — um enorme — trabalho pela frente. Não basta que nos «cristianizemos»; é urgente que nos «cristifiquemos». Ser cristão não é apenas fazer parte do Cristianismo; ser cristão é, antes de mais e acima de tudo, pertencer a Cristo.

     

    1. Quem luta pela justiça e faz o bem está ao lado de Jesus ainda que, formalmente, não esteja dentro da estrutura da Igreja. E, às vezes, há momentos em que estar fora — e ajudar os que estão fora — é a melhor maneira de estar dentro. É que o mesmo Jesus, que está cá dentro, também está lá fora.

    Que não nos aconteça o que aconteceu à mulher da parábola de Antonhy de Mello. Era uma mulher tão piedosa que fazia questão de não só ir todos os dias à igreja como de ser a primeira a chegar à igreja. Um dia, em que acordou mais tarde, levantou-se a correr e a correr foi pelos caminhos da aldeia não olhando para ninguém. Sucedeu que, ao chegar à igreja, esta estava fechada. À porta, encontrava-se uma inscrição que dizia apenas isto: «Estou lá fora!»

     

     

    E. Jesus também está (lá) fora

     

    1. Sim, Jesus também está lá fora. É por isso que o fim da Missa é o começo da Missão. Quando a Missa termina, a Missão começa. Naqueles que vamos encontrando reencontramos o próprio Jesus. Afinal, também entramos quando saímos. As fronteiras da Igreja não são as paredes; é o universo.

    Acostumemo-nos a ir ao encontro de Jesus no sacrário e também na rua. Jesus está à nossa espera quando subimos as escadas da igreja e vem ao nosso encontro quando descemos a escadas que nos conduzem à rua.

     

    1. É neste mesmo sentido que Jesus dá indicações sobre as atitudes para com as pessoas. Nestes «ditos», são usadas imagens fortes e muito expressivas. O primeiro destes «ditos» é um aviso àqueles que «escandalizam» os «pequeninos» (cf. Mc 9, 42). Assim, os membros da igreja devem evitar toda e qualquer atitude que possa afastar alguém de Jesus e do caminho que Ele veio propor. O segundo «dito» de Jesus (cf. Mc 9, 43-48) refere-se ao imperativo de arrancar da própria vida todos os sentimentos que são incompatíveis com a opção por Cristo. Cortar a mão e o pé (que são os órgãos da acção) ou arrancar o olho (que é o órgão que dá entrada aos desejos) significa romper com o mal a partir da sua raiz.

    São as nossas opções que interferem no nosso destino, figurado na «Geena» (cf. Mc 9, 45-48). «Geena» vem do hebraico «Ge Hinnon» («vale do Hinnon». Refere-se a um vale situado a sudoeste de Jerusalém, onde eram enterrados os mortos e onde era queimado o lixo produzido pelos habitantes da cidade. Era visto, portanto, como um lugar maldito e impuro. Jesus usa a imagem deste vale para falar de uma vida perdida, frustrada, sem sentido. Quem não for capaz de cortar com o egoísmo e o orgulho autocondena-se a uma vida sem sentido. Só em Cristo é que nunca nos perderemos. Nunca nos perderemos quando nos perdemos em Cristo!

publicado por Theosfera às 05:18

Hoje, 30 de Setembro (26º Domingo do Tempo Comum), é dia de S. Sofrónio Aurélio Jerónimo, S. Conrado d'Ulbach, S. Frederico Albert e das mártires Sta. Sofia, Sta. Fé, Sta. Esperança e Sta. Caridade. Refira-se que faz também 121 anos de faleceu Sta. Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 29 de Setembro de 2018

Hoje, 29 de Setembro, é dia de S. Miguel, S. Gabriel, S. Rafael e S. Nicolau de Forca Palena.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2018

Hoje, 28 de Setembro, é dia de S. Venceslau, S. Lourenço Ruiz, S. Lourenço de Ripafarta e S. Simão de Rojas.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 27 de Setembro de 2018

Hoje, 27 de Setembro (Dia Mundial do Turismo), é dia de S. Vicente de Paulo, Sto. Adulfo e S. João (mártires) e S. Dermot O´Hurghen e seus Companheiros Mártires.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 26 de Setembro de 2018

Hoje, 26 de Setembro, é dia de S. Cosme, S. Damião, Sto. Eleázar, Sta, Delfina, S. Cipriano, Sta. Justina, Sta. Maria Vitória Teresa Courdec e S. Gaspar Stangassinger.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 25 de Setembro de 2018

Hoje, 25 de Setembro, é dia de S. Firmino, Sto. Hermano, S. João Baptista Mazzuconi e Sta. Josefa Vaal.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:31

Segunda-feira, 24 de Setembro de 2018

Hoje, 24 de Setembro, é dia de Nossa Senhora das Mercês, S. Constâncio, Sto. Andóquio, Sto. Tirso, S. Félix, Sta. Colomba Joana Gabriel e S. Vicente Maria Strambi.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 23 de Setembro de 2018

Obrigado, Senhor, pela Tua presença,

pela Tua Palavra

e pelo Teu Pão.

 

Obrigado por estares nos mais pequenos

e por nos convidares à simplicidade.

 

É na humildade dos simples

que nos esperas e interpelas.

 

Que nós sejamos como as crianças.

Que, como as crianças,

tenhamos um coração puro e manso.

 

Senhor, que nunca percamos a mansidão.

Que saibamos dar as mãos

e oferecer o nosso coração.

 

Com a Tua e nossa Mãe,

queremos aprender a caminhar

e a louvar-Te por quanto nos dás.

 

Que a nossa vida seja uma resposta

à Tua proposta de amor

e ao Teu projecto de Paz,

JESUS!

publicado por Theosfera às 11:18

A. Porquê não dar descanso (também) à língua?

  1. É coisa estranha, mas muito frequente. Temos muito cuidado com todo o nosso corpo, excepto com a nossa língua. Procuramos dar descanso ao nosso corpo, excepto à nossa língua. E nem sequer damos conta do mal que causamos com o abuso — e o mau uso — da língua. Daí vêm tantos mal-entendidos e tantas discórdias, desordens e acções perversas (cf. Tgo 3, 16).

São Tiago exorta-nos a ter cautela com a língua (cf. Tgo 3,1-12). De seguida, refere-se à necessidade de os crentes rejeitarem a «sabedoria do mundo» e de acolherem a «sabedoria que vem do alto» (cf. Tgo 3,13-18). Finalmente, apresenta a origem das discórdias que envenenam a vida das comunidades cristãs (cf. Tgo 4,1-10).

 

  1. O objectivo de São Tiago é purificar a existência cristã para que não se percam os valores que dimanam do Evangelho. Assim, na primeira parte do texto (cf. Tgo 3,16-18), adverte os crentes para que vivam de acordo com a «sabedoria de Deus».

A «sabedoria do mundo» gera inveja, contendas, falsidade (cf. Tgo 3,14), rivalidades, desordem e toda a espécie de más acções (cf. Tgo 3,16). Acaba por destruir a vida da própria pessoa e por impedir a comunhão entre os irmãos. Trata-se de uma «sabedoria» incompatível com as exigências do seguimento de Cristo. Mas não será que, muitas vezes, nos deixamos envolver por esta suposta «sabedoria»? Não será que, muitas vezes, nos consideramos «sábios» quando enganamos os outros? Não será que, muitas vezes, reduzimos a sabedoria à arte de enganar, à astúcia e à esperteza?

 

B. O que denunciamos lá fora também se verifica cá dentro

 

3. Pelo contrário, a «sabedoria de Deus» é «pura, pacífica, compreensiva e generosa, cheia de misericórdia e boas obras, imparcial e sem hipocrisia» (Tgo 3,17).

Estão aqui enunciadas sete «qualidades» da «sabedoria». Tendo em conta que o número sete significa «perfeição» e «plenitude», São Tiago está a propor aos seus destinatários um caminho de perfeição, de realização total, de vida plena. O corolário desta sabedoria é a justiça e a paz. Sem justiça não há paz e sem paz não há justiça. A justiça e a paz são filhas uma da outra. São Tiago proclama que «a justiça é um fruto produzido na paz» (Tgo 3, 18). E o Concílio Vaticano II assegura que «a paz é obra da justiça».

 

  1. Em contraponto, São Tiago analisa as causas dos conflitos e discórdias que infectam a vida de muitas comunidades cristãs. No fundo, tudo resulta do facto de os cristãos nem sempre incorporarem a proposta de Jesus Cristo. Em vez de fazerem da sua vida um acto de amor pelos irmãos, há cristãos que ainda vivem entricheirados no seu egoísmo e no seu orgulho. E, deste modo, não só não fazem o bem como ainda fazem o mal.

Muitas vezes, as nossas comunidades, as nossas organizações e os nossos movimentos pouco se distinguem das outras instituições. Afinal, o que denunciamos lá fora também poderia ser denunciado cá dentro. Também dentro da Igreja, há facções, ataques, insinuações, agressões ao bom nome e à boa fama, etc..

 

C. Há quem não suporte o bem

 

5. Todas estas más «paixões» (Tgo 4, 1) corrompem a vida comunitária, despejando nela lutas, invejas, rivalidades, ciúmes e muito mais. Onde está a diferença em relação ao mundo?

Até a nossa oração é afectada. São Tiago increpa os cristãos: «Pedis mal porque o que pedis é para satisfazer as vossas paixões» (Tgo 4, 3). Como é que esta oração poderá ser escutada por Deus? Devemos pedir que se faça a vontade de Deus e não que se satisfaçam as nossas más «paixões». Uma coisa é certa: os pedidos egoístas não são nunca escutados por Deus.

 

  1. Não falta, na verdade, quem deseje o mal dos outros, quem se alegre com o mal dos outros. Os «ímpios» de que fala o Livro da Sabedoria são aqueles que levam uma vida de corrupção e imoralidade. São aqueles que, por causa disso, não suportam a conduta recta dos que são fiéis à Lei de Deus. Só a existência de alguém justo já é um incómodo. Daí a ameaça: «Armemos ciladas ao justo, porque nos incomoda» (Sab 2, 12).

Há quem não suporte o bem. Há quem faça mal até àquele que só faz o bem. Enfim, há quem não suporte ser incomodado. E, nessa medida, há quem não olhe a meios para destruir os que incomodam. A vida dos «justos» é um constante incómodo por causa da sua rectidão. Então gera-se a perseguição. Quando não há argumentos, abundam os insultos, as insinuações.

 

D. Também há «fumos» sem (qualquer) «fogo»

 

7. Infelizmente, há quem dê mais crédito às calúnias sem fundamento do que à vida limpa de tantas pessoas. O mal parece ter um «auditório» muito maior que o bem. A mentira parece bem mais «popular» que a verdade. O problema é que, ao contrário do se diz, há muitos «fumos» sem «fogo». Muitas vezes, o «fogo» anunciado por pretensos «fumos» só arde na cabeça — e nos lábios — de quem insinua, de quem difama, de quem calunia.

Há quem seja mais mais crédulo em relação à menor mentira do que em relação à maior verdade. É muito doloroso ser injustiçado. Como proceder? Será que a vida dos «justos» está, irremediavelmente, condenada ao fracasso? O importante não é o julgamento dos homens, mas o juízo de Deus. E Deus nunca abandona os que pelos homens são abandonados e espezinhados.

 

  1. Aliás, foi pelos homens que o próprio Jesus foi condenado e morto. Jesus tem plena consciência de que a Sua conduta iria conduzi-Lo à morte (cf. Mc 9, 31). Mas apõe logo uma ressalva: «Depois de morto, ressuscitará» (Mc 9, 31). Ou seja, a morte é certa, mas a vitória sobre a morte está assegurada.

Deus desfaz — e refaz — o que, muitas vezes, os homens fazem. Deus corrige muitos dos nossos juízos e altera muitos dos nossos actos. É por isso que Jesus Se mostra sereno até diante da paixão e da morte. Importante, para Jesus, é que a vontade do Pai Se cumpra.

 

E. Não abandonemos os abandonados

 

9. Entretanto, os discípulos mantêm um estranho silêncio diante deste anúncio da paixão. São Marcos explica que eles não entendem a linguagem de Jesus tendo medo de O interrogar (cf. Mc 9, 32). Jesus é muito claro, mas o espírito dos Seus discípulos ainda está muito obscurecido. Em vez de se preocuparem com o seguimento do Mestre, discutem entre eles sobre qual seria «o maior» (cf. Mc 9, 34).

Ainda não tinham entendido nada acerca de Jesus. Será que, dois mil anos depois, já entendemos? Será que já entendemos que, para Jesus, verdadeiramente grande é aquele que se faz pequeno? «Quem quiser ser o primeiro há-de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35)

 

  1. Jesus deita por terra qualquer pretensão de poder. Ele olha para baixo, para quem está em baixo: para os simples, para os pequenos. Por isso, pega numa criança e ensina: «Quem acolher em Meu nome uma criança como esta acolhe-Me a Mim» (Mc 9, 37).

Jesus sempre Se identificou com os mais pequenos (cf. Mt 25, 40). É essa a nossa opção se quisermos efectivamente seguir Jesus: tomar partido pelos mais pequenos. Jesus não dá lugar a dúvidas. Quem quiser segui-Lo deve estar ao lado dos pequenos, dos pobres, dos marginalizados, daqueles que o mundo rejeita. É nos mais rejeitados que Jesus está mais presente. O que fizermos a eles é o que faremos a Ele!

publicado por Theosfera às 05:00

Hoje, 23 de Setembro (25º Domingo do Tempo Comum), é dia de S. Lino, Sta. Tecla, S. Constâncio, S. Pio de Pietrelcina e Mártires Mexicanos.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:10

Sábado, 22 de Setembro de 2018

Hoje, 22 de Setembro, é dia de S. Félix IV, Sta. Catarina de Génova, S. Maurício e Sto. Exupério e seus Companheiros mártires.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 21 de Setembro de 2018

Hoje, 21 de Setembro, é dia de S. Mateus e S. Castor.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 20 de Setembro de 2018

Hoje, 20 de Setembro, é dia de Sto. André Kim Taegon, S. Paulo Chong Hassan e seus Companheiros mártires, Sto. Eustáquio e Sta. Teopista, e S. José María Yarres Pales.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 19 de Setembro de 2018

Hoje, 19 de Setembro, é dia de S. Januário, Sto. Afonso de Orozco, Sta. Emília Rodat e S. Francisco Maria de Comporosso.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 18 de Setembro de 2018

Hoje, 18 de Setembro, é dia de S. José de Cupertino e S. João Masías.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 17 de Setembro de 2018

Hoje, 17 de Setembro, é dia de S. Roberto Belarmino, Sta. Hildegarda, Sto. Alberto de Jerusalém e Impressão das Chagas de S. Francisco.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 16 de Setembro de 2018

Obrigado, Senhor,

pela largueza do Teu coração.

 

Na Tua Casa, ao pé de Ti,

há lugar para todos.

 

Na Tua Casa, ao pé de Ti,

não há preferidos nem preteridos.

 

Todos têm um lugar,

todos são tratados pelo nome,

todos são acolhidos com delicadeza e alegria.

 

Junto de Ti, Senhor,

é sempre festa,

é sempre alegria, contentamento e paz.

 

Porquê, então, Senhor,

a inveja e o ciúme,

o ressentimento e o rancor?

 

Porque é que queremos tudo para nós?

Porque é que fazemos da Igreja um clube onde só alguns parecem ter lugar?

 

Que o nosso coração seja como o Teu

e como o de Tua (e nossa) Mãe.

 

Que no nosso coração,

haja lugar para todos,

especialmente para os pobres e os que sofrem.

 

Que na nossa língua só haja amor,

que no nosso olhar só haja paz,

que na nossa alma só haja esperança.

 

Que aquilo que celebramos cá dentro, no templo,

possa ser vivido lá fora, no tempo.

 

Nós já sabemos que podemos contar conTigo

hoje, amanhã e sempre,

JESUS!

publicado por Theosfera às 10:44

A. Fechar os lábios para abrir os ouvidos

  1. Diz o profeta que o Senhor Deus lhe abriu os ouvidos (cf. Is 50, 5). Deixemos nós também que o Senhor Deus nos abra os ouvidos. Nenhum coração se abre quando os ouvidos estão fechados. O certo é que, para nosso mal, os ouvidos do nosso coração permanecem teimosamente fechados.

Acontece que nem nos apercebemos de que, para ter os ouvidos abertos, temos de dar algum descanso à nossa língua. Há momentos em que a boca tem de estar fechada para que os ouvidos se mantenham abertos. De facto, como consegue escutar quem não pára de falar? A rotina é tão envolvente que, por vezes, nem na Casa de Deus mostramos disponibilidade para ouvir Deus. Até na Casa de Deus a boca continua aberta. Até na Casa de Deus os ouvidos parecem continuar fechados!

 

  1. Se os nossos ouvidos se deixarem abrir, escutaremos que, para Deus, não basta a fé. No fundo, o que Deus nos diz, pela boca de São Tiago, é que a fé não é fé se for apenas fé. A fé sem obras é morta (cf. Tgo 2, 17). Algum de nós quer deixar morrer a fé? A fé, como notou São Paulo, entra pelos ouvidos (cf. Rom 10, 17), expressa-se pelos lábios e é alimentada pela vida.

Uma fé que não chegue ao chão da vida desfalece. Uma fé que não aterre na terra da existência desmorona-se. A fé, por natureza, é invasiva, é saudavelmente intrometida.

 

B. A fé será eloquente se não for apenas loquaz

 

3. Os lábios manifestam a fé. Mas o que expressa a fé é a vida, são as acções que praticamos na vida. O acto de fé constitui, por isso, o maior certificado da linguagem da fé. Se a fé não se expressa em actos, então é porque falsamente se expressa nos lábios. Daí que já Santo António tenha avisado: «Cessem as palavras e falem as obras. De palavras estamos cheios, de obras vazios».

As palavras só têm sentido quando são sufragadas pelas obras. As palavras de fé só merecem aceitação quando são apoiadas por obras que nascem da fé.

 

  1. A palavra da vida é muito mais eloquente do que a palavra dos lábios. Não precisamos de uma fé palavrosa nem basta uma fé loquaz. Do que necessitamos é de uma fé eloquente. E a fé só será eloquente quando a vida mostrar o que os lábios indicam. Não chega alegar que temos fé. Poderá haver quem apresente obras, ainda que não alardeie vistosas proclamações de fé. É possível que alguém nos diga: «Mostra-me a tua fé sem obras que eu, pelas obras, te mostrarei a minha fé» (Tgo 2, 18).

As obras são o melhor discurso da fé. As obras são o mais belo ornamento da fé. Não nos esqueçamos: Deus, um dia, não nos perguntará pela fé que dissemos, mas pela fé que vivemos.

 

C. A fé tem de ser amorosa

 

5. A vivência da fé tem o nome de amor e o sobrenome de caridade. A caridade é o ápice do amor. A caridade é o amor maior, o amor sem limites, nem fronteiras, nem condições. A caridade é o amor para todos, é o amor para sempre.

É por isso que Hans Urs von Balthasar entendia que «só o amor é digno de fé». E se o amor é digno de fé, a fé tem de ser sempre digna do amor. O amor é fidedigno e a fé tem de ser sempre amorosa. Se falta a fé, o amor não cresce. Se falta o amor, a fé desaparece.

 

  1. São Paulo foi muito claro quando proclamou que a fé actua pela caridade (cf. Gál 5, 6). E São Tiago oferece um exemplo muito concreto. Se a alguém faltar roupa ou alimento, não basta dizer: «Vai em paz, aquece-te e alimenta-te» (Tgo 2, 15-16). Mas aquecer com quê e comer o quê? Se não partilharmos o necessário, de que servem as nossas palavras? (cf. Tgo 2, 16).

O mundo não cresce com os que (apenas) falam; só cresce com os que agem. O bem agir é mais importante que o bem falar. Mas, graças a Deus, ainda há tanta gente que sabe agir, há tanta gente que sabe falar, agindo. Ouçamos os que falam, mas habituemo-nos a imitar os que agem, os que bem agem. Por conseguinte, bem-haja a quem bem age!

 

D. Crismados por Cristo

 

7. Jesus é aquele que age, é aquele que sempre age, é aquele que bem age. Jesus é aquele que andou de lugar em lugar a fazer o bem (cf. Act 10, 38). É por isso que crer em Jesus implica procurar agir como Jesus. A profissão de fé não pode esgotar-se nos lábios. A profissão de fé tem de escorrer sempre pela vida, por cada momento da nossa vida.

A descoberta do Messias vem até nós pelos lábios de Pedro: «Tu és o Messias» (Mc 8, 29). Sobre Jesus, não basta repetir o que os outros dizem. Já naquele tempo, havia quem dissesse que Jesus era uma espécie de reencarnação de João Baptista, de Elias ou de algum profeta (cf. Mc 8, 28). Mas Jesus não é a mera continuidade do passado. Jesus é a transformação de toda a nossa vida. O futuro não é só o que vem depois. Há-de ser o que vem de novo.

 

  1. É preciso que cada um faça a experiência de Jesus. Como Jesus é o ungido do Pai, é necessário que cada um de nós seja ungido por Cristo. Cristo significa precisamente «ungido» O mesmo acontece, aliás, com a palavra «crisma». Deste modo, ser crismado é ser cristificado, é tornar-se um com Cristo. E crismados somos, desde logo, no Baptismo. Pelo que crismados nos devemos mostrar em cada dia da nossa vida, em cada gesto do nosso existir.

Para que não subsistam dúvidas, Jesus esclarece Pedro sobre o que implica ser Messias, ser ungido, ser Cristo. A missão de Jesus só pode ser entendida à luz da Cruz, isto é, como dom da vida aos homens, por amor. Dizer que Jesus é o Messias — ou Cristo — significa dizer que Ele é o libertador esperado, para libertar o seu Povo e para lhe oferecer a salvação definitiva.

 

E. A Cruz não traz facilidade, mas conduz à felicidade

 

9. A resposta de Pedro está certa. No entanto, podiam subsistir alguns equívocos, dado que o título de Messias estava conotado com expectativas políticas. Por isso, os discípulos são impedidos de falar d’Ele. Antes de falar, era preciso aprender a conhecer bem Jesus.

Jesus não é semeador de ilusões. Ele alimenta a esperança, não alimenta dúvidas. A missão de Jesus passa pela Cruz e a missão de quem O quiser seguir também terá de passar pela Cruz. «Se alguém quiser seguir-Me, negue-se a si mesmo; pegue na sua cruz e siga-Me» (Mc 8, 34).

 

  1. Não se pode seguir Jesus em «part-time». Seguir Jesus tem de ser sempre em «full-time», a tempo inteiro. É preciso, portanto, que cada um deixe tudo, a começar por si mesmo. Não tenhamos medo de dizer «não» a nós mesmos. E não tenhamos receio de dizer «sim» a Cristo em nós mesmos. O egoísmo não é compatível com o seguimento de Cristo. Jesus é muito claro: «Quem quiser salvar a própria vida, há-de perdê-la; mas quem perder a vida por causa de Mim e do Evangelho, há-de salvá-la» (Mc 8, 35).

Fugir da Cruz seria fugir de Cristo. A Cruz não traz facilidade, mas conduz-nos até à felicidade. Não caiamos na tentação de Pedro, que gostaria de ter um Cristo sem Cruz. Façamos, antes, como, mais tarde, fez Pedro, que abraçou a Cruz de Cristo. A Cruz não foge de nós, mesmo que nós queiramos fugir da Cruz. Quem abraça a Cruz com amor tem sempre encontro marcado com o Senhor!

publicado por Theosfera às 05:40

Hoje, 16 de Setembro (24º Domingo do Tempo Comum), é dia de S. Cornélio e S. Cipriano.

Um santo e abençoado dia para todos!

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Sábado, 15 de Setembro de 2018

Hoje, 15 de Setembro, é dia de Nossa Senhora das Dores, S. Rolando e S. Paulo Manna.

Um santo e abençoado dia para todos!

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Sexta-feira, 14 de Setembro de 2018

Hoje, 14 de Setembro, é dia da Exaltação da Sta. Cruz e de S. Materno.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 13 de Setembro de 2018

Hoje, 13 de Setembro, é dia de S. João Crisóstomo, Sto. Amado e Sta. Maria de Jesús López de Rivas.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 12 de Setembro de 2018

Hoje, 12 de Setembro, é dia do Santíssimo Nome de Maria, Sto. Apolinário Franco, S. Tomás de Zumárraga e seus Companheiros mártires, Sta. Maria Vitória Forláni e Sta. Maria de Jesus.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 11 de Setembro de 2018

Hoje, 11 de Setembro, é dia de S. Jacinto, S. Proto e S. João Gabriel Perboyre.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 10 de Setembro de 2018

Hoje, 10 de Setembro, é dia de S. Nicolau de Tolentino, S. Francisco Gárate e Sta. Pulquéria.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 09:54

Domingo, 09 de Setembro de 2018

Senhor Jesus, ajuda-me no meu trabalho.

Sê o meu Mestre e a minha Luz.

Eu dou o meu esforço,

dá-me a Tua inspiração.

Ajuda-me a estar atento e a ser concentrado.

 

Não Te peço para ser o melhor,

só Te peço que me ajudes a dar o meu melhor,

a trabalhar todos os dias.

 

Que eu não queira competir com ninguém

e que esteja disponível para ajudar os que mais precisam.

Que eu seja humilde, que nunca me envaideça,

que nunca me deslumbre no êxito,

nem me deixe abater na adversidade.

 

Que eu nunca desista.

Que eu acredite sempre.

Que eu aprenda a ciência e a técnica,

mas que não esqueça que o mais importante é a bondade, a solidariedade e o amor.

Que eu seja sempre uma pessoa de bem.

 

Ilumina, Senhor, o meu entendimento

e transforma o meu coração.

Dá-me um entendimento para compreender o mundo

e um coração capaz de amar os que nele vivem,

JESUS!

publicado por Theosfera às 11:00

 A. Deus não quer preferências entre pessoas

  1. É fundamental ser ouvinte da Palavra. Mas não basta. A Palavra de Deus não se dirige apenas aos nossos ouvidos, mas a toda a nossa vida. A Palavra de Deus entra pelos nossos ouvidos para transformar toda a nossa vida.

São Tiago avisa-nos para que não nos limitemos a ouvir (cf. Tgo 1, 23). É preciso cumprir, pôr em prática. E o mesmo S. Tiago faz-nos, hoje, uma advertência, que tantas vezes escutamos, mas tão poucas vezes pomos em prática.

 

  1. Para São Tiago, não é lícito alimentar preferências por certas pessoas em detrimento de outras (cf. Tgo 2, 1). Na Igreja não pode haver preferidos nem preteridos. Deus não quer que, em Seu nome, se faça distinção entre pessoas. Ninguém pode ser especialmente tratado, todos devem ser igualmente respeitados.

A Segunda Leitura deste Domingo tipifica uma situação em que falhamos frequentemente. «Pode acontecer que, na vossa assembleia, entre um homem bem vestido e com anéis de ouro e entre também algum pobre e mal vestido. Talvez olheis para o homem bem vestido e lhe digais: “Tu, senta-te aqui, em bom lugar”, e ao pobre digais: “Tu, fica aí de pé”, ou então: “Senta-te a meus pés”. Porventura não estareis a fazer distinções entre vós?» (Tgo 2, 3-4).

 

B. Se houve preferências, que seja pelos simples

 

3. Não é mau que os bem-vestidos sejam estimados. Mas é muito mau quando os mal-vestidos são desprezados. Só que, infelizmente, é o que, muitas vezes, se vê. Olhamos para as aparências e valorizamos o aparato. Damos mais atenção à roupa do que à dignidade. Arranjamos os melhores lugares para os grandes e não mostramos o menor apreço pelos pequenos, pelos simples, pelos pobres.

Tudo isto mostra que não falhamos só na cortesia. Tudo isto mostra que, antes de mais, estamos a falhar na vivência do Evangelho. São Tiago pergunta: «Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que Ele prometeu àqueles que O amam?» (Tgo 2, 5).

 

  1. Se alguma preferência houver, que seja para os pequenos, para os simples, para os humildes, para os sofredores. Os preteridos do mundo hão-de ser os preferidos dos cristãos. Mas será isso o que se vê? Tantas são as atenções que damos aos poderosos e tão gritante é a falta de atenção que damos às vítimas dos poderosos!

Sejamos respeitadores para com as autoridades. Mas respeitemos sempre os humildes. Quem está em cima tem muitas compensações. Já os que estão em baixo não costumam ser reconhecidos. Quem reconhece o trabalho e a dedicação das pessoas simples?

 

C. Ânimo para os desanimados

 

5. Jesus veio corrigir todas as assimetrias. Jesus veio engrandecer o que é pequeno. Jesus veio trazer para cima o que está em baixo. Por isso é que Ele era apreciado pelos humildes e incompreendido pelos poderosos. Será que nós, seguidores de Jesus, procuramos dar continuidade às Suas opções? A Igreja de Jesus é para todos, mas é sobretudo para os humildes. A Igreja é para que todos nos tornemos humildes.

Acabemos, pois, com as disputas por lugares e protagonismos. Para a Casa de Deus, ninguém pode ser especialmente convidado, todos devem ser igualmente bem-vindos. E se alguma distinção fizermos, que seja para aqueles que, habitualmente, são mais esquecidos. São esses os que mais precisam de um alento, de uma atenção, de um estímulo.

 

  1. É sobretudo para os mais simples que, hoje, ressoa uma palavra de conforto. A Primeira Leitura insere uma palavra de ânimo da parte de Deus para o Seu povo, que estava paralisado pelo desespero. No meio da provação, Deus anuncia a proximidade da libertação: «Tende coragem. Não vos assusteis» (Is 35, 4).

Eis o que Deus nos diz sempre, eis o que Deus nos diz a todos. Tenhamos coragem, não nos assustemos. Porquê? Porque Deus está connosco (cf. Is 35, 4). O Seu Filho é o Deus-connosco, o Deus para nós, o Deus em nós. Hoje, Deus continua a estar connosco na Palavra, no Pão e na Missão junto de cada Irmão.

 

D. Deus possibilita o próprio impossível

 

7. Deus torna possível o próprio impossível: «Os olhos do cego hão-de abrir-se, os ouvidos dos surdos serão abertos. O coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria. As águas brotarão no deserto e as torrentes na aridez da planície; a terra seca converter-se-á num lago e a terra sequiosa tornar-se-á uma nascente de água» (Is 35, 5-7).

Acreditar é esperar o próprio impossível. Jesus é a certeza de que o impossível pode tornar-se possível. Em Jesus, até o surdo ouve e o mudo fala.

 

  1. Neste Domingo, acompanhamos Jesus numa viagem pela Fenícia, passando pelos territórios de Tiro e de Sídon, cidades do actual Líbano (cf. Mc 7,24). No regresso dessa viagem, Jesus teria andado pelo território da Decápole (cf. Mc 7,31). A propósito, convirá dizer que a Decápole era uma liga de dez cidades, que se formou depois da conquista da Palestina pelos romanos, no ano 63 a.C..

É nesse contexto geográfico e humano que ocorre o episódio da cura do surdo-mudo. As pessoas que trouxeram o surdo-mudo suplicaram a Jesus «que impusesse as mãos sobre ele» (Mc 7, 32). Tudo é novo quando nos deixamos tocar por Jesus.

 

E. Só Jesus deixa ouvir, só Jesus faz ver

 

9. Notemos que o surdo-mudo é alguém que tem dificuldade em dialogar, em comunicar, em relacionar-se. Acresce que estamos num meio que olha para as doenças físicas como consequência do pecado, pelo que o surdo-mudo é um «impuro», um pecador e um maldito.

É o encontro com Jesus que transforma totalmente a vida desse surdo-mudo. Jesus abre-lhe os ouvidos e solta-lhe a língua (cf. Mc 7, 35), tornando-o capaz de comunicar, de escutar, de falar, de partilhar, de entrar em comunhão. Tudo é novo neste homem a partir do encontro com Jesus. Em Jesus cumpre-se o que Isaías anunciara: os ouvidos soltam-se e os olhos abrem-se (cf. Is 35, 4-6). É Jesus que nos permite ouvir. É Jesus quem nos faz ver.

 

  1. O papel da comunidade é muito importante. Reparemos num pormenor. Não foi o surdo-mudo que se apresentou a Jesus, foi alguém que o apresentou a Jesus (cf. Mc 7, 32). É preciso trazer os outros até Jesus e é fundamental levar Jesus até aos outros. A Igreja existe como sinal da predilecção de Deus pelos que mais sofrem neste mundo. Jesus mete os dedos nos ouvidos deste homem, faz saliva e toca a sua língua (cf. Mc 7, 33). Tocar com o dedo significa transmitir poder e colocar saliva significa oferecer a própria energia vital. Equivale ao sopro de Deus que transformou o barro do primeiro homem num ser dotado de vida divina (cf. Gén 2,7).

Entretanto, Jesus diz «effathá», isto é, «abre-te». Trata-se de um convite ao homem para que se abra à relação com Deus e com os irmãos. Este é o verdadeiro milagre: a renovação da vida. Daí o espanto de todos. De facto, tudo o que Jesus faz é admirável (cf. Mc 7, 37). Faz que os surdos oiçam e que os mudos falem (cf. Mc 7, 37). Não hesitemos em pedir a Jesus que nos cure. Ele é a cura e o curador. Só em Jesus conseguiremos ouvir. Só em Jesus seremos capazes de ver!

publicado por Theosfera às 05:05

Hoje, 09 de Setembro (23º Domingo do Tempo Comum), é dia de S. Pedro Claver, S. Tiago Laval e Sta. Serafina.

Um santo e abençoado dia para todos!

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Sábado, 08 de Setembro de 2018

Hoje, 08 de Setembro, é dia do Natal de Nossa Senhora (em Lamego, Nossa Senhora dos Remédios) e S. Frederico Ozanam.

Um santo e abençoado dia para todos!

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Sexta-feira, 07 de Setembro de 2018
  1. Está a chegar ao fim a nossa Novena. Lá do alto, a nossa Mãe a todos acena. O Seu olhar tem ainda mais brilho quando Se enleva diante do Seu Filho. Depois de aqui «novenar», o nosso compromisso com Cristo não pode parar. Para junto d’Ela viemos na certeza de que com Ela sempre aprendemos.

Nunca nos esqueçamos, então, de centrar a nossa vida na missão. Assim sendo, em cada dia, acreditemos como Maria. Em cada dia, rezemos como Maria. Em cada dia, cantemos como Maria. Em cada dia, esvaziemo-nos como Maria. Em cada dia, fiquemos junto à Cruz como Maria. Em cada dia, sirvamos como Maria. E, em cada dia — é o tema deste último dia —, sigamos Jesus como Maria.

 

  1. Se repararmos, encontramos aqui um programa para cada dia da semana. Sete temas para sete dias. No fundo, são sete temas para cada dia porque cada um deles está implicado nos outros e pressupõe os outros. Na escola de Maria, encontramos o melhor guia. D’Ela nos vem a luz para sempre seguirmos os passos de Jesus.

Por conseguinte, quando daqui sairmos, tenhamos presente o que aqui ouvimos. Foi a Mãe que nos ofereceu o que Ela própria viveu. Não nos esqueçamos, dia após dia, de acreditar como Maria, de rezar como Maria, de cantar como Maria, de nos esvaziarmos como Maria, de ficar junto à Cruz como Maria, de servir como Maria, de seguir Jesus como Maria.

 

  1. Seguir Jesus é o corolário de todo o programa de vida cristã. Não se pode ser cristão sem seguir Cristo. Aliás, meditando bem no Evangelho o serviço e o seguimento estão intimamente unidos e mutuamente implicados. Servir e seguir; servir é seguir, seguir é servir. Só servimos os outros quando seguimos Jesus Cristo; e só seguimos Jesus Cristo quando nos dispomos a servir os outros. Foi este o exemplo do próprio Jesus, foi este o testemunho da Mãe de Jesus.

É vital compreender que, em Maria, a condição de Mãe está indelevelmente ligada à condição de discípula. Maria é Mãe de Jesus e discípula de Jesus. Ela segue sempre Jesus. Ela ensina-nos a seguir sempre Jesus.

 

  1. Tal como Maria, somos chamados a seguir sempre Jesus. É deste modo que nos tornamos membros da Sua família. Para Jesus, o que conta é o seguimento, não os laços de sangue. Faz parte da Sua família não quem nasceu entre os seus familiares, mas quem escuta e põe em prática a Palavra de Deus (cf. Mt 12, 50). À família de Jesus pertencemos não por consanguinidade, mas por fidelidade.

Daí que, mesmo que não pareça, Jesus faz um grande elogio à Sua Mãe quando pergunta e responde: «Quem é Minha Mãe e quem são Meus irmãos? Quem faz a vontade de Meu Pai que está nos Céus, esse é que é Meu irmão, Minha irmã e Minha Mãe» (Mt 12, 49-50). Ninguém como Maria foi tão longe nesta preocupação. Ninguém como Ela guardou a Palavra no Seu coração. Ninguém como Ela cumpriu a Palavra em cada instante da Sua terrena peregrinação.

 

  1. Ao contrário do que se possa pensar, Jesus não questiona a pertença familiar. Faz até questão de a ampliar. Santo Agostinho comenta esta passagem do seguinte modo: «Não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que pela fé acreditou, pela fé concebeu, que foi escolhida para que d’Ela nascesse a salvação para todos os homens, que foi criada por Cristo antes que Cristo fosse criado no Seu seio?»

Maria — prossegue o Bispo de Hipona — «fez a vontade do Pai e cumpriu-a inteiramente. E, por isso, para Maria, é mais importante ter sido discípula de Cristo do que ser Mãe de Cristo. Maria era feliz porque, antes de dar à luz o Filho, trouxe no ventre o Mestre».

 

  1. Desde o princípio, Maria esteve sempre com Jesus. Maria nunca deixou Jesus. Mesmo que fisicamente nem sempre estivesse presente, a Sua presença é algo que sempre se sente. De Belém até à Cruz, Maria viveu sempre para Jesus. Ser discípulo é isto: acompanhar sempre Jesus Cristo. É isso o que falta, é isso o que urge. Não podemos seguir Cristo em «part-time». Seguir Jesus Cristo só pode ser em «full-time». Só a tempo inteiro é que o seguimento de Cristo é verdadeiro.

Daí que Maria seja o paradigma do discípulo incondicional. Maria está sempre e em tudo. Não aparece só nas horas triunfais. Pelo contrário, é nas horas de dor que Ela aparece mais. Sempre discreta, a Sua presença é sempre certa,

 

  1. É sintomático que os textos sagrados, que mencionam a presença de Maria na Cruz, omitam qualquer referência a Maria na Ressurreição. É um dos maiores enigmas que atravessa a curiosidade dos cristãos. Será que Jesus ressuscitado não apareceu a Sua Mãe? Até São Paulo, que se mostra tão pormenorizado a este respeito (chegando a referir a aparição de Jesus a 500 pessoas de uma só vez), não oferece qualquer indicação (cf. 1Cor 15, 3-8).

Não obstante, a tradição sempre acreditou que o Ressuscitado a Sua Mãe visitou. E até alega que foi à Sua Mãe bendita que Jesus Ressuscitado fez a primeira visita. Mas, como sempre foi recatada, Maria não procurou que essa visita ficasse registada. E o certo é que um autor do século V, chamado Sedúlio, afirma que Jesus, após a Ressurreição, mostrou-Se, antes de mais, à Sua Mãe. Isso pode inclusive ajudar a explicar porque é que Maria não vai ao sepulcro. Foi o que, a 21 de Maio de 1997, São João Paulo II alvitrou. Para o Santo Padre, «a ausência de Maria do grupo das mulheres que se dirige ao sepulcro pode constituir um indício de Ela já Se ter encontrado com Jesus».

 

  1. Nossa Senhora é, pois, a perfeita seguidora. Ela seguiu Jesus a partir do Seu coração. É aqui, portanto, que encontramos a grande lição. Deixemos que Jesus tome conta do nosso interior. É a partir de dentro que Ele Se torna Nosso Senhor. Não se pense que, para Maria, foi fácil ser discípula. A Sua fé também passou pela provação e pela dor. Mas tudo isso Ela superou com a entrega do Seu amor.

Maria desponta, por isso, como modelo de uma Igreja sempre nova; de uma Igreja que não tem medo de, na vida, estar à prova. Não tenhamos receio das adversidades. Também elas estão cheias de possibilidades. Ser discípulo não é uma opção superficial; na nossa existência, ela é a escolha total. Maria mostra-nos sempre isto: ser discípulo é ir até ao fim por Jesus Cristo.

 

  1. Maria apresenta-nos, assim, o perfil de uma Igreja plenamente «ex-cêntrica». Com Maria, a Igreja há-de aprender a centrar-se apenas — e sempre — em Jesus Cristo e no Evangelho de Jesus Cristo. Não esqueçamos que, muitas vezes, o maior problema da Igreja é centrar-se demais nos seus problemas. Os problemas da Igrejas são vencidos quando por Cristo somos totalmente envolvidos. De uma vez para sempre temos de perceber que, para nós, viver tem de ser «cristoviver».

Foi isso o que em Maria aconteceu. Para Jesus Cristo Ela sempre viveu. A nossa vida só fará sentido se o nosso ser por Cristo for possuído. Não ficamos diminuídos quando por Cristo nos damos. Somos muito mais felizes quando a Ele nos entregamos. Depender de Cristo não é humilhação; depender de Cristo é o caminho para a plena libertação.

 

  1. Nossa Senhora dos Remédios, ensina-nos a ser discípulos do Teu Menino. Que Ele seja sempre a nossa luz e o nosso único destino. Ajuda-nos a despir-nos de tanta coisa fútil. Faz-nos perceber que só n’Ele a nossa vida se torna útil. Seguir Jesus conTigo é maravilhoso. Nada há de mais gozoso.

Agora que a Novena está a chegar ao fim, intensifica em nós o «sim». Que ao Teu Filho digamos «sim». E que na Igreja o nosso «sim» sempre esteja. Que nós compreendamos que nada há mais belo do que Teu Filho seguir. E do que, em Seu nome, a humanidade servir. Obrigado, Mãe, por estares sempre à nossa beira. Acompanha estes Teus filhos, pela vida inteira. Estamos quase a acabar de «novenar». Mas, para junto de Ti, Mãe, haveremos sempre de voltar!

publicado por Theosfera às 08:00

Hoje, 07 de Setembro (9º Dia da Nossa Senhora dos Remédios), é dia de S. Vicente de Santo António e S. Clodoaldo.

Um santo e abençoado dia para todos.

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Quinta-feira, 06 de Setembro de 2018

Hoje, 06 de Setembro (8º Dia da Novena de Nossa Senhora dos Remédios), é dia de Sto. Eleutério e S. Magno.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 05 de Setembro de 2018
  1. No reino das palavras, também há acentuações e omissões, também preferências e discriminações. Há palavras que se dizem mais e palavras que se ouvem menos. Há palavras que se repetem quase sempre e palavras que escutamos quase nunca.

Uma vez que, como Jesus notou, «a boca fala da abundância do coração» (Mt 12, 24), a presença e a ausência das palavras acaba por mostrar o que mais nos move e comove, o que mais nos enche e preenche. O que se sente por dentro corresponde habitualmente ao que se diz para fora. Deste modo, quando uma palavra é muito repetida, é sinal de que interfere bastante na nossa vida.

 

  1. Hoje em dia, salta à vista — e aos ouvidos — que conjugamos muito, com os lábios e com a vida, os verbos «mandar», «impor» e «possuir». Acresce que estes verbos envolvem não apenas os que os «conjugam», mas também aqueles sobre os quais eles são «conjugados». É que quem «manda», «manda» sobre alguém. Quem «impõe», «impõe-se» contra alguém. E, muitas vezes, quem «possui», «possui» à custa de alguém.

Quando é que aprenderemos com Jesus — e com Maria — a conjugar mais os verbos «servir», «amar», «dar» e «entregar»? Jesus apresenta-Se no mundo como aquele que serve (cf. Lc 22, 27). E Maria, Sua Mãe, fez sempre questão de assumir que veio ao mundo para servir (cf. Lc 1, 38).

 

  1. Ao enviado de Deus, Maria declara-Se como Serva: «Eis a serva do Senhor» (Lc 1, 39). A Senhora identifica-Se como Serva do Senhor. Mais, Ela é considerada Senhora porque Se assume como Serva. O Seu senhorio está no Seu serviço. Se estivesse à frente de uma comunidade, Nossa Senhora não Se apresentaria como Superiora, mas como Servidora.

Eis o que faz Maria feliz: querer o que Deus quis. O Seu serviço começa logo neste compromisso. O segredo da santidade assenta nesta humildade. A santidade de Maria consistiu em deixar que Deus tomasse conta d’Ela. É isto que a torna bela.

 

  1. Neste dia sétimo do nosso itinerário, uma nova proposta nos é feita aqui, no Santuário. Em cada dia, sirvamos como Maria. É para servir que no mundo devemos agir. Só quem quiser servir tem legitimidade para intervir. Quem não viver para servir servirá para viver? O serviço tem de estar no centro de cada dia, como esteve sempre no centro de Maria.

Acontece que ainda temos muito para aprender. É certo que até prestamos bastantes serviços. Falta, porém, sentirmo-nos servos e servidores. Frequentemente quando servimos, servimos a partir de cima. Trabalhamos para as pessoas, mas nem sempre damos a devida atenção às pessoas. Temos a tentação de nos colocar por cima em vez de caminhar ao lado. No fundo, ainda não temos uma grande cultura da fraternidade.

 

  1. Maria sente-Se como «a Serva do Senhor» (Lc 1, 38) e bendiz a Deus por ter reparado na «humildade da Sua Serva» (Lc 1, 48). Enquanto Serva do Senhor, Maria dispõe-Se a ser Serva das pessoas. É, pois, como Serva que Maria Se apressa a visitar Isabel (cf. Lc 1, 39-40) e a prestar-lhe serviço. Não foi, portanto, uma mera visita de cortesia a visita que a Isabel fez Maria (cf. Lc 1, 36).

A visita de Maria foi uma visita serviçal. Com Isabel permanece três meses (cf. Lc 1, 39.56), em dedicação total. A Mãe do Senhor que Se faz servo começa cedo a antecipar o Seu serviço. Até no Seu ser Serva Maria antecipa-Se como discípula de Jesus. A Serva imita, por antecipação, o Servo que está no Seu coração. A maior dádiva que Maria tem para fazer é o Seu Filho ao mundo oferecer. Quando vai ter com Isabel, Maria já leva Jesus. É Jesus que Maria oferece quando o Seu serviço acontece.

 

  1. Como filhos de Maria, deve ser para servir que nos levantamos em cada dia. É para aprender a servir que aqui vimos, é para a todos servir que daqui saímos. Os cristãos existem para servir, a Igreja só existe para servir. Como Jesus, que veio «para servir»(Mt 20, 28), também a Igreja, novo corpo de Cristo, está no mundo para servir. É fundamental que, com Jesus e Maria, cada um de nós aprenda a servir, nunca a servir-se. Infelizmente, há uma tentação muito grande em servir-se dos outros em vez de servir os outros.

Não é por acaso — nada é por acaso — que o Concílio Vaticano II usa o verbo «servir» cerca de 20 vezes e emprega o vocábulo «serviço» 34 vezes. No passado, no presente e no futuro, a Igreja só tem uma finalidade: servir a Deus e os outros. Foi o que Jesus e Sua Mãe fizeram. E como Eles fizeram, façamos vós também (cf. Jo 13, 15).

 

  1. A primeira atitude de serviço é, sem dúvida, a atenção. Estejamos, pois, atentos. É que, às vezes, até quando servimos os outros, corremos o risco de estar muito centrados em nós. Até quando servimos os outros, corremos o risco de olhar para eles através de nós. O serviço é belo quando é despojado. Despojemo-nos, então, de nós e estejamos mais atentos aos outros.

Servir é também — e antes de mais — escutar, acolher, acompanhar. O melhor presente é sempre o presente da presença. Como hoje conseguimos fazer muita coisa à distância — basta um clique —, há o perigo de estarmos pouco presentes na vida das pessoas. O tempo já é muito curto; não o encurtemos mais quando estamos com Deus e com as pessoas.

 

  1. O primeiro — e melhor — serviço que podemos prestar é às pessoas Deus levar. Mesmo que as pessoas não o digam, é de Deus que mais precisam. Levemos, então, Deus a quem por nós passar para que a vida de tanta gente se possa transfigurar. Levemos Deus em forma de palavra, mas também em forma de testemunho, em forma de gesto, em forma de doação, em forma de reconciliação.

Junto de todos estejamos à disposição e com todos procuremos uma atitude de conciliação. E não sirvamos apenas aqueles que nos chamam. A todos mostremos como Jesus e Sua Mãe os amam. O mundo só mudará quando o serviço do poder der lugar ao poder do serviço.

 

  1. Nunca nos coloquemos acima de ninguém. Afinal, cada ser humano é nosso irmão também. Caminhemos ao seu lado para que ninguém fique abandonado. Para Jesus, os primeiros não são os que mandam, mas os que servem. É do Mestre a recomendação: «Quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se servo de todos» (Mc 10, 43). Não é, pois, em «bicos de pés» que te mostras melhor do que és. Pelo contrário, é no serviço humilde e oblativo que mostraremos que, em nós, o Evangelho está vivo.

A Igreja dos começos era conhecida pelo serviço mútuo entre os seus membros (cf. Mc 10, 43-44). O «vede como eles [os cristãos] se amam», de que fala Tertuliano, fez mais pela difusão do Evangelho do que muitos tratados e sermões. Os dirigentes das comunidades cristãs ainda hoje são designados «ministros», palavra que remete imediatamente para a ideia de serviço. É que, na raiz de «ministro» está «minus», ou seja, o menor, o mais pequeno. Era neste preciso sentido que Santo Agostinho desejava que os pastores falassem «como ministros e não como mestres»!

 

  1. Temos muito que aprender e ainda muito mais para viver. Não nos esqueçamos, então: em cada dia, sirvamos como Maria. A nossa Mãe é, toda Ela, uma «escola de serviço» e doação. Perto d’Ela, estamos perto de cada irmão. Façamos os nossos pedidos a Maria, valendo-nos da Sua poderosa intercessão. Mas, acima de tudo, ponhamo-nos ao serviço da missão.

Nossa Senhora dos Remédios, que tão bem servistes Maria e José, avivai a nossa fé. Ajudai-nos a perceber que só servindo tem sentido viver. Desamarrai-nos do nosso eu e enxertai-nos no Evangelho que Jesus nos deu. Que servir seja sempre a nossa alegria como foi a Tua, querida Mãe, Maria!

publicado por Theosfera às 08:00

Hoje, 05 de Setembro (7º Dia da Novena de Nossa Senhora dos Remédios), é dia de Sta. Teresa de Calcutá, S. Bertino e S. Vitorino.

Um santo e abençoado dia para todos.

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 04 de Setembro de 2018
  1. Pela sexta vez este ano, continuamos a «novenar» para, com Maria, o nosso bom Deus louvar. E com Maria queremos aprender a procurar o Evangelho viver. Junto de Maria estamos mais perto de Jesus e, nessa medida, não estamos longe da Cruz. Maria ensina que não se pode seguir Jesus sem pegar na Cruz. Por isso, se alguém O quiser seguir, pelo caminho da Cruz não pode deixar de ir. Todos os dias na Cruz tem de pegar quem perto de Jesus quiser estar (cf. Mt 16, 24).

Quem um Cristo sem Cruz quiser encontrar uma Cruz sem Cristo pode achar. O Cristianismo, ao ser a religião de Cristo Jesus, é também a religião da Cruz. Para à Ressurreição chegar, pela Cruz é preciso passar. Mas também é verdade que quem a Cruz abraçar à plenitude da vida acabará sempre por chegar.

 

  1. Assim sendo, em cada dia, fiquemos junto à Cruz como Maria. Quando quase todos se afastaram, Maria foi das poucas pessoas que não se retiraram. Estar perto de Jesus é também estar perto da Cruz. No Evangelho segundo São João, Maria sobressai como aquela que «está». Ela «está» quando Jesus realiza o primeiro dos Seus milagres, em Caná (cf. Jo 2, 1). E «está» quando consuma a entrega da Sua vida, na Cruz (cf. Jo 19, 25).

Hoje em dia, faz falta disponibilidade para «estar». Hoje em dia, andamos muito e corremos bastante, mas raramente «estamos». Curiosamente, queixamo-nos quando procuramos os outros e os outros não «estão». Mas será que nós também temos preocupação de «estar»?

 

  1. Hoje em dia, passamos muito pelas pessoas e trabalhamos bastante para as pessoas. Mas será que procuramos «estar» com as pessoas? Hoje em dia, corremos até o risco de passar muito pelo próprio Deus e de «estar» muito pouco com Deus. Quando passamos pelo Santuário, que tempo «estamos» com Jesus no Sacrário? Por vezes, até a romaria parece uma correria. Precisamos, então, de reaprender a «arte» de parar, para não desaprendermos a «arte» de escutar e a (nobilíssima) «arte» de estar.

Dizia o teofilósofo Xavier Zubiri que «estar é ser em sentido forte». É talvez por isso que, em algumas línguas, o mesmo verbo significa «ser» e «estar». Só quando estamos, sentimos que somos verdadeiramente, autenticamente, fundamente. Só quando estamos com os outros, sabemos quem são os outros. E só quando estamos em nós, conseguimos saber quem somos nós. Será que sabemos quem somos? Será que nos conhecemos a nós mesmos? Talvez precisemos de «estar» mais em nós, na certeza de que, quanto mais estivermos nos outros e em Deus, tanto mais estaremos em nós.

 

  1. Por muito que o nosso coração lamente, a Cruz na nossa vida está presente. A Cruz não ficou em Jerusalém, ela permanece em nós também. Mas não está connosco como um adorno para no peito trazer. A Cruz permanece em nós para nos ensinar a viver. A Cruz nunca é ornamento; para nós, ela é uma escola de despojamento.

Na Cruz, aprendemos a sair do nosso «eu» e a oferecer aos outros o que Deus nos deu. A Cruz é a maior «vacina» contra o egoísmo que, tantas vezes, nos atrai para o abismo.

 

  1. O Crucificado continua ao nosso lado. Ele está à nossa beira, acompanhando-nos a vida inteira. O Crucificado está no Altar, onde nunca cessa de por nós Se entregar. O Crucificado está no hospital, compartilhando a nossa condição sofredora e mortal. O Crucificado também está na prisão, esperando tantas vezes um aperto de mão. O Crucificado espera-nos igualmente na rua, tentando abanar a nossa indiferença crua. Mas Ele também pode estar em casa, completamente abandonado, sem que ninguém cuide de saber como tem passado.

Há muitos Crucificados de quem ninguém se abeira. São tantos que têm a solidão como única companheira. Acompanhemos a Cruz dos que estão sós. Levemos-lhes os nossos ouvidos para acolher a sua voz. Perto dos que estão sós, fazemos companhia a quem deu a vida por nós. Jesus está aqui dentro, mas também está lá fora, em tanto coração que na solidão chora.

 

  1. É curioso — e profundamente sintomático — que a presença de Maria junto à Cruz na literatura e na música tem despertado incomparáveis momentos de luz. Tão belas são as composições que comovem os nossos corações. «Stabat mater»! Quem não se sente tocado pela forma como Palestrina, Pergolesi, Scarlatti, Vivaldi, Haydn, Rossini, Schubert, Liszt, Verdi e tantos outros pegaram neste tema?

Até um acontecimento tão triste consegue inspirar o que de mais belo existe. Junto à Cruz do Seu Filho, a Mãe não perde nenhum do Seu brilho. Mesmo com o coração despedaçado, Ela faz-nos haurir o que de mais belo pode surgir. Como bem percebeu o «nosso» Antero de Quental, em Maria nem a tristeza Lhe retira beleza. Nem à Sua beleza triste o nosso coração resiste.

 

  1. Os artistas têm mostrado perceber que a Cruz de Jesus Maria fez doer. A «espada de dor», anunciada por Simeão (cf. Lc 2, 35), entrou em cheio no Seu coração. Também hoje, Maria está junto à Cruz. Ela mantém-Se junto à Cruz de Jesus que está em cada irmão, em cada sofredor, em cada injustiçado, em cada oprimido pela dor.

Em cada dia, façamos como Maria. Tornemo-nos visitadores de quantos carregam tantas dores. Jesus está aí, como está aqui. E esteja Jesus onde estiver, a Sua Mãe convida-nos a que façamos o que Ele disser (cf. Jo 2, 5).

 

  1. Acompanhemos, então, Maria na hora da provação. E não abandonemos nenhum nosso irmão. Não esqueçamos que, no pobre e no doente, é o próprio Jesus que está à nossa frente (cf. Mt 25, 40). Não apareçamos só nas horas de alegria. Nas horas de dor, façamos também companhia. Não provoquemos feridas em ninguém; limpemos todas as feridas que surgirem em alguém.

Não precisamos de muito falar; importante é aprender a estar. Falar com a vida é mais eloquente que falar (apenas) com os lábios. Um sorriso e um abraço, em determinados momentos, podem valer mais do que muitos medicamentos.

 

  1. Maria junto à Cruz ensina-nos a vivermos descentrados de nós. Ela abre o que, muitas vezes, está mais fechado: as portas do nosso coração, as portas da nossa alma, as portas da nossa vida. Estejamos na vida com o coração aberto; não com calculismos, interesses e ambições desmedidas.

Nossa Senhora dos Remédios, que tendes a porta da Vossa casa aberta, mantende a nossa fé desperta. Não deixeis adormecer o amor por quem está a sofrer. Ajudai-nos a com amor olhar para quem, perto ou longe, a dor não consegue suportar.

 

  1. Foi junto à Cruz que recebemos Maria como Mãe. É na nossa Cruz que mais sentimos Maria como Mãe (cf. Jo 19, 27). Quanto a nossa voz erguer-se possa, não nos cansemos de louvar a Mãe nossa. Esta Mãe, nunca A perdemos. Esta Mãe, sempre A teremos. Sorvamos o amor que escorre do Seu peito e levemo-lo a quem, enfermo, jaz no leito.

Perto ou longe, não deixemos ninguém sozinho. A todos levemos uma palavra de carinho. A festa mais bela que se pode fazer é visitar quem está a sofrer. Não só nesta altura — mas também nesta altura — espalhemos esperança no meio desta vida dura. Nossa Senhora dos Remédios, a Ti fazemos chegar a nossa voz. Ajudai-nos a tornar menos pesada a Cruz de tantos que estão sós!

publicado por Theosfera às 08:00

Hoje, 04 de Setembro (6º Dia da Novena de Nossa Senhora dos Remédios), é dia de Nossa Senhora da Consolação, S. Moisés, Sta. Rosa de Viterbo, Sta. Rosália e Sta. Maria de Santa Cecília Romana.

Um santo e abençoado dia para todos!

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Segunda-feira, 03 de Setembro de 2018
  1. Estamos num tempo em que fazemos muitas caminhadas. É um exercício muito saudável que faz bem ao corpo e à mente. Como os antigos já percebiam, a mente estará sã se o corpo estiver são. Com essas caminhadas, pretendemos perder peso. Nesta grande caminhada que é a vida, também deveríamos perder peso. Ainda estamos muito pesados. Ainda temos quilos a mais: não só no nosso corpo, mas também na nossa alma.

Afinal, estamos muito cheios: não apenas cheios de comida, mas cheios de nós. O egoísmo é muito pesado e, por isso, muito cansativo. A «fadiga de ser eu», de fala o sociólogo Alain Erhenberg, impede-nos de acolher a vida em toda a sua leveza e em toda a sua beleza.

 

  1. A vida está saturada de «tanto eu, tanto eu, tanto eu». Parece que só o «eu» conta, parece que só o «eu» vale, parece que só o «eu» interessa. O problema é que só nos cansamos do «eu» dos outros, não cuidando sequer de saber se os outros não estarão também cansados do nosso «eu». Quando os homens se centram no seu «eu», deixam de se sentir irmãos para passarem a sentir-se rivais, adversários e competidores.

Embora formalmente vivamos em democracia, é altamente provável que estejamos mergulhados na mais danosa das ditaduras: a ditadura do «eu». Acresce que, neste caso, estamos submetidos a muitas ditaduras: às ditaduras de muitos «eus». Cada um, além de senhor de si, julga-se senhor de todos os outros.

 

  1. Não há dúvida de que, nos tempos que correm, a mais pesada autocracia é a «egocracia». Obscurecidos os ideais e esgotadas as ideologias, resta a afirmação do «eu»: sobre os outros e — o que é mais grave — contra os outros. Enquanto o egoísmo é cada um viver em função de si mesmo, a «egocracia» é pretender que os outros vivam em função de nós próprios.

A revolução individualista entra, assim, numa segunda — e mais ameaçadora — fase. O problema já não é cada um estar voltado para si, mas exigir que os outros se submetam a si. Não é verdade que os direitos dos mais influentes, dos mais poderosos e dos mais ricos redundam em perda de direitos dos mais frágeis, dos mais desprotegidos e dos mais pobres? Enfim, temos dificuldade em coexistir. Já só saberemos colidir?

 

  1. Acontece que esta tendência advém de uma perigosa doença: a doença do «eu» como única medida de tudo e único critério para todos. No fundo, a «egocracia» é uma derivação da «egopatia». A patologia do egocentrismo desmesurado não tem uma cura fácil porque o seu diagnóstico dificilmente é aceite. Quem admite que sofre de «egopatia»? Quem está, pois, disponível para recorrer à terapia que lhe permita vencer a sua «egopatia»?

Não percebemos que a «egopatia» provoca «cegueira». O egoísmo não nos deixa ver para lá de nós. Achamos que só nós vemos, que só nós sabemos, que só nós podemos decidir e impor. Quem tem consciência de que precisa de perder «quilos» — quiçá, «toneladas» — de egoísmo?

 

  1. Se calhar, tem de nos acontecer como aconteceu a São Paulo. Diz o Livro dos Actos dos Apóstolos que, quando ele ia a caminho de Damasco e ouviu a voz de Cristo, «caiu por terra» (cf. Act 9, 3-4). Repare-se que não se diz que São Paulo tenha caído de algum cavalo, como muitos — e célebres — quadros mostram. Até é provável que ele fosse a cavalo, mas o texto não o menciona. Como nada acontece por acaso, podemos concluir que Paulo não caiu do cavalo, mas de si. Paulo caiu de si para se reerguer em Cristo.

Para renascer em Cristo, Paulo teve de cair de si. Não caiu em si, não ficou ensimesmado, em si. Paulo caiu de si para se libertar de si, do seu «eu». Nessa queda, Paulo perdeu muitos «quilos» de egoísmo que trazia consigo.

 

  1. Os santos também começaram por fazer esta «dieta». Todos eles perderam «quilos» de egoísmo no seu caminho de santificação. Era por isso que consideravam bom o que, à partida, os prejudicava. Porque, dessa maneira, como que anulavam o seu «eu» para renascerem no «eu» de Cristo. De facto, os santos compreenderam que, para vencer a «egopatia», são necessárias muitas doses de «vitamina C», de «vitamina Cristo».

É por isso que os santos, que tantas honras recebem depois da morte, aceitaram receber contínuas humilhações durante a vida. Foi assim que se especializaram na «arte» de deixar de viver centrados em si, para passarem a viver completamente centrados em Cristo. As humilhações levavam-nos a «desamarrar-se» de si mesmos. Para os santos, só Cristo contava. Eles como que se eclipsavam para que apenas Cristo reluzisse (cf. Jo 3. 30).

 

  1. A esta luz, não espanta que os santos chegassem a ficar seriamente incomodados com os elogios. Santo António Maria Claret até defendia que «os elogios dos homens atraem a condenação de Deus». Santo Hilarião golpeava o peito com os punhos e insultava o seu corpo dizendo: «Burro! Não te alimentarei com cevada, mas com palha; esgotar-te-ei de fome e sede». Em conformidade com isto, limitava-se a ingerir algumas ervas e cinco figos por dia.

São José de Cupertino costumava apresentar-se como…«Frei Burro». Só que a graça divina concedeu-lhe muita sabedoria. E o Santo Cura d’Ars, após uma reprovação, ouviu estas palavras do Reitor do Seminário: «Olha que os professores não te consideram apto para a ordenação sacerdotal. Alguns consideram-te mesmo “burro”. Como resolver esta situação?». Só que a resposta do santo mostrou que, afinal, ele era muito sábio: «Senhor Reitor, Sansão venceu mil filisteus com a queixada de um burro (cf. Jz 15, 15). Não acha que Deus pode fazer muito mais com um “burro” inteiro?»

 

  1. É claro que Deus não espera tanto de nós. Ele não exige que percamos tantos «quilos» de egoísmo. Mas é bom que percebamos que, apesar das restrições, de egoísmo ainda estamos muito cheios. A caminhada desta Novena — símbolo da caminhada da vida — pode ajudar-nos na «dieta» que temos de fazer. É fundamental que comecemos a «emagrecer», perdendo os «quilos» de egoísmo que temos a mais.

Assim sendo, em cada dia, esvaziemo-nos como Maria. Maria era «cheia de graça» (cf. Lc 1, 28) porque era vazia de si. Maria esvaziou-Se para Se encher: esvaziou-Se de Si para Se encher de Deus. Por isso é que, como referiu o teólogo von Balthasar, Maria Se tornou o «cálice do Verbo» e o primeiro «Sacrário da história».

 

  1. Este esvaziamento levou Maria a preencher-Se com Deus e com os irmãos. Descentrada de Si, Maria viveu plenamente centrada em Deus e nos irmãos. Daí que Ela tenha acolhido o plano de Deus a Seu respeito (cf. Lc 1, 38). Daí que, ao saber que Sua prima Isabel tinha engravidado, tenha ido logo visitá-la (cf. Lc 1, 39, 46). E daí também que, ao saber que nas bodas de Caná tinha faltado o vinho, tenha intercedido para que a situação se resolvesse (cf. Jo 2, 1-12).

Se Maria fosse «egocentrada», não teria aceitado ser Mãe naquelas condições. Se Maria só Se preocupasse conSigo, não teria ido, tão pressurosa, visitar Isabel. Se Maria não vivesse esvaziada de Si, não tomaria a iniciativa de ajudar os noivos de Caná quando lhes faltou o vinho. Abrindo-Se inteiramente à vontade de Deus, Maria tornou-Se completamente solícita às necessidades dos homens.

 

  1. Em cada dia, façamos então como Maria. Em cada dia, esvaziemo-nos como Maria. Como Maria, abramo-nos à vontade de Deus e às necessidades dos irmãos. Como Maria, envolvamo-nos numa efectiva — e afectiva — «pastoral da visitação». Há tantos que estão sós, mesmo aqui, ao pé de nós. Afastemo-nos do abismo para onde nos leva o egoísmo. Há muita gente consigo mesma deslumbrada que tem de ser urgentemente despertada.

Nossa Senhora dos Remédios, que tendes Jesus no Vosso regaço, envolvei-nos com o Vosso maternal abraço. Esvaziai-nos do nosso eu. Que nós aprendamos com o exemplo Teu. Que, em cada dia, nos alimentemos com a Eucaristia. Que o Teu «amor desegoízador» nos faça olhar para Teu Filho como único Senhor. Escuta, Mãe, a nossa voz e orienta para Cristo os passos de todos nós!

publicado por Theosfera às 08:00

Hoje, 03 de Setembro, é dia de S. Gregório Magno e S. Remáculo.

Um santo e abençoado dia para todos!

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Domingo, 02 de Setembro de 2018

Senhor Jesus,

Nós Te louvamos no começo deste dia

e no início de um tempo que, conTigo, queremos que seja novo.

 

Agradecemos o dom da vida

e pedimos-Te pela saúde, pela paz e pela justiça entre todos.

 

Agradecemos especialmente

o dom de Tua Mãe,

que nos deste como nossa Mãe também.

 

Ela é, para nós, a Senhora dos Remédios,

a senhora da Luz em tempos de escuridão,

a senhora da Esperança em tempos de desespero,

a senhora da Alegria em tempos de tristeza,

a senhora da Fé em tempos de descrença.

 

Adoramos, Senhor, a Tua presença eucarística

e louvamos-Te no Teu primeiro Sacrário que foi o ventre de Tua Mãe.

 

Acompanha-nos, Senhor, nesta manhã

e ajuda-nos a viver na Tua presença ao longo do resto do dia.

 

Que cada passo que dermos

possa ser uma irradiação do Teu amor e da Tua (infinita) paz!

publicado por Theosfera às 11:26

  1. Neste primeiro Domingo do mês, eis-nos aqui pela quarta vez. À volta de Maria continuamos a «novenar» para em Cristo a nossa fé alimentar. A Novena simboliza a vida como caminho no qual nenhum de nós está sozinho. A Novena é oração, recolhimento e confissão. A Novena torna-se, assim, oportunidade de conversão. É por isso que, para a Festa ser plena, é fundamental participar na Novena. A nossa Mãe e Padroeira (ou «Madroeira») conta com todos os filhos à Sua beira.

O Domingo é sempre um dia especial: é o dia em que celebramos a Páscoa semanal. Nunca é demais insistir: antes de a Páscoa anual surgir, já os cristãos em cada semana se costumavam reunir. Em cada Domingo, ao romper da aurora, saíam estrada fora. Em cada Domingo, a Igreja sempre celebrou a Ressurreição proclamando a Palavra e repartindo o Pão.

 

  1. Assim sendo, o Domingo é um dia de louvor para agradecer a Deus todo o Seu amor. Foi o dia em que ressuscitou Jesus Cristo. Alguma vez agradeceremos devidamente tudo isto? Para todos, este é, pois, um dia de alegria. Mas é-o especialmente para Maria. Esta e outras alegrias de Maria estão contidas no título de Nossa Senhora dos Prazeres. E o maior prazer que Maria experimentou foi, sem dúvida, quando Seu Filho ressuscitou. Ela, que na Cruz tanto sofreu, uma enorme felicidade depois viveu.

Daí que, até 1777, um dos dias anuais da Festa de Nossa Senhora dos Remédios fosse precisamente o dia de Nossa Senhora dos Prazeres que se assinalava na segunda-feira após o II Domingo da Páscoa, igualmente conhecido como «Domingo de Pascoela».

 

  1. O Domingo é, pois, um belo dia para louvar, para bendizer e sobretudo para cantar. Também neste particular, Maria é um modelo a imitar. Afinal, Nossa Senhora mostrou ser uma profunda — e bela — cantora. E o povo, que tão bem canta a Maria, é convidado a cantar sempre como Maria. A proposta é que, em cada dia, cantemos sempre como Maria.

O cântico que Maria entoou por todas as gerações perdurou. É um cântico centrado em Deus, como deviam ser todos os cânticos dos filhos Seus. Se (como notou Aristóteles) a música à vida dá encanto, a música para Deus faz-nos perceber ainda mais como Ele é belo, como Ele é santo.

 

  1. O cântico de Maria é conhecido pelo nome de «Magnificat». Trata-se da terceira pessoa do presente do indicativo do verbo latino «magnificare», que significa «fazer grande», «engrandecer». E, de facto, Maria «engrandece» — isto é, reconhece como «grande» — o que Deus fez na Sua vida. Este reconhecimento da grandeza do que Deus realizou inunda de alegria o coração de Maria. Por isso Ela louva o Senhor e exulta de alegria em Deus Salvador (cf. Lc 1, 46).

E qual foi a realização de Deus que fez «explodir» de alegria os lábios de Maria? Foi, antes de mais, o facto de o «Todo-Poderoso» com Maria Se mostrar tão generoso. Deus «pôs os olhos na humildade da Sua Serva» (cf. Lc 1, 48). Maria percebeu que Deus é perito em mudar a história, olhando para os humildes com ternura e misericórdia. Deus engrandece os que são pequenos e, muitas vezes, «empequenece» os (que se consideram) grandes. É, sem dúvida, extraordinário como Deus vê tudo ao contrário. Daí que Maria exulte, compondo este cântico «revolucionário».

 

  1. Não falta quem diga que estamos em presença do mais belo poema de todos os tempos. Sophia de Mello Breyner não teve dúvidas em apontar o «Magnificat» como «o mais belo poema que existe». Porquê? Basicamente, porque «anuncia um mundo novo».

Trata-se de um mundo que traz os de baixo para cima e os de cima para baixo. Trata-se de um mundo que coloca os que estão nas periferias no centro, colocando os que estão no centro nas periferias. Trata-se de um mundo que transforma os últimos em primeiros e os primeiros em últimos. Haverá «revolução» maior»? Haverá «revolução» igual?

 

  1. Maria canta as maravilhas que o «Todo-Poderoso» — que, na verdade, é «Todo-Amoroso» — realiza na Sua vida e na vida do mundo. É em nome do Seu poder amoroso — e do Seu amor poderoso — que Deus dispersa os soberbos, derruba os poderosos e deixa os ricos de mãos vazias (cf. Lc 1, 51-53). E é também esse poder amoroso — e esse amor poderoso — que fazem com que Deus exalte os humildes e encha de bens os que têm fome (cf. Lc 1, 52-53).

Deus quer operar esta «revolução» através de nós. E, como Maria percebeu, os que têm menos só podem ter mais se os que têm mais se dispuserem a ter menos. Estaremos dispostos a participar nesta divina «revolução»?

 

  1. É perfeitamente notório que este é o cântico de alguém encantado, de alguém completamente apaixonado. Em cada palavra que diz, vê-se bem que Maria está feliz. E, como reparou São João da Cruz, é perceptível como Maria está apaixonada por Deus. À semelhança de todos os apaixonados, também Maria canta, também Maria encanta.

Aliás, ao longo dos séculos foram muitas as vidas que este cântico mudou porque foram muitos os corações que este cântico encantou. Paul Claudel confessa que foi ao ouvir este cântico que se desencadeou a sua conversão. Ao entrar na igreja de Notre-Dame, quando o «Magnificat» era entoado, o seu coração comoveu-se «como nunca». A partir de então começou a «acreditar por dentro e com todas as forças»!

 

  1. Maria, mulher eminentemente contemplativa, mostra-se aqui uma mulher bastante comprometida. Salta à vista que Maria é saudavelmente inconformista. Sem qualquer hesitação, este cântico poderia ser classificado como sendo de intervenção. Maria a Deus dá glória pelas transformações que opera na história.

Daí que não falte quem qualifique o «Magnificat» de Maria como «um cântico de rebeldia». Ela mostra que Deus não é imparcial. Ela revela que Deus toma partido por aqueles que passam mal. Se Deus é diferente, algum de nós pode continuar indiferente?

 

  1. Para Maria, a fé é o mais importante, mas nunca como um tranquilizante. Para Maria, a fé tem como função despertar-nos e não anestesiar-nos. A paz da fé não é a paz da mera satisfação; a paz de Deus é a paz da permanente inquietação. Ninguém pode estar acomodado enquanto a justiça e a paz não chegarem e todo o lado.

Eis como nós devemos cantar: louvando a acção de Deus dispondo-nos a nela participar. O cântico dos lábios há-de ser a expressão do cântico da vida. Cantamos melhor com os lábios quando o cântico que chega aos lábios nasce da alma e se derrama na vida.

 

  1. Assim sendo, em cada dia, não nos cansemos de cantar como Maria. Coloquemos o cântico de Maria nos nossos lábios e, ainda mais, na nossa vida. Cantemos com a nossa voz e não paremos de cantar com quem está ao pé de nós. Façamos da nossa vida um cântico de louvor, um cântico de gratidão e também um cântico de compromisso com a vida do nosso irmão.

São belos os cânticos que aqui cantamos. São belos os cânticos que daqui levamos. Esses cânticos são para na nossa vida ressoar. Que Nossa Senhora dos Remédios transforme a nossa romaria numa formosa — e interminável — melodia!

publicado por Theosfera às 08:00

A. Há muito bem no mundo

 1. Tenho uma notícia muito boa para vós, neste Domingo. É que, ao contrário do que se diz, existe muito bem neste mundo. Eu sei que não parece. O bem é continuamente silenciado, mas isso não significa que esteja inactivo. O bem vai fazendo o seu caminho no interior das pessoas. O Apóstolo aponta-nos o caminho a seguir. Trata-se de acolher docilmente a Palavra de Deus (cf. Tgo 1, 21). É esta Palavra que fecunda a nossa vida como fecundou a vida fiel de Maria Santíssima. É preciso, pois, ouvir — e cumprir — a Palavra. Não basta escutá-la (cf. Tgo 1, 22). A Palavra não se dirige apenas aos nossos ouvidos. A Palavra quer invadir toda a nossa vida.

 

2. É São Tiago quem no-lo garante na Segunda Leitura da Eucaristia deste Domingo: «Tudo o que de bom nos é dado […] desce do Pai» (Tgo 1, 17). Assim sendo, salta à vista que o nosso problema é andarmos longe de Deus. Quem está com Deus está com o bem.

Faço-me, pois, portador desta bela notícia, em contracorrente com a publicidade que muitos fazem ao mal e à maldade. O mal existe e a maldade alastra. Mas nada podem contra o bem. É que — e esta é a segunda parte da notícia que hoje vos trago — o bem vem de Deus.

 

B. O que mais agrada a Deus

 

3.  Palavra não pode entrar por um ouvido para sair pelo outro. A Palavra que entra pelos ouvidos almeja transformar a nossa existência. É a isto que se chama conversão, mudança. Esta conversão e esta mudança traduzem-se em gestos concretos nos quais São Tiago tipifica a «religião pura e sem mancha» (Tgo 1, 17). De facto, o que mais agrada a Deus é «visitar os órfãos e as viúvas» e «conservar-se limpo de toda a corrupção do mundo» (Tgo 1, 27).

A vontade de Deus consiste, portanto, em fazer o bem ao nosso semelhante e em não cedermos à maldade que nos ameaça. É preciso perceber que nenhum bem vem do mal. Só o bem faz bem.

 

  1. No fundo, é esta a lei maior, a que todas as leis devem estar sujeitas. Jesus debate-Se com alguns dos Seus contemporâneos que eram muito ciosos das leis até nas suas minudências mais pormenorizadas. Jesus não é obviamente contra as leis. O que Jesus quer é que o cuidado com estas leis não impeça a atenção que é devida à lei maior: a lei do amor.

De facto, há leis que asfixiam a liberdade das pessoas e há leis que promovem a liberdade das pessoas. Há leis que sufocam e há leis que libertam. A fé não é uma asfixia da liberdade, mas um transbordamento de liberdade.

 

C. Quando o exterior distorce o interior

 

5. As leis são necessárias, mas a fé tem ir mais além da lei. Temos de ter em conta, sobretudo, os três m's em que Ele insistiu: no m da mensagem (Reino de Deus), no m do mandamento (amor a Deus e ao próximo) e no m da missão (levar o Evangelho a todo o mundo).

Os judeus estavam muito apegados às leis, mas pouco atentos à vida. O principal, para eles, eram os rituais exteriores. A aparência contava mais que a essência. Jesus não Se revê nesta conduta e lamenta: «Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim» (Mc 7, 6).

 

  1. Estamos numa época em que o aparato exterior quase não deixa ver o que se passa no interior. É claro que a vida é feita de interior e exterior. Mas o importante é que o exterior seja o espelho do interior. Infelizmente, nem sempre isso acontece. Muitas vezes, o exterior é uma negação do que ocorre no interior.

Cuidamos muito do exterior e parece que descuidamos completamente o interior. No tempo de Jesus, a preocupação parecia ser «a lavagem dos copos, dos jarros e das vasilhas de cobre» (Mc 7, 4). No nosso tempo, a prioridade parecem ser os foguetes, as músicas, as marchas e as diversões. Nada disto, em si mesmo, é mal. Mas tudo isto é pouco. Acresce que tudo isto é supostamente realizado em honra da Virgem Maria e dos Santos. Mas que preocupação existe em aprender efectivamente com o exemplo deixado pela Virgem Maria e pelos Santos?

 

Que lugar para Cristo nas festas cristãs?

 

7. Os nossos lábios não parecem andar muito longe de Deus. Mas será que o nosso coração está possuído por Deus? Que lugar há para Cristo em tantas festas que se dizem cristãs? Que lugar há para Maria e para os Santos nas romarias que lhes são dedicadas?

Às vezes, dá a impressão de que a Virgem Maria e os Santos são meros pretextos para a festa. Se eles fossem o verdadeiro motivo da festa, o centro da festa seria a Eucaristia. Foi, na verdade, a Eucaristia que fermentou no seio de Maria e transformou a vida dos Santos. Uma festa genuinamente cristã pensaria mais nos pobres e nos que sofrem. Uma festa genuinamente cristã seria, por isso, menos gastadora e mais solidária. Ainda temos muito a aprender, muito a crescer.

 

  1. Os antigos procuraram cristianizar algumas festas pagãs. Não deixemos que, hoje, se repaganizem as festas cristãs. Grande deve ser a festa de alguns dias. Maior há-de ser a festa de todos os dias. É certo que, por natureza, a festa pertence ao excepcional, ao que foge à rotina do quotidiano. Mas não seria apaixonante tornar excepcional o quotidiano?

Não façamos da festa uma ocasião para degradar a natureza humana, obra de Deus. Não afoguemos o nosso corpo em álcool. Não nos embriaguemos com vinho; embriaguemo-nos, sim, mas de fé, de esperança e de amor.

 

E. Abandonamos o interior do país e, ainda mais, o interior das pessoas

 

9. A festa não é para esquecer a vida, mas para nos reabastecer para a vida. A essência da festa está no encontro, no sorriso, no abraço. A festa será tanto mais bela, quanto mais nela nos abrirmos ao Deus da festa. Bela é a festa da conversão. Habitualmente, queixamo-nos ao ver o interior abandonado. Mas só lamentamos o abandono do interior do território. E que achamos do abandono do interior da pessoa? Não será que abandonamos, tantas vezes, o nosso interior e o interior dos outros?

Maria é, toda Ela, um acontecimento de interioridade. Foi no Seu interior que encarnou o Filho de Deus. O interior de Maria é o primeiro sacrário da história. É por isso que importa olhar para Maria e sobretudo olhar com Maria. O olhar de Maria não prende. Pelo contrário, com o olhar de Maria aprende-se: aprende-se a seguir Jesus.

 

  1. Jesus quer que nos transformemos a partir do fundo, a partir de dentro, a partir do nosso interior. Jesus também vem do interior de Deus até ao interior de cada um de nós. É por isso que Ele nos ensina a não nos preocuparmos prioritariamente com o nosso exterior: «Não há nada fora do homem que, ao entrar nele, o possa tornar impuro» (Mc 7, 18). Do interior do homem é que «saem os pensamentos perversos, as imoralidades, os roubos, os assassínios, os adultérios, a cobiça, as más acções, a má-fé, a devassidão, o orgulho e a loucura» (Mc 7, 21-22). Por conseguinte, é pelo interior que temos de começar a conversão. Que adianta um exterior bem apresentado se o interior permanece descuidado?

Jesus não quer só um culto externo. Jesus quer que a oração dos nossos lábios seja a expressão da oração da nossa vida. Rezemos com os lábios, sim. Mas nunca nos esqueçamos de rezar também com a nossa vida: com a nossa vida inteira, com a nossa vida lisa, com a nossa vida (sempre) limpa!

publicado por Theosfera às 04:27

Hoje, 02 de Setembro (22º Domingo do Tempo Comum e 4º Dia da Novena de Nossa Senhora dos Remédios), é dia de S. Luís José François, S. João Henrique Gruyer, S.Pedro Renato Rogue, S. Francisco Luís Hebert, S. Francisco Lefranc, S. Pedro Cláudio Pottier, S. Justo, S. Viator e S. João Beyzim.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 01 de Setembro de 2018

 

  1. Vamos, então, neste terceiro dia, voltar a aprender com Maria. Nesta manhã, em que de novo aqui estamos a «novenar», com Ela vamos aprender a rezar. É que, na Sua humildade e discrição, Maria desponta como mestra de oração. O objectivo é que, em cada dia, rezemos como Maria. É bom rezar, mas não é bom rezar de qualquer maneira. Aprendamos, por isso, com a nossa Mãe e «Madroeira». Que Ela nos ensine a bem rezar a vida inteira.

Como reconhece São Paulo, nem sempre sabemos rezar como convém (cf. Rom 8, 26). Com Maria, aprendamos pois a arte de rezar bem. É muito bom rezar. Mas é ainda mais belo saber rezar. Para aprender a rezar, precisamos de um guia. Haverá melhor guia que Maria?

 

  1. Se, como notou Hans Urs von Balthasar, «Maria governa escondidamente a Igreja», então Ela está em condições únicas de nos orientar na arte da oração. Desde logo, Maria ajuda-nos a criar um ambiente propício para a oração. E, nessa medida, faz-nos perceber a amplitude da oração. É que, por hábito, quando rezamos, temos a tendência que só exercitar uma parte da oração.

Não há dúvida de que rezar é falar com Deus. Mas isto não é a totalidade — nem a prioridade — da oração. Rezar é falar com Deus, mas é também — e antes de mais — deixar que Deus nos fale. É por isso que o espaço natural da oração é o silêncio. É por isso que a atitude predominante em Maria é o silêncio.

 

  1. O silêncio de Maria não significa recusa de comunicação. Pelo contrário, ele sinaliza uma total disponibilidade para a comunicação. Maria percebeu que, para haver comunicação, não basta mobilizar os lábios; é necessário mobilizar também os ouvidos. Para diálogo haver, a escuta tem de acontecer. Se só nos habituamos a falar, como poderemos pretender que os outros nos queiram escutar?

Maria é, sem dúvida, mulher da palavra: não só, porém, da palavra proferida, mas também (e acima de tudo) da palavra acolhida. Maria ensina-nos, assim, que a palavra, antes de chegar aos lábios, tem de fermentar na alma e brotar do coração. Era, aliás, no Seu coração que Maria tudo ouvia, tudo guardava e tudo recolhia (cf. Lc 2, 19).

 

  1. Com admirável maturidade, Maria compreendeu que o silêncio é muito diferente do mutismo. Estar em silêncio não é o mesmo que estar mudo. Como assinalou François Varillon, «o mutismo é um vazio de palavra, nascido de um vazio de alma; pelo contrário, o silêncio é o alimento da palavra». Maria assim entendeu e foi no meio do silêncio que a Palavra nasceu.

Não é por acaso que a Palavra feita carne (cf. Jo 1,14) veio ao mundo através do silêncio de Maria. Foi no silêncio que Maria concebeu e foi no silêncio que o Seu Filho nasceu. A Anunciação foi um acontecimento de interioridade. A palavra do Anjo foi ouvida porque em silêncio Maria estava recolhida. O Espírito que Maria fecundou no Seu silêncio acolhimento encontrou.

 

  1. Temos de reconhecer que, também na oração, ainda há muito para aprender. A nossa oração ainda é muito barulhenta, muito ruidosa e bastante palavrosa. Para a oração, costumamos vir abastecidos com muitas palavras e pouco disponíveis para acolher a Palavra. No fundo, trazemos muito de nós, pedimos muito para nós e queremos levar muito connosco. Não devia ser a oração uma oportunidade para sair de nós? Mas para isso acontecer a divina Palavra temos de acolher.

O que Maria mais nos ensina — e, desse modo, nos ilumina — é a pormo-nos inteiramente nas mãos de Deus. Não é mal pedir o que precisamos. Mas, antes de mais, é ao serviço de Deus que nos colocamos. Maria não pediu que Deus fizesse o que Ela pretendia. Maria dispôs-Se a fazer em Si o que Deus queria.

 

  1. «Faça-se em Mim segundo a Tua Palavra» (Lc 1, 38). Foi esta a grande oração de Maria. Assim possamos rezar nós em cada dia. Fazer a vontade do Senhor eis o que, no fundo, revela o nosso amor. Para Maria, a oração é sobretudo um exercício de disponibilidade e uma certificação de fidelidade. Não é para isso que estamos no mundo, isto é, para fazer a vontade de Deus?

É verdade que ainda temos um longo caminho a percorrer. Uma grande conversão dentro de nós tem de acontecer. Mas se as dificuldades são grandes, as possibilidades são infinitamente maiores. O Espírito que fecundou Maria também está dentro de nós, em cada dia. Habituemo-nos, pois, a escutar e a nossa vontade saibamos a Deus consagrar. Os nossos lábios assim o repetem: «Seja feita a Vossa vontade» (Mt 6, 10). Que a nossa vida assim o mostre e que a vontade divina sempre prevaleça.

 

  1. Quando na Casa de Deus entrarmos, pensemos que, antes de estarmos num monumento, encontramo-nos num templo. Por isso, antes de olharmos para as paredes, para os vitrais ou para os retábulos, recolhamo-nos em oração. Fechemos os olhos e deixemo-nos visitar por Aquele que aqui habita. Este lugar até tem o nome de «Santuário», que quer dizer «lugar santo». Respiremos, pois, aqui a santidade de Deus. Não nos dispersemos com conversas e distracções. Em Deus centremos os nossos corações.

Fechemos os olhos e tentemos respirar o silêncio. Procuremos escutar Aquele que nos fala sem falar. De facto, Deus até no silêncio fala. Como notavelmente percebeu São João da Cruz, Deus proferiu apenas uma palavra e proferiu-a em silêncio. A palavra que Deus proferiu — e continua a proferir — em silêncio é o Seu Filho (cf. Jo 1, 1). Foi esta Palavra que Se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1, 14). Foi esta Palavra que, de Belém a Jerusalém — da manjedoura até à Cruz — nos mostrou quem é Deus.

 

  1. Já no século I, Santo Inácio de Antioquia nos exortava a que estivéssemos atentos ao que Deus faz — e diz — em silêncio. Maria está sempre a mostrar-nos que Deus é Palavra dita em silêncio. Foi talvez por isso que o monge Dionísio, da Cartuxa, verbalizou que «Deus é silêncio e as coisas são o eco infinito do Seu eterno calar».

Aprendamos, então, a fazer silêncio para escutar o que, em silêncio, Deus nos diz. Enchamos o nosso santuário com o nosso silêncio. E não ousemos abafar, com os nossos ruídos, o fecundíssimo silêncio de Deus.

 

  1. A iniciativa é sempre de Deus. E, como indica o Livro do Apocalipse, Deus está continuamente à nossa porta para nos chamar (cf. Ap 3, 20). Se não fizermos silêncio, como é que havemos de Lhe responder? Para a nossa Mãe olhemos e o Seu exemplo contemplemos. Com o Seu silêncio profundo, Maria gerou o Salvador no mundo. É por Maria, no silêncio de Belém, que Deus ao nosso encontro vem.

Em cada dia, rezemos sempre como Maria. E nunca esqueçamos de Lhe agradecer o Jesus que Ela nos vem oferecer. Habituemo-nos a louvar e outro sabor a nossa vida irá ganhar. E quando chegar a hora de pedir, as nossas preces a Mãe saberá ouvir. Para o Seu Filho Ela tudo encaminha. Por isso, a nossa alma jamais estará sozinha.

 

  1. Também na nossa terra — ninguém aqui o desmente — o silêncio de Maria é deveras eloquente. Sem nada dizer, é muito o que a nossa Mãe está sempre a fazer. Sem dizer nada, Ela faz muito. Com o Seu silêncio, é Ela quem mais longe leva o nome de Lamego. É, pois, muito o que Nossa Senhora dos Remédios tem feito por Lamego. E Lamego que tem feito por Nossa Senhora dos Remédios? Tem feito o que pode. Mas deverá certamente fazer muito mais.

É graças a Nossa Senhora dos Remédios que Lamego chega a todas as partes da terra. É graças a Nossa Senhora dos Remédios que de todas as partes da terra há quem venha até Lamego. Vamos, pois, expressar-Lhe a nossa gratidão, abrindo-Lhe as portas do nosso coração. E nunca esqueçamos a Eucaristia quando aqui viermos em romaria. Neste tempo de festa, pensemos que a nossa terra não tem jóia como esta. Que a nossa Mãe e Padroeira (ou «Madroeira») esteja sempre à vossa beira. E vos acompanhe ao longo da vossa vida inteira!

publicado por Theosfera às 08:00

Hoje, 01 de Setembro (3º Dia da Novena de Nossa Senhora dos Remédios), é dia de S. Miguel Ghébré e Sta. Margarida de Riéti.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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