- Às vezes, parece que nos resignamos a ser meros «cristãos da tarde», caminhando soturnamente para o ocaso.
Quem nos ouve fica com a sensação de que a «noite» é o nosso inevitável (e único) destino. Não haverá lugar para novas «manhãs»?
- É certo que a Bíblia nidifica, frequentemente, a nossa existência na «tarde» e na «noite».
Mas sempre com vista para a «manhã».
- Segundo alguns relatos da criação, o mundo não viaja da manhã para a tarde, mas da tarde para a manhã (cf. Gén 1,1-2,4). É por isso que, para Isaías, a função da sentinela é — na noite — anunciar a chegada da manhã (cf. Is 21, 11-12).
Assim sendo, não será missão do crente proclamar que a «noite» vai adiantada e que o «dia» já reluz (cf. Rom 13, 13)?
- O nosso mal é que, como assinala Ruy Belo, «já não sabemos donde a luz mana».
Portamo-nos como quem perdeu «a luta da fé; não é que no mais fundo não creiamos, mas não lutamos já firmes e a pé».
- Precisamos, pois, não só de uma «reforma perene» (de que fala o Vaticano II), mas também de um «renascimento contínuo».
Para Christoph Theobald, não basta que a Igreja esteja «em reforma». É fundamental — e cada vez mais urgente — que constituamos uma «Igreja em nascente», uma «Igreja em permanente gestação».
- Mais do que a preocupação pelas estruturas, o que tem de avultar é a paixão pelo anúncio de Cristo e pela vida em Cristo.
Tendo em conta que muitos já não vêm à procura, é imperioso que nós vamos ao encontro.
- Christoph Theobald sugere que apostemos numa «pastoral da visitação». Que batamos às portas e que, em casa das pessoas, promovamos a leitura das Escrituras.
Essa será uma oportunidade para propor uma abertura «à dimensão sacramental da fé em Cristo».
- É vital recuperar a chama, o viço e o encanto dos começos.
Não podemos apresentar a Igreja como se de uma «carcúndia» entorpecida se tratasse.
- Há que ser original na transmissão da fé.
E tenhamos presente que ser original não é (necessariamente) afastar-se do que tantos fizeram; até pode ser trilhar o que muitos andaram.
- Afinal, ser original é ser fiel às origens. É transportar o entusiasmo das origens para o nosso tempo.
Nunca envelhecerá quem, em cada momento, for capaz de renascer!