- No seu ministério episcopal, D. António Francisco dos Santos foi guiado por um lema explícito e norteado por um lema implícito.
Como é sabido, a divisa do Bispo do Porto era «in manus Tuas» (cf. Lc 23, 46), o mesmo, por exemplo, de D. Hélder Câmara, que ele muito admirava.
- Jesus entregara-Se totalmente nas mãos do Pai pela salvação da humanidade. D. António Francisco quis entregar-se inteiramente nas mãos de Deus ao serviço das pessoas.
- À semelhança de Jesus (cf. Jo 5, 17), também D. António Francisco não parou e (praticamente) não repousou.
Evocando Antero, dir-se-ia que só «na mão de Deus […] descansou, afinal, o seu coração».
- Era o efeito de um outro lema que, apesar de não escrito, esteve sempre inscrito na sua vida: «Omnia omnibus» (cf. 1Cor 9, 22).
Quem pode negar que D. António Francisco foi, até ao fim, «tudo para todos»?
- Foi pastor, foi confidente, foi sorriso, foi abraço, foi regaço.
Tudo isto — e muito mais — ele foi para os que o procuravam, para os que ele procurava, para os que estão dentro e também para os que se sentem fora. Mas que se mantinham dentro dele: na sua alma, na sua oração, no seu afecto e no seu (irreprimível) afago.
- É por isso que, não tendo sido «professor de Teologia», D. António Francisco conseguiu ser um eminente «professante da Teologia» (Xavier Zubiri).
As áreas da sua especialização eram a Filosofia e a Sociologia. Mas o campo da sua intervenção foi, genuinamente, a Teologia. Que ele não leccionava, mas professava.
- Acompanhando a Teologia como ciência, a sua prioridade era, inquestionavelmente, a Teologia como vivência.
Não deixou obras de Teologia publicada. Mas legou-nos uma luminosa obra de Teologia vivida.
- Nele, o «logos conceptual» estava profundamente radicado no «logos testemunhal», especialmente no «logos afectivo», no «logos cordial».
A «Teologia da Visitação» era a grande especialidade de D. António Francisco. As suas palavras convenciam e os seus gestos cativavam porque chegavam depressa ao coração.
- Daí que a sua morte tenha sido um belo retrato da sua bela vida.
Nem a morte afastou aquele que, em vida, de todos se aproximou. Não se apagou em nós quem sempre se apegou a nós.
- Amando a todos durante a vida, foi por todos amado até à morte.
Não consigo dizer-lhe adeus porque o sinto cada vez mais perto. Em Deus!