O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2017

Jacques Maritain teve razão quando notou que «os melhores educadores são os santos».

Basta reparar no que, há cerca de 70 anos, escreveu São Maximiliano Maria Kolbe: «O conflito de hoje é um conflito interno. Há dois inimigos irreconciliáveis no mais profundo de cada alma: o bem e o mal, o pecado e o amor. De que nos adiantam vitórias nos campos de batalha, se somos derrotados no mais profundo de nossas almas?»

De que nos adiantam as vitórias por fora se formos derrotados por dentro?

Eis uma pergunta para meditar. E para nos ajudar a mudar!

publicado por Theosfera às 22:36

  1. Na hora que passa, há muitos a fazer contas e há tantos a fazer de conta.

Se, por vezes, é doloroso ter de fazer contas, é sempre angustiante ver tanta gente a fazer de conta.

 

  1. Para estar sempre no alto, há quem da vida faça um palco.

Há muitos que, não sendo o que parecem, fazem tudo para parecer o que não são.

 

  1. É claro que nunca conseguiremos mostrar plenamente o que somos.

Mas se não gostamos de mostrar o que somos, porque é que, ao menos, não procuramos ser o que mostramos?

 

  1. É estranho que, num tempo que tanto exalta a transparência, haja tantos que só se preocupam com a aparência.

Ao contrário do que se pensa, as aparências não servem para revelar. Na realidade, só servem para (tentar) enganar.

 

  1. Afinal, o «docetismo» não aconteceu só no âmbito eclesial. Continua a haver muito «docetismo» no plano pessoal.

E a heresia existencial não é menos danosa que a heresia doutrinal. Ambas iludem.

 

  1. Como é sabido, o «docetismo» surgiu no século II afirmando que o corpo de Cristo era apenas aparente («dókema»).

Achava-se que Deus, impassível e imortal, era incompatível com este mundo de sofrimento e de morte.

 

  1. Ao descer à nossa humana condição (cf. Jo 1, 14), Deus expunha-Se ao que mais contrariava a Sua natureza.

Daí a solução que alguns encontraram: o corpo de Jesus Cristo não podia ser real, só podia ser aparente.

 

  1. Acontece que, já nessa altura — com Santo Inácio de Antioquia à cabeça —, foram muitos os que se aperceberam da falência desta teoria da aparência.

Se o corpo de Jesus fosse apenas aparente, a Sua vida e a Sua morte também teriam sido aparentes.

 

  1. Em tal caso, tudo ficaria em causa. Na sua essência, até a nossa salvação não seria mais que aparência.

Mas Jesus, que nunca suportou hipocrisias nem fingimentos, teve um corpo real. Foi por ele que nos chegou a salvação total.

 

  1. A realidade de uma aparência não passa de uma aparência de realidade. Chega sempre um momento em que a própria aparência de realidade denuncia a realidade dessa aparência.

Uma aparência pode deslumbrar, mas é incapaz de a nossa vida transformar. Só na verdade — e na autenticidade — (re)encontraremos a felicidade!

publicado por Theosfera às 10:35

O egocentrismo é tão avassalador que até o amor está centrado no eu.

Cada um tende a amar aquele que lhe agrada.

Isto significa que se ama não por causa do outro, mas por causa do eu.

Aliás, é este o factor que mais explica que, para muitos, o amor termine. Quando o outro deixa de agradar deixa também de ser amado.

Era por isso que Antoine de Saint-Exupéry alertava que «amar não é olhar cada um para o outro, mas é olhar em conjunto na mesma direcção».

Quando a direcção é a mesma, o caminho é comum e a trajectória torna-se mais duradoura.

Daí que o amor seja muito mais do que olhar para o outro.

Limitar-se a olhar para o outro pode levar a tantar prender o outro e a ficar aprisionado pelo outro. 

O amor terá de ser, por conseguinte, olhar pelo outro. Mesmo — e sobretudo — quando (já) não houver vontade de olhar para o outro.

Definitivamente, o cuidado é o sobrenome do amor!

publicado por Theosfera às 09:46

O discurso «light», incolor e inodoro, também nos pode tentar.

E, de facto, somos frequentemente tentados a exprobar certas palavras sob o pretexto de elas padecerem de uma alegada obsolescência.

Uma dessas palavras é o temor. Quem fala hoje do «temor de Deus»?

Muitos nunca o terão ouvido mencionar, outros tê-lo-ão rapidamente esquecido.

Mas ele figura entre os dons do Espírito Santo, já referidos por Isaías (cf. Is 11, 2).

No tempo das palavras «apetitosas», o temor não gozará de grande reputação. Só que ele é essencial ao processo de conversão.

Por estranho que pareça, o temor é o maior aliado do amor.

Augustin Guillerand percebeu belamente a aliança entre os dois: «O amor e o temor não se opõem; o amor gera o temor, que, por sua vez, preserva e desenvolve o amor».

Ainda bem que «quem ama tem medo: medo de perder o que ama».

Um pouco de medo não faz mal a quem quer bem!

publicado por Theosfera às 09:32

1. A primeira coisa a dizer sobre São Valentim é que ele se tornou tão popular que talvez nem tenha precisado de existir.

Nada, com efeito, é seguro acerca deste santo: nem os episódios descritos acerca da sua vida nem tão-pouco o número de santos com o seu nome. Há narrativas, com algumas semelhanças, sobre pelo menos dois santos chamados Valentim.

 

2. Foram todas estas indefinições que levaram a Igreja, em 1969, a deixar de celebrar oficialmente São Valentim.

No entanto, a tradição e — sobretudo — a forte pressão comercial em torno do Dia dos Namorados, que lhe está associado, determinaram que a sua figura continue a ser evocada.

 

3. Há referências a dois mártires com o nome Valentim como tendo vivido praticamente na mesma altura. Ambos eram comemorados a 14 de Fevereiro, patrocinando deste modo o Dia dos Namorados.

As raízes deste dia radicariam, entretanto, na Roma Antiga e na Lupercália, uma festa de homenagem a Juno, deusa associada à fertilidade e ao casamento. Havia uma lotaria em que os rapazes tiravam à sorte, de uma caixa, o nome da rapariga que seria a sua companheira ao longo das festividades.

 

4. Consta que estas festas decorreram durante cerca de 800 anos. Para dar um cunho cristão a esta festa, o Papa Gelásio I instituiu, em 496, o dia 14 de Fevereiro como o dia de São Valentim.

Ainda segundo a tradição, a comemoração de São Valentim como que prenunciava o início da Primavera, a estação do redespertar da vida e também do romance, pois é nessa época que os pássaros começam a preparar os seus ninhos.

 

5. Mas porque é que o nome de São Valentim aparece tão acoplado ao Dia dos Namorados? No século III, o império romano enfrentava muitos problemas, tendo em conta as numerosas derrotas militares.

Foi então que o imperador Cláudio II entendeu que a culpa era dos soldados casados. Por causa dos seus laços familiares, tornavam-se menos ousados nas lutas. À mais leve ferida, pediam logo dispensa dos compromissos para com o exército. Por tal motivo, proibiu a celebração dos casamentos.

 

6. Acontece que um sacerdote chamado Valentim, por considerar injusta esta medida, continuou a oficiar os casamentos dos soldados, mas em segredo. Quando soube da actividade de Valentim, Cláudio mandou-o prender e interrogou-o publicamente.

Só que as suas respostas foram tão sábias que o próprio imperador recomendou que escutassem o que ele dissesse. Em vez de o eliminar, enviou-o para uma prisão domiciliária, na residência do prefeito Astério, onde todos eram pagãos.

 

7. Ao chegar, Valentim foi informado de que o prefeito tinha uma filha cega. Comprometeu-se, então, a rezar pela cura da jovem, o que ocorreu alguns dias depois. Só que, nesse momento, já toda a família do prefeito se tinha convertido.

Este facto alterou a sua pena, sendo condenado a morte. No dia 14 de Fevereiro de 286, foi levado para a Via Flaminia, onde terá sido assassinado à paulada e, depois, decapitado. Acrescenta a lenda que, após a citada cura da jovem, Valentim ter-se-ia enamorado dela, não deixando, porém, o seu ministério.

 

8. O outro São Valentim terá sido Bispo de Terni, sendo consagrado em 197. Dizem que, ao lado da sua casa e da igreja, havia um extenso prado e um belo jardim.

Quando não estava na igreja ou a tratar de algum doente, era visto a cuidar das rosas. À tarde, abria os portões para as crianças brincarem e correrem livremente. Ao entardecer, abençoava cada uma delas entregando-lhes uma flor para levarem às respectivas mães. A sua intenção era que elas fossem directamente para casa alimentando assim o amor e o respeito pelos pais.

 

9. Valentim ganhou fama de reconciliador dos casais de namorados. Certo dia, ao ouvir dois namorados a discutir, foi ao seu encontro com uma rosa. A discussão parou imediatamente.

Algum tempo depois, os dois procuraram Valentim para marcar o casamento, que ele mesmo oficiou. Na celebração, compareceram quase todos os habitantes da cidade, querendo testemunhar a felicidade do casal reconciliado. A história difundiu-se e a fama de Valentim espalhou-se.

 

10. Sucede que, além do dom do conselho, também possuía o da cura. Muitas vezes viajava com o propósito de atender os doentes.

Em 272, foi chamado para cuidar de um doente em Roma. Durante a sua estadia, conseguiu a conversão do famoso filósofo Crato e de três dos seus jovens discípulos.

 

11. É claro que este zelo expôs Valentim a uma onda de delação. Valentim terá sido condenado à morte e executado a 14 de Fevereiro de 273. Os três jovens recém-convertidos terão resgatado o seu corpo levando-o para Terni.

Nesta localidade, é possível encontrar a seguinte inscrição: «São Valentim, patrono do amor». Há também um vitral com a imagem do santo a abençoar um casal ajoelhado com uma rosa.

 

12. Para os historiadores, porém, nada disto pode ser garantido.

Pelo que São Valentim tanto podem ter sido dois, um ou nenhum!

Valentim.jpg

 

publicado por Theosfera às 00:41

Hoje, 14 de Fevereiro, é dia de S. Cirilo, S. Metódio, S. Marão e S. João Baptista da Conceição.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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