- Sendo a verdade tão transparente, porque é que ela permanece opaca para tanta gente?
Porque é que, sendo tão disponível, o encontro com ela parece quase impossível?
- Porque é que, em relação à verdade, muitos ouvidos continuam surdos, muitos olhos se conservam cegos e muitos lábios se mantêm mudos?
Acima de tudo, porque tendemos a ouvir e a ver o que nos interessa. E a falar do que nos convém.
- Isto significa que estamos condicionados pelo que está em nós e pouco abertos ao que existe além de nós.
Ainda não percebemos que, como avisou Xavier Zubiri, não está na verdade quem julga possuir a verdade. Só está na verdade quem se deixa possuir pela verdade.
- A verdade é o que se desvela, não o que se tutela. É por isso que a verdade é Jesus Cristo.
Ele é a verdade (cf. Jo 14, 6) porque é aquele que Se abre ilimitadamente (cf. Jo 19, 34).
- É neste sentido que Dostoiévski resolve a equação que ele mesmo enunciara.
Se tivesse de optar — coisa que jamais alguém terá de fazer — entre Cristo e a verdade, ele não hesitava: ficava com Cristo.
- O genial escritor tinha certamente notado que, fora de Cristo, nenhuma verdade tem plena garantia de ser verdade.
Em Jesus Cristo, a verdade torna-se convincente e completamente cativante.
- Dai que Dostoiévski não tenha qualquer dúvida em reconhecer que, no mundo, «há apenas uma figura de absoluta beleza: o próprio Cristo».
Para o escritor russo, «não há nada mais belo, mais profundo, mais solidário e mais perfeito que o Salvador; não só não existe ninguém como Ele como não poderá haver ninguém igual a Ele».
- É esta a beleza que «salvará o mundo». Porque é a beleza do amor, do amor que «salva tudo».
É a beleza de Cristo que instaura a lei mais importante da humanidade: a «lei da compaixão».
- Assim sendo, não basta compreender os outros. É imperioso que cada um se mova para os outros e se comova com os outros.
Pensar é mais que compreender. Como observou Xavier Zubiri, pensar é (sobretudo) comover-se.
- Não se pensa só com a mente.
É urgente pensar cada vez mais com o coração!