- No mundo, a Igreja é chamada a ser alternativa. Mas a experiência mostra que nem sempre tem conseguido evitar alguma redundância.
É notório, por exemplo, que «a segunda revolução individualista» (Gilles Lipovetsky) não lhe é totalmente indiferente.
- Há quem olhe para a Igreja não a partir de Cristo, mas a partir de si e das suas circunstâncias.
Este subjectivismo — e perspectivismo — eclesial é o que está na base do aparecimento de uma persistente linguagem possessiva.
- São abundantes os textos em que, com perseverante regularidade, aparecem expressões do género «a “minha” Igreja» ou «a Igreja do “nosso” tempo».
Não é raro ouvir gente a lamentar que esta não é «a “sua” Igreja» ou que esta não é «a Igreja do “nosso” tempo».
- Entende-se o que se pretende dizer. Mas nota-se igualmente o que acaba por se ocultar.
A realidade da Igreja não é uma soma de realidades flutuantes. A realidade da Igreja é, antes de mais, a realidade permanente que lhe é dada por Cristo.
- Por conseguinte, pertencer à Igreja é pertencer a Cristo.
A Igreja é de Cristo. Pelo que só Cristo tem legitimidade para dizer «a “Minha” Igreja» (Mt 16, 18).
- Na verdade e como bem notou São Paulo, a Igreja é o Seu novo Corpo (cf. 1 Cor 12, 27).
Deste Corpo, Cristo é a cabeça (cf. Ef 1, 23) e nós somos os restantes membros (cf. 1Cor 12, 27).
- Estriba aqui o verdadeiro sentido de «hierarquia». Esta não é tanto «poder sagrado», mas «princípio sagrado».
O «princípio sagrado» para a Igreja é Cristo: a Sua mensagem e a Sua vida.
- Tal «princípio sagrado» remonta ao próprio Pai. Foi o Pai que criou tudo por Cristo e para Cristo (cf. Col 1, 16).
É o Pai que mantém tudo em Cristo (cf. Col 1, 17). Enfim, é o Pai que nos encaminha para o «Reino» de Cristo (Col 1, 13).
- Cristo tem, portanto, «o primeiro lugar» (Col 1, 18): em tudo e principalmente na Igreja (cf. Col 1, 18).
É esta realeza de Cristo que alimenta, permanentemente, a realidade da Igreja.
- Cristo já aceitou ser como nós.
Que cada um de nós procure ser sempre como Cristo!