- Por estranho que pareça, quando perdemos a eternidade, não ganhamos mais tempo.
Pelo contrário, foi quando começamos a perder o sentido da eternidade que começámos a sentir que estávamos a perder tempo.
- Nunca, como hoje, nos queixamos da falta de tempo e das perdas de tempo.
Quem já não confessou não ter tempo ou não poder perder tempo?
- Afinal, sem a eternidade, que sentido tem o tempo? Sem o horizonte da eternidade, o tempo parece que encolhe.
Filhos de um tempo sem tempo, sentimos que o nosso tempo está reduzido ao instante, a uma (vertiginosa) sucessão de instantes.
- O obscurecimento do sentido da eternidade contribui, assim, para o empobrecimento do sentido do tempo.
Até já nos sentimos «pobres de tempo».
- Para muitos de nós, o tempo já mal inclui o futuro e quase exclui o passado. Limita-se ao presente.
Muitos confessam não ter noção donde vêm nem para onde vão. Tudo é apostado no instante, tudo é gasto no momento.
- O sentido da eternidade permitia estar no tempo com os olhos voltados para lá do tempo.
Sem o sentido da eternidade, está a tornar-se difícil vislumbrar algo para lá do instante.
- Já não é o tempo que é vivido a partir da eternidade. O tempo é, cada vez mais, consumido a partir do instante.
A eternidade deixou de ser critério para o tempo. O critério para o tempo passou a ser o instante.
- Tudo isto se repercute na nossa forma de estar na vida. O nosso horizonte é meramente — e redundantemente — horizontal.
Comportamo-nos segundo os padrões de cada momento. Muitos já não apelam para os Mandamentos ou para o Evangelho. Apelam, antes, para os novos tempos.
- Invariavelmente, ouvimos dizer: «Os tempos são outros».
Acontece que os tempos nunca foram iguais. Mas, para lá da mudança de tempo, houve sempre um sentido de transcendência a inspirar o que se fazia.
- Jesus nunca Se conformou com os comportamentos do Seu tempo. Transportava sempre uma transcendência que infundia um convite à superação.
O horizonte oferecido por Jesus não é apenas horizontal. Jesus quer sempre mais, sempre melhor. O Seu limite é o Pai (cf. Mt 5, 48). Só seremos nós quando procurarmos ser como Ele!