- Renovar não é só acrescentar coisas novas. É, desde logo, manter viva a novidade.
Neste sentido, renovar não é, necessariamente, alterar. Renovar é, antes de mais, tentar ser sempre novo.
- Renovador não é quem deixa de ser o que sempre foi.
Renovador é quem procura ser o que sempre foi com igual entusiasmo e — se possível — maior vigor.
- A renovação não consiste em ter outra identidade, mas em fortalecer a identidade que se tem.
Um organismo não se renova quando prescinde de ser o que é, mas quando continua a ser o que é sem se desgastar.
- A Igreja convive com esta preocupação: ser sempre a mesma, sem deixar de ser nova.
O seu peregrinar pelo mundo nunca foi visto como motivo de desgaste, mas como factor de renovação.
- Deus não quer que a Igreja envelheça com os anos, mas que se renove com o tempo.
Daí que, na sua obra «O Pastor», Hermas apresente a Igreja primeiro como uma senhora idosa e depois como uma mulher jovem.
- Isto significa que a Igreja é chamada não só a não envelhecer nunca, mas a renovar-se cada vez mais.
Tal renovação, como defende aquele texto, ocorre através da ascese, do inconformismo, da conversão.
- Os «sinais dos tempos» não reclamam uma proposta diferente, mas a proposta de sempre, apresentada de uma forma renovada.
Aliás, que temos nós para oferecer senão o Cristo de sempre (cf. Heb 13, 8)?
- A Igreja renova-se não pela cedência às novidades de cada época, mas pela fidelidade à novidade que ela transporta.
São João XXIII percebeu notavelmente tudo isto quando convocou o Concílio Vaticano II.
- Para o Papa Bom, o mais importante é que «o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz».
Com esse propósito, é necessário que esta doutrina, «que deve ser fielmente respeitada, seja exposta de forma a responder às exigências do nosso tempo».
- O que, em todos os momentos, nos há-de nortear é, pois, uma indispensável «hermenêutica da fidelidade».
Para a Igreja, o homem é o caminho, mas só Deus é o centro. Assim sendo, a Igreja terá de ser simultaneamente «antropovertida» e «teocentrada». Isto é, voltada para o homem e centrada (sempre) em Deus!