O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Segunda-feira, 05 de Setembro de 2016
  1. Pela sétima vez, aqui vimos ao encontro da Mãe. Amanhã, no oitavo dia da Novena, a Mãe, que vem sempre ao nosso encontro, também vai connosco. Ela, que nunca deixa de estar em nós, vai, uma vez mais, visitar a nossa cidade.

Após a inauguração, em 1761, a primeira procissão festiva de que há memória ocorreu precisamente no dia 6 de Setembro de 1885. As outras procissões que estão registadas foram «procissões de penitência» e de súplica. Faz, portanto, amanhã 131 anos que Nossa Senhora dos Remédios veio em apoteose de fé, devoção e muita vibração.

 

  1. Tal procissão começou na Sé e terminou no Santuário. Nessa altura, ainda não havia a imagem da Sacristia. Foi esta imagem, que está no trono, que daqui saiu a 2 de Setembro em direcção à Sé. Ao longo desse percurso, pediu-se a intercessão da Virgem Mãe para que o surto de cólera, que grassava na Espanha, não atingisse Portugal e a região de Lamego.

Quatro dias depois, a 6 de Setembro, Nossa Senhora dos Remédios percorreu as ruas da cidade, sendo aclamada por uma grande multidão de fiéis e devotos.

 

  1. Nos oito anos seguintes, não há notícia de qualquer procissão. A primeira «procissão de triunfo» propriamente dita ocorreu em 1894 e, curiosamente, também esteve programada para o dia 6 de Setembro. A decisão de introduzir a Procissão na Festa foi tomada a 15 de Agosto desse ano. Faltava, portanto, menos de um mês para a sua efectivação.

No entanto, a 28 de Agosto, por determinações «superiores», a data da Procissão foi alterada. Em vez de decorrer no dia 6, iria decorrer no dia 7 de Setembro, a partir das 16h. Nesse ano, além do andor de Nossa Senhora dos Remédios, veio também o andor da Sagrada Família, ambos puxados já por juntas de bois. Só a partir de 1895 é que a «procissão de triunfo» passou para o dia 8 de Setembro.

 

  1. Já agora, será interessante referir que, nos três primeiros anos, a Procissão vinha directamente da Igreja das Chagas para o Santuário, depois de percorrer as principais artérias da cidade.

Foi a partir de 1897 que o cortejo processional começou a fazer uma paragem na Igreja de Santa Cruz. Aliás, durante muitos anos, a imagem de Nossa Senhora dos Remédios ficava lá alguns dias, regressando ao Santuário em procissão no Domingo a seguir à Festa.

 

  1. Até 1905, só havia Procissão no dia principal da Festa. Provavelmente, a imagem de Nossa Senhora dos Remédios era transportada discretamente para a Igreja das Chagas. Foi a partir de 1906 — há 110 anos, portanto — que Nossa Senhora dos Remédios começou a ser conduzida em procissão, desde o Santuário até à Igreja das Chagas.

Essa procissão ocorria no dia 6 de Setembro, ao fim da tarde, início da noite. Os milhares de devotos que se incorporaram traziam uma luz simbolizando a Fé recebida no Baptismo. Esta luz vinha dentro de uma lanterna, que dava ao cortejo um colorido indescritível. Daí que esta fosse conhecida como a «Procissão das Lanternas», que tão gratas recordações deixou nos lamecenses e em todos os peregrinos. Houve até um ano em que as melhores lanternas foram distinguidas com prémios. A partir de 1921, esta procissão de 6 de Setembro passou a ser feita pela manhã, logo após a Novena, embora houvesse um ano ou outro em que voltasse a ser à noite.

 

  1. É neste espírito que nos preparamos, uma vez mais, para acompanhar a imagem de Nossa Senhora dos Remédios até às Chagas. Ela vai aos nossos ombros, Ela vai no nosso coração, Ela vai sempre na nossa vida. No dia 8, Ela sairá da Igreja das Chagas, percorrerá a nossa cidade e, após uma paragem em Santa Cruz, voltará à Sua morada, neste Santuário.

Se repararmos bem, não estamos em presença de duas procissões, mas de uma mesma — e única — Procissão, que começa na manhã do dia 6 e termina pela tarde do dia 8. É uma procissão circular, que termina no local onde começa. Nossa Senhora sai do Santuário no dia 6 e reentra no Santuário no dia 8. Esta procissão tem três etapas: uma etapa no dia 6 e duas etapas no dia 8. A primeira etapa vai do Santuário até à Igreja das Chagas, a segunda etapa vai da Igreja das Chagas até ao Largo de Santa Cruz e a terceira etapa vai do Largo de Santa Cruz até ao Santuário.

 

  1. A Procissão vale muito, mas não vale só por si. O valor da Procissão advém do seu ponto de partida e do seu ponto de chegada. O valor da Procissão advém, portanto, da sua causa e do seu efeito. Como uma vez mais iremos ver, a Procissão começa a seguir à Eucaristia. Isto significa que a Procissão não é algo para lá da Eucaristia; a Procissão é uma emanação da Eucaristia; a Procissão é gerada na Eucaristia.

Daí que só à luz da Eucaristia nos apercebamos da inteireza — e da imensa beleza — da Procissão. Se pensarmos bem, não há duas procissões, uma na manhã do dia 6 e outra na tarde do dia 8. Existe uma única Procissão que começa precisamente no final da Eucaristia do dia 6 e prossegue algumas horas após a Eucaristia do dia 8.

 

  1. A Procissão, que nasce da Eucaristia, volta assim ao local da celebração da Eucaristia. Como expressão genuína da religiosidade popular, a Procissão apresenta uma relação íntima entre a Romaria e a Liturgia.

É certo que nem todos advertem esta intimidade e, por vezes, há quem aproxime a Procissão de «um mero espectáculo ou de um desfile». Não raramente, ouve-se mais o aplauso do que a oração, à passagem da Procissão. Às vezes, o adereço que aparece é mais a máquina de fotografar do que o terço para rezar. Parece que prevalecem «as manifestações exteriores sobre as disposições interiores».

 

  1. Perante isto, é fundamental não esquecer o que cada procissão tem de ser: um público «testemunho de fé». Este público «testemunho de fé» não substitui a celebração da fé. Todo o cristão deve saber que o momento culminante em qualquer dia é a Eucaristia. Assim sendo, percebe-se que seja preciso viver a celebração para se conseguir vivenciar a Procissão. O que se celebra no templo é para testemunhar no tempo. Da celebração sacramental passa-se, pois, à celebração existencial da Eucaristia.

Procissão vem do latim «procedere», que significa «seguir em frente». E a Procissão de Nossa Senhora dos Remédios segue sempre em frente, num duplo sentido: em sentido descendente e em sentido ascendente. Ela é um sinal da condição peregrina da Igreja, enquanto povo de Deus a caminho. E, para Deus, subimos quando descemos e só depois de descer conseguiremos voltar a subir.

 

  1. A Procissão da Senhora dos Remédios após a Eucaristia sinaliza a presença de Maria na nossa missão de cada dia. Nesta medida, a Procissão configura uma eloquente ilustração da «tarefa missionária da Igreja». Maria não sai só para ser vista; Ela sai sobretudo para ser acompanhada. Ela percorre os caminhos da nossa cidade e nunca deixa de percorrer os passos da nossa vida.

A Procissão assinala «a caminhada da comunidade viva no mundo para a comunidade viva que está nos céus». Daí que a Procissão deva transcorrer em ambiente de oração, animada pelo canto. Apoiando-nos mutuamente, ajudaremos a crescer a fé de toda a gente. Uma vez mais, Nossa Senhora dos Remédios connosco vai descer. Uma vez mais, com Nossa Senhora dos Remédios haveremos de continuar a subir. Para a salvação. Para a felicidade. Para Deus!

publicado por Theosfera às 08:00

Hoje, 05 de Setembro, é dia de Sta. Teresa de Calcutá, S. Bertino e S. Vitorino.

Um santo e abençoado dia para todos.

publicado por Theosfera às 00:00

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