- Até quando persistirá a crise?
Alguma vez a deixaremos? Alguma vez nos deixará?
- Quando começará o tão desejado crescimento? Mas será que o crescimento é a solução?
Há quem pense que a solução não passa pelo crescimento, mas por algum…decrescimento.
- De facto, os que têm pouco teriam mais se os que têm mais se dispusessem a ter um pouco menos. Ou seja, muitos cresceriam se alguns aceitassem decrescer.
O que se passa, porém, é o contrário: os que já têm muito têm cada vez mais e os que têm pouco têm cada vez menos, quase nada.
- É neste contexto que Serge Latouche entende que o caminho não é o crescimento, mas o decrescimento.
A tese é controversa, mas merece atenção.
- A ideologia do crescimento tende a ignorar os limites. A tendência é para gastar sem cálculo e para consumir sem freio.
O problema é que os recursos naturais são limitados. Um crescimento infinito será compatível com um mundo finito?
- Acresce que o crescimento não produz só bens. Também produz necessidades, muitas delas artificiais.
E, não raramente, as necessidades crescem a um ritmo superior aos bens. Daí o estado de insatisfação generalizada.
- Se repararmos, muitos protestos não vêm dos pobres de sempre.
Muita contestação advém dos que não conseguem manter o nível de vida a que se tinham habituado. Quando o impulso para consumir cresce, o índice de insatisfação aumenta.
- A alternativa proposta por Serge Latouche é «a abundância frugal». Todos terão acesso ao essencial e cada um abdicará, voluntariamente, do acidental.
A estratégia do decrescimento consiste «na autolimitação voluntária, na reabilitação do espírito da doação e da promoção da convivialidade».
- É claro que tudo isto pressupõe uma mudança que, não sendo irrealizável, se afigura muito difícil: a mudança de mentalidade.
No fundo, ainda estamos à espera de que a realidade se adeque a nós em vez de sermos nós a adequarmo-nos à realidade.
- Precisamos de fazer todo um caminho por dentro. Precisamos de perceber que a realização pessoal não passa só pelo ter.
Precisamos de aprender que, às vezes, com pouco se consegue muito. E que, com menos, não é impossível obter mais. Mais alegria, mais criatividade, mais justiça, mais humanidade. E muito mais felicidade!