CR7. CR sempre.
Se, neste dia, encontrar as iniciais CR, em quem pensará o leitor?
CR7. CR sempre.
Se, neste dia, encontrar as iniciais CR, em quem pensará o leitor?
Tu és rei, Senhor, e o Teu trono é a Cruz.
Tu és rei, Senhor, e Teu reino é o coração de cada Homem.
Tu és rei, Senhor, e estás presente no mais pequeno.
Tu és rei, Senhor, e estás à nossa espera no pobre.
Tu és rei, Senhor, e queres mais o amor que o poder.
Tu és rei, Senhor, e moras em tantos corações.
Tu és rei, Senhor, e primas pela mansidão e pela humildade.
Tu és rei, Senhor, e não tens exército nem armas.
Tu és rei, Senhor, e não agrides nem oprimes.
Tu és rei, Senhor, e não ostentas vaidade nem orgulho.
Tu és rei, Senhor, e a tua política é a humildade, a esperança e a paz.
Tu és rei, Senhor, e continuas a ser ignorado e esquecido.
Tu és rei, Senhor, e continuas a ser silenciado.
Tu és rei, Senhor, e vejo-Te na rua, em tanto sorriso e em tanta lágrima.
Tu és rei, Senhor, e vais ao encontro de todo o ser humano.
Tu és rei, Senhor, e és Tu que vens ter connosco.
Hoje, Senhor, vou procurar-Te especialmente nos simples, nos humildes, nos que parecem estar longe.
Hoje, Senhor, vou procurar estar atento às Tuas incontáveis surpresas.
Obrigado, Senhor, por seres tão diferente.
Obrigado, Senhor, por seres Tu!
George Steiner dizia que Viena eram os seus cafés. Hoje, dizem que Paris são as suas esplanadas.
Era importante que, num caso e noutro, não se esquecessem as respectivas catedrais.
A fome do ser humano não se sacia só no que consome.
A espiritualidade leva-nos até ao núcleo da humanidade.
Às vezes, é preciso fechar os olhos para abrir a alma!
Será que estamos a perceber o que está a acontecer?
O mundo é uma cátedra e a vida uma poderosa docente.
Mas as cadeiras dos discentes parecem teimosamente vazias...
Ao contrário do que se diz, o problema do mundo não é o excesso de religião. O problema do mundo é a falta de verdade na religião.
O problema não está, pois, no excesso de fé. O problema está na falta de fé, a começar pela falta de fé dos que se dizem crentes.
Nunca o esqueçamos: a fé não é só (nem principalmente) para dizer; a fé é sobretudo para viver.
A violência (todo o tipo de violência) não é conciliável com a fé.
Mas, atenção, há mais violência para lá da violência que se mostra!
A guerra é o maior absurdo. Que racionalidade pode haver em algo que só tem vencidos?
É queos que se declaram vencedores também acabam por ser vencidos.
Já Xenofonte dizia que as guerras «terminam sempre com a destruição e com a desgraça de todos os beligerantes».
Porque é que não aprendemos?
A. Sempre a ouvir Jesus e nunca a aprender com Jesus
1. Todos os dias, ouvimos a mesma lição. E todos os dias, parece que desaprendemos a mesma lição. Dois mil anos é muito tempo para ensinar, mas parece não ser tempo bastante para aprender. Não são apenas os discípulos da primeira hora a ter dificuldades em conhecer Jesus. Nós, os discípulos desta hora, continuamos a manifestar tremendas dificuldades em compreender Jesus. Os discípulos de outrora sonhavam com o poder ao lado de Jesus (cf. Mc 10, 37). Muitos de nós, discípulos de agora, continuam a ambicionar o poder em nome de Jesus.
Aliás, não deixa de ser curioso notar como, já naquele tempo, «direita» e «esquerda» designavam categorias de poder. Para realizar a sua vontade de poder, os discípulos pediam para ficar à «direita» e à «esquerda» de Jesus (cf. Mc 10, 37). Nesse caso, tanto valia ficar à «direita» ou ficar à «esquerda». No seu imaginário, quer a «direita», quer a «esquerda» eram geradoras de poder. E isso bastava. E isso parecia ser o bastante.
No pretérito Domingo, víamos como Jesus, mais do que pressagiar o fim do mundo, estava apostado em contribuir para o fim deste mundo: para o fim deste mundo de ódio, de rancor, de mentira e de injustiça. Não é de um mundo assim que Jesus é rei. Jesus é rei, sim, mas de um mundo novo, de um mundo renovado, de um mundo totalmente transfigurado. Definitivamente, Jesus não é rei deste mundo. Jesus é rei para mudar este mundo.
B. Como é o reino de Jesus?
3. Neste sentido, Jesus não Se considerava um rival do imperador nem um concorrente de Pilatos. Jesus não quer ocupar o seu lugar, mas transfigurar a sua vida e a vida do mundo inteiro. O Seu reino não é daquele mundo (cf. Jo 18, 36), daquele mundo de jogos de poder e de ambições, de senhores e de servos, de preferidos e de preteridos. O reino de Jesus não é o reino do imperador nem do seu representante Pilatos. O reino de Jesus não é daquele mundo e, como diria o escritor João de Melo, o mundo de Jesus também não é daquele reino.
Jesus é rei de um mundo de irmãos, onde todos são filhos de um único Pai. A grande revolução de Jesus é, pois, a filiação plena e a consequente fraternidade universal. Porque filhos de Deus, somos irmãos de todos. Foi por isso que Jesus não nos ensinou a invocar um «Pai meu», mas um «Pai nosso»(cf. Mt 6, 9). E nessa medida, também não nos ensinou a pedir um «pão meu», mas um «pão nosso»(cf. Mt 6, 11), ou seja, um pão para todos.
Acontece que, quando Jesus diz que o Seu reino não é deste mundo (cf. Jo 18, 36), não está a sugerir que fiquemos à espera de que este mundo passe, embora saibamos que ele vai passar. O que Jesus está a dizer — quando diz que o Seu reino não é deste mundo (cf. Jo 18, 36) — é que Ele veio para transformar este mundo, nomeadamente as pessoas que nele vivem. O que Jesus está a propor é que todos trabalhemos para que este mundo seja, não o contrário do mundo futuro, mas a preparação — e o alicerce — do mundo futuro.
C. O reino de Jesus é um reino de verdade
5. Ao confirmar que é rei (cf. Jo 18, 37), Jesus está a dizer que Ele é o primeiro nesta causa em prol da transformação deste mundo. Ele é o primeiro e é também o modelo e a referência para essa mesma transformação. Isto significa que, ao dizer que é rei, Jesus está a mostrar em que consiste o mundo renovado que Ele veio inaugurar. Trata-se de um mundo guiado pelo Evangelho e pela Lei Nova do Amor.
No fundo, Jesus não está a prevenir-nos para a dissolução — ou para a destruição — deste mundo. Jesus está a convocar-nos para a transformação deste mundo num mundo diferente, num mundo onde o Evangelho seja a única regra de vida. De facto, Jesus não quer uma expectativa passiva, mas uma esperança activa. Ele não quer que fiquemos à espera de que este mundo acabe. O que Ele quer é que contribuamos para que este mundo se renove. Uma coisa é certa. Só há mundo novo com pessoas novas.
Como assinala o Prefácio da Oração Eucarística deste Domingo, o reino de Jesus é um «reino de verdade». A mentira não tem lugar nele. Na mentira, nenhum de nós terá lugar nele. É que Jesus veio a este mundo «para dar testemunho da verdade»(Jo 18, 37). Mais: Ele próprio é a Verdade (cf. Jo 14, 6).
D. A verdade é uma pessoa: Jesus
7. Como pode Jesus ser rei neste mundo se neste mundo há tanta mentira? Como pode Jesus ser rei neste mundo se neste mundo se enriquece à custa de tanta mentira? Como pode Jesus ser rei neste mundo se neste mundo se triunfa à custa de tanta mentira? Jesus tanto escancara a verdade do mundo novo como desmascara toda a mentira deste mundo envelhecido.
Mas o que é a verdade? Não ouvimos esta pergunta no texto que escutámos, mas é a pergunta que aparece logo a seguir, nos lábios de Pilatos (cf. Jo 18, 38). Jesus não responde a tal pergunta porque, afinal, já tinha respondido. Essa resposta vem mesmo no fim do Evangelho deste dia: «Todo aquele que é da verdade escuta a Minha voz»(Jo 18, 37).
Acontece que a verdade não é um conceito, uma afirmação, um enunciado. A ser assim, haveria muitas verdades e haveria — como infelizmente tem havido — muitos conflitos entre essas verdades. A verdade é uma pessoa, é uma vida: é a pessoa de Jesus, é a vida de Jesus.
E. Dar testemunho da verdade é dar testemunho de Jesus
9. A verdade não é tanto para dizer; é sobretudo para viver. A verdade não vem tanto pelos lábios; vem sobretudo pela vida. É verdade o que sai dos lábios quando corresponde ao que brota da vida. A voz de Jesus (cf. Jo 18, 37) estava em plena sintonia com a vida de Jesus. Podíamos acreditar na Sua voz porque a Sua voz era a transparência total da Sua vida.
Como refere o Livro do Apocalipse, Jesus é «testemunha fiel»(Ap 1, 5), é a testemunha fiel da verdade. Também nós seremos testemunhas da verdade se formos testemunhas fiéis de Jesus. Nenhum de nós tem a verdade, mas cada um de nós pode — e deve — estar na verdade. Nós não somos a verdade, mas podemos — e devemos — ser verdadeiros. Seremos verdadeiros se estivermos com a verdade, isto é, se estivermos com Jesus, que é a verdade.
É por isso que este rei não está num palácio. Jesus quer reinar no coração de cada pessoa. De cada pessoa verdadeira, de cada pessoa que vive o Evangelho a vida inteira!
Hoje, 22 de Novembro (34º Domingo do Tempo Comum e Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo), é dia de Sta. Cecília, S. Filémon, Sta. Ápia e S. Salvador Lilli e seus Companheiros mártires.
Um santo e abençoado dia para todos!