O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Domingo, 25 de Outubro de 2015

Precisamos de ver

e só Tu és a luz.

 

Precisamos de ver

por fora e por dentro.

 

Precisamos de ver a vida,

o passado, o presente e o futuro.

 

 

A fé salvou o cego.

A fé salva-nos a nós,

tantas vezes cegados pela mentira, pela insinuação e pela inveja.

 

A fé salva na esperança e no amor.

A fé é luz que ilumina e brilha.

A fé é luz que liberta e redime.

 

Hoje também,

Tu, Senhor, continuas a chamar,

a chamar por nós nesta situação difícil.

 

 

Ouve, Senhor,

o clamor dos pobres, dos aflitos e dos famintos.

 

Ouve, Senhor,

o grito dos sem-abrigo e dos sem-amor.

 

Ouve, Senhor,

a súplica dos desempregados e dos que têm salários em atraso.

 

Ouve, Senhor,

o pedido dos que querem dar pão aos seus filhos e não têm conseguem encontrar esse pão.

 

As prateleiras até estão cheias,

mas há corações que permanecem vazios.

 

Mas Tu, Senhor, fazes maravilhas.

Tu, Senhor, és a constante maravilha.

 

 

Por isso continuamos a soltar brados de alegria.

Apesar da crise,

apesar do sufuco e da tempestade,

nós sabemos que, neste tempo de fome,

nós dás o alimento.

 

 

Tu, Senhor, és o alimento,

o pão da Palavra e o pão da vida.

 

Vem connosco saciar a fome deste mundo:

a fome de pão,

a fome de justiça

e a fome de paz.

 

Há nuvens por debaixo do sol.

Mas há sol por cima das nuvens.

 

Obrigado, Senhor, por este pão.

Que ele chegue a todas as casas.

Que ele entre em todos os corações.

 

Obrigado, Senhor, pelos sonhos.

Um dia, as lágrimas hão-de regar as avenidas da vida.

E o sonho de um mundo melhor há-de sorrir para todos.

 

Tu, Senhor, és esse sonho,

um sonho que se realiza em cada instante.

 

O sonho és Tu,

JESUS!

publicado por Theosfera às 10:54

A. Não basta ter olhos para ver

  1. Muito doloroso já é não ver. Mas mais perigoso é não ver quando se pensa que se vê. A cegueira de olhos abertos não faz menos mal que a cegueira de olhos fechados. O certo é que há tanta coisa que olhamos e não vemos. A ilusão é a pior cegueira.

De facto, não basta ter olhos para ver até porque nem todos os olhos permitem ver. Nem todos os olhos permitem ver bem. Os olhos deste cego estavam fechados. Mas, muitas vezes, os nossos olhos podem permanecer tapados mesmo quando estão abertos. A cegueira não está só na impossibilidade. Pode estar também na ilusão.

 

  1. Neste mundo, há muita cegueira de quem tem olhos (pretensamente) abertos. Há muita cegueira por parte de quem julga que vê, embora se limite somente a olhar. Há muita cegueira quando apenas reparamos no que vem à superfície.

Há muita cegueira quando nos recusamos a descer até à profundidade. Há muita cegueira quando não aterramos no que se mantém escondido. Ou, melhor, não é tanto a realidade que se esconde de nós; nós é que, muitas vezes, nos escondemos da realidade.

 

B. Também na fé precisamos de óculos

 

3. Não é por falta de aviso, porém, que nos comportamos assim. Antoine de Saint-Exupéry deixou o alerta quando afirmou que «o essencial é invisível aos olhos». O que ele queria dizer é que o mais importante da vida não se capta com estes olhos, com os olhos que temos na cabeça. O mesmo Saint-Exupéry assinalou que «só se vê bem com o coração». Ou seja, não se vê bem apenas por fora. Só se vê bem por dentro. Só se vê bem quando conseguimos chegar dentro e aterrar na profundidade.

É por isso que, como muito bem percebeu o Papa Bento XVI, «o programa do cristão é o coração que vê». Só o coração vê onde «há necessidade de amor». E só o coração «actua em consequência».

 

  1. Olhemos, pois, para o cego do Evangelho, mas não esqueçamos nunca o «Evangelho do cego», ou seja, a boa — e muito bela — notícia realizada neste cego. Só Jesus é luz. Só Jesus faz ver. Só Jesus cura da cegueira. Este homem, antes de ver com os olhos, já via com o coração. O seu coração já estava iluminado pela luz de Jesus, pela luz que é Jesus. Por isso, teve a lucidez, a coragem e a humildade de pedir: «Que eu veja»(Mc 10, 51). O texto diz que «imediatamente recuperou a visão»(Mc 10, 52). Jesus lembra-lhe que foi a fé que o salvou (cf. Mc 10, 52).

A fé oferece-nos, pois, aqueles «óculos» que podemos colocar por cima dos nossos olhos. É pelos «ocula fidei» (óculos da fé) que conseguimos ver o invisível. Por conseguinte, Deus deixou-nos uns óculos para podermos ver, para O podermos ver: os «óculos da fé». Quem quiser pode usá-los.

 

C. Fora de Jesus não há luz

 

5. Não olhemos apenas com os olhos. Procuremos ver com os olhos do coração, com os olhos da alma. Procuremos ver com os olhos de Deus. Só na Sua luz vemos a luz (cf. Sal 36, 10). Só na Sua luz encontramos luz. Deus é uma luz que o Seu Filho Jesus acende em nós. É por isso que o Concílio Vaticano II proclama que «Cristo, o Verbo Encarnado, revela o homem ao homem». Isto significa que, para sabermos quem somos, temos e procurar a luz de Cristo. Só Ele desvela o que, fora d’Ele, está velado. Aliás, o próprio Jesus Cristo teve o cuidado de nos esclarecer ao dizer que Ele é a luz do mundo (cf. Jo 8, 12).

Que fique, portanto, bem claro. Fora de Jesus, não há luz. Fora da Sua verdade é só obscuridade. Esta luz nunca se apaga. Pelo contrário, esta é uma luz que se apega. Não admira, por conseguinte, que Jesus queira que todos nós, Seus discípulos, também sejamos luz. «Vós sois a luz do mundo»(Mt 5, 14) — eis o que Ele nos diz no Sermão da Montanha. Com efeito, na terra nós somos a luz acendida por Jesus. Nós somos a luz que traz a luz de Jesus, a luz que é Jesus. A fé, como aprendemos logo no Baptismo, é um mistério de luz, um mistério de iluminação.

 

  1. Acontece que a nossa luz não é própria, é recebida: está em nós, mas não vem de nós. Daí que os escritores cristãos antigos gostassem de comparar a Igreja ao mistério da lua («mysterium lunae»). Tal como a luz da lua não vem da lua, também a luz da Igreja não vem da Igreja. Tal como a luz da lua vem do sol, também a luz da Igreja vem de Cristo, a verdadeira — e definitiva — luz.

Ao falar dela mesma no Concílio Vaticano II, a Igreja não diz que é luz. A luz dos povos («lumen gentium») não é a Igreja; a luz dos povos é Cristo, presente na Sua Igreja para chegar a toda a humanidade.

 

D. Não tenhamos medo de gritar

 

7. Temos, portanto, que perceber que, por nós, não conseguimos nada. Sem Jesus, nada conseguiremos fazer (cf. Jo 15, 5) e nada conseguiremos ver. Sem Jesus, é só escuridão. Temos de fazer como este homem. Temos de ir ao encontro de Jesus.

Não tenhamos receio de chamar por Ele. Não tenhamos medo até de gritar por Ele. Ainda que muitos nos tentem calar, como tentaram calar o cego (cf. Mc 10, 47), gritemos por Jesus e nunca cessemos de gritar Jesus. Evangelizar também é gritar. Evangelizar é gritar Jesus. É que, se neste mundo há muita cegueira, também há nela uma persistente surdez. Não hesitemos, pois, em gritar. Gritemos Jesus com a voz. Gritemos Jesus com a alma. Gritemos Jesus com o testemunho de vida.

 

  1. É hora de fazer como este homem. Também nós temos de «dar o salto»(Mc 10, 50). Na vida, há momentos em que não basta dar mais um passo. Na vida, há momentos em que é preciso mesmo «dar o salto».

Este homem percebeu que, para continuar a ver, tinha de seguir Jesus. Nunca mais poderia largá-Lo. Nunca mais poderia afastar-se d’Ele. Jesus deu-lhe a luz. Jesus é a luz.

 

E. O caminho de Jesus é um caminho de luz

 

9. Aquele homem encontrou Jesus no caminho (cf. Mc 10, 46) e começou a seguir Jesus pelo caminho (cf. Mc 10, 52). É no caminho que se dá o encontro, é no caminho que se dá a mudança. Os caminhos de Jesus são os nossos caminhos para que os nossos caminhos sejam os caminhos de Jesus. Não foi Jesus quem (também) Se apresentou como o caminho (cf. Jo 14, 6)?

Não desanimemos. Enchamo-nos de coragem e levantemo-nos porque Jesus também chama por nós, também vem ao nosso encontro (cf. Mc 10, 49). Levemos esta palavra de ânimo a tantos que permanecem caídos. Deixemos que a Sua luz brilhe em todas as vidas.

 

  1. Não hesitemos em recorrer à «óptica Jesus». Este homem, de nome Bartimeu, pedia esmola, mas do que ele precisava era de luz. Por isso, apelou à misericórdia de Jesus: «Tem misericórdia de mim»(Mc 10, 47). Nós podemos contar sempre com a misericórdia de Jesus. Será que Jesus pode contar sempre com a nossa disponibilidade? Aquele homem «deitou fora a capa»(Mc 10, 50), ou seja, fez um corte com o passado, com a vida que levava. O encontro com Jesus tem de nos levar a cortar com o passado e a abrir-nos a uma vida nova.

Notemos que Jesus, aparentemente, não faz o que o cego pede. O cego pede «que eu veja»(Mc 10, 51) e Jesus responde «vai»(Mc 10, 52). Isto significa que a luz está em seguir Jesus. A luz está no caminho de Jesus. O caminho de Jesus é, pois, um caminho de luz. Para todos. Para nós também!

publicado por Theosfera às 08:12

Ocupamos o tempo a proclamar a nossa independência e passamos a vida a reconhecer a nossa (estrutural) dependência.

Haverá alguém que não queira ser independente? E, no entanto, haverá alguém que não reconheça que é dependente?

Paul Verlaine sintetizou: «A independência foi sempre o meu desejo, mas a dependência foi sempre o meu destino».

O importante é que ninguém se sinta ferido nem subjugado!

publicado por Theosfera às 08:11

Hoje, 25 de Outubro (30º Domingo do Tempo Comum), é dia de S. Crispim, S. Crispiniano, S. Crisanto, Sta. Daria, S. João Stone e Sta. Maria Jesus Masiá Ferragut.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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