- Um dos valores matriciais da convivência é o respeito.
Deste respeito não hão-de fica fora o espaço sagrado e os actos sagrados. Nem será preciso invocar normas. Bastará seguir o bom senso.
- Todos sabem que a experiência religiosa é, por excelência, uma experiência de escuta.
Daí que o ambiente no espaço sagrado deva primar pelo silêncio.
- Quem tem fé compreenderá com facilidade. E quem não tem fé também perceberá sem dificuldade.
É por isso que se pede que, antes das celebrações e como forma de ambientação, haja silêncio na igreja, na sacristia e até à volta do templo.
- Sei que não é por mal, mas, nos últimos tempos, chega-se a uma igreja e o que avulta é o ruído.
A vontade de conversar sobrepõe-se ao direito de meditar. Parece que se pode falar com todos menos com Deus. Parece que se ouve toda a gente, menos a voz de Deus.
- Como se isto não bastasse, já se vêem pessoas a entrar com bonés e chapéus, com fatos de praia, a beber, a comer (sobretudo gelados), a mastigar (rebuçados ou pastilhas elásticas), a atender o telemóvel ou a consultar a net.
Isto colide frontalmente com a natureza do lugar e das celebrações que nele decorrem.
- Sobra, ainda, um problema para quem tem a missão de conduzir o povo de Deus.
Se intervém, arrisca-se a ser incompreendido e até maltratado. Se não intervém, acaba por consentir o que não pode aprovar. Ou seja, é uma situação sempre delicada.
- Acresce que, à medida que o tempo passa, há uma tendência para transformar a excepção em regra.
Já se agenda quase todo o tipo de actividades para as igrejas.
- Não raramente, prevalece a impressão de que a igreja é para tudo, excepto para aquilo que ela existe: rezar. Até parece que o incorrecto tem mais espaço que o correcto. E que o errado encontra maior acolhimento que o certo.
Aliás, quem é apontado como estando errado acaba por ser quem tenta corrigir o erro.
- A Igreja é para todos, mas não é para tudo.
Só que é complicado gerir as situações concretas e os factos que muitos dão como consumados.
- Apesar de tudo, creio não ser impossível restituir a dignidade aos lugares e a beleza às celebrações.
Para glória de Deus. E bem-estar de todos!