O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Domingo, 13 de Setembro de 2015

A. Fechar os lábios para abrir os ouvidos

  1. Diz o profeta que o Senhor Deus lhe abriu os ouvidos (cf. Is 50, 5). Deixemos nós também que o Senhor Deus nos abra os ouvidos. Nenhum coração se abre quando os ouvidos estão fechados. O certo é que, para nosso mal, os ouvidos do nosso coração permanecem teimosamente fechados, pesadamente fechados.

Acontece que nem nos apercebemos de que, para ter os ouvidos abertos, temos de dar algum descanso à nossa língua. Há momentos em que a boca tem de estar fechada para que os ouvidos se mantenham abertos. De facto, como consegue escutar quem não pára de falar? A rotina é tão envolvente que, por vezes, nem na Casa de Deus mostramos disponibilidade para ouvir Deus. Até na Casa de Deus a boca continua aberta. Até na Casa de Deus os ouvidos parecem continuar fechados!

 

  1. Se os nossos ouvidos se deixarem abrir, escutaremos que, para Deus, não basta a fé. No fundo, o que Deus nos diz, pela boca de S. Tiago, é que a fé não é fé se for apenas fé. A fé sem obras é morta (cf. Tgo 2, 17). Algum de nós quer deixar morrer a fé? A fé, como notou S. Paulo, entra pelos ouvidos (cf. Rom 10, 17), expressa-se pelos lábios e é alimentada pela vida.

Uma fé que não chegue ao chão da vida desfalece. Uma fé que não aterre na terra da existência desmorona-se. A fé, por natureza, é invasiva, é saudavelmente intrometida.

 

B.  A fé será eloquente se não for apenas loquaz

 

3. Os lábios manifestam a fé. Mas o que prova a fé é a vida, são as acções que praticamos na vida. O acto de fé constitui, por isso, o maior certificado da linguagem da fé. Se a fé não se expressa em actos, então é porque falsamente se expressa nos lábios. Daí que já Sto. António tenha avisado: «Cessem as palavras e falem as obras. De palavras estamos cheios, de obras vazios».

As palavras só têm sentido quando são sufragadas pelas obras. As palavras de fé só merecem aceitação quando são apoiadas por obras que nascem da fé.

 

  1. A palavra da vida é muito mais eloquente do que a palavra dos lábios. Não precisamos de uma fé palavrosa nem basta uma fé loquaz. Do que necessitamos é de uma fé eloquente. E a fé só será eloquente quando a vida mostrar o que os lábios indicam. Não chega alegar que temos fé. Poderá haver quem apresente obras, ainda que não alardeie vistosas proclamações de fé. É possível que alguém nos diga: «Mostra-me a tua fé sem obras que eu, pelas obras, te mostrarei a minha fé»(Tgo 2, 18).

As obras são o melhor discurso da fé. As obras são o mais belo ornamento da fé. Não nos esqueçamos. Deus, um dia, não nos perguntará pela fé que dissemos, mas pela fé que vivemos.

 

C. A fé tem de ser amorosa

 

5. A vivência da fé tem o nome de amor e o sobrenome de caridade. A caridade é o ápice do amor. A caridade é o amor maior, o amor sem limites, nem fronteiras, nem condições. A caridade é o amor para todos, é o amor para sempre.

É por isso que Hans Urs von Balthasar entendia que «só o amor é digno de fé». E se o amor é digno de fé, a fé tem de ser sempre digna do amor. O amor é fidedigno e a fé tem de ser sempre amorosa. Se falta a fé, o amor não cresce. Se falta o amor, a fé desaparece.

 

  1. S. Paulo foi muito claro quando proclamou que a fé actua pela caridade (cf. Gál 5, 6). E S. Tiago oferece um exemplo muito concreto. Se a alguém faltar roupa ou alimento, não basta dizer: «Vai em paz, aquece-te e alimenta-te» (cf. Tgo 2, 15-16). Mas aquecer com quê e comer o quê? Se não partilharmos o necessário, de que servem as nossas palavras? (cf. Tgo 2, 16).

O mundo não cresce com os que (apenas) falam; só cresce com os que agem. O bem agir é mais importante que o bem falar. Mas, graças a Deus, ainda há tanta gente que sabe agir, há tanta gente que sabe falar, agindo. Ouçamos os que falam, mas habituemo-nos a imitar os que agem, os que bem agem. Por conseguinte, bem-haja a quem bem age!

 

D. Crismados por Cristo

 

7. Jesus é aquele que age, é aquele que sempre age, é aquele que bem age, é aquele que belamente age. Jesus é aquele que andou de lugar em lugar a fazer o bem (cf. Act 10, 38). É por isso que crer em Jesus implica procurar agir como Jesus. Daí que a profissão de fé não possa esgotar-se nos lábios. A profissão de fé tem de escorrer sempre pela vida, por cada momento da nossa vida.

A descoberta do Messias vem até nós pelos lábios de Pedro: «Tu és o Messias»(Mc 8, 29). Sobre Jesus, não basta repetir o que os outros dizem. Já naquele tempo havia quem dissesse que Jesus era uma espécie de reencarnação de João Baptista, de Elias ou de algum profeta (cf. Mc 8, 28). Jesus não é a mera continuidade do passado. Jesus é a transformação de toda a nossa vida. O futuro não é só o que vem depois. Há-de ser o que vem de novo.

 

  1. É preciso que cada um faça a experiência de Jesus. É fundamental que cada um faça essa experiência na sua existência. Como Jesus é o ungido do Pai, é necessário que cada um de nós seja ungido por Cristo. Cristo significa precisamente «ungido» O mesmo acontece, aliás, com a palavra «crisma». Deste modo, ser crismado é ser cristificado, é tornar-se um com Cristo. E crismados somos, desde logo, no Baptismo. Pelo que crismados nos devemos mostrar em cada dia da nossa vida, em cada gesto do nosso existir.

Para que não subsistam dúvidas, Jesus esclarece Pedro sobre o que implica ser Messias, ser ungido, ser Cristo. A missão de Jesus só pode ser entendida à luz da Cruz, isto é, como dom da vida aos homens, por amor. Dizer que Jesus é o Messias — ou Cristo — significa dizer que Ele é o libertador esperado, para libertar o seu Povo e para lhe oferecer a salvação definitiva.

 

E. A Cruz não traz facilidade, mas conduz à felicidade

 

9. A resposta de Pedro está certa. No entanto, podiam subsistir alguns equívocos, dado que o título de Messias estava conotado com expectativas políticas. Por isso, os discípulos são impedidos de falar d’Ele. Antes de falar, era preciso aprender a conhecer bem Jesus É isso que Jesus vai fazer, logo de seguida.

Jesus não é semeador de ilusões. Ele alimenta a esperança, mas não alimenta dúvidas. A missão de Jesus passa pela Cruz e a missão de quem O quiser seguir também terá de passar pela Cruz. «Se alguém quiser seguir-Me, negue-se a si mesmo; pegue na sua cruz e siga-Me»(Mc 8, 34).

 

  1. Não se pode seguir Jesus em «part-time». Seguir Jesus tem de ser sempre em «full-time», a tempo inteiro. É preciso, portanto, que cada um deixe tudo, a começar por si mesmo. Não tenhamos medo de dizer não a nós mesmos. E não tenhamos receio de dizer sim a Cristo em nós mesmos. O egoísmo não é compatível com o seguimento de Cristo. Jesus é muito claro: «Quem quiser salvar a própria vida, há-de perdê-la; mas quem perder a vida por causa de Mim e do Evangelho, há-de salvá-la»(Mc 8, 35).

Fugir da Cruz seria fugir de Cristo. A Cruz não traz facilidade, mas conduz-nos até à felicidade. Não caiamos na tentação de Pedro, que gostaria de ter um Cristo sem Cruz. Façamos, antes, como, mais tarde, fez Pedro, que abraçou a Cruz de Cristo. A Cruz não foge de nós, mesmo que nós queiramos fugir da Cruz. Quem abraça a Cruz com amor tem sempre encontro marcado com o Senhor!

publicado por Theosfera às 13:04

Uma das coisas que, hoje em dia, não se discute são os números.

Quando alguém exibe números, parece que tudo se cala, parece que tudo se submete.

Mas será que não podemos questionar os números?

Será que o debate de que tanto se fala foi visto por 3, 3 milhões de pessoas?

Eu sei que há métodos para apurar estas cifras. Mas será que tais métodos são plenamente fiáveis? Será que as extrapolações estarão correctas?

O leitor foi consultado? É que, nestes dias, tanta gente tem falado comigo e tão pouca gente me tem falado do que se terá falado em tal debate:..

publicado por Theosfera às 08:53

Honra a quem não faz questão de ser imparcial: assume a sua condição e expõe as suas opções.

Problema para alguma da nossa imprensa: declara-se isenta, mas, pouco subtilmente, está constantemente a deixar pistas sobre as suas preferências.

Toda a gente consegue ver o que (supostamente?) se pretende ocultar!

publicado por Theosfera às 08:47

Há quem tenha a veleidade de fazer parar o tempo.

Há quem teime em acordar, a cada manhã, num qualquer apeadeiro dos anos 60. Foi o tempo que em se pôs em causa muita coisa que vinha de trás.

Mas que nos veio desse tempo para nos ajudar a seguir em frente? O que mostrou valor durante muito tempo não terá valor para o nosso tempo?

É preciso adaptar, sem dúvida. Mas adaptar é diferente de apagar.

Quando apagamos as memórias, andamos à deriva. Nem sequer chegamos a saber o que somos!

publicado por Theosfera às 08:17

Hoje, 13 de Setembro (24º Domingo do Tempo Comum), é dia de S. João Crisóstomo, Sto. Amado e Sta. Maria de Jesús López de Rivas.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 05:48

Sábado, 12 de Setembro de 2015

Tornou-se vulgar, na nossa época, ouvir quem sabe, quem diz que sabe.

Esquecemos que há muito não saber infiltrado em tantas pretensões de saber. Era bom que, de uma vez para sempre, se assumisse que, a par do que se sabe, há muito que não se sabe.

E melhor seria que aprendêssemos a seguir as pistas do que (ainda) não se sabe. São elas que nos podem conduzir a algum saber.

Há cerca de trinta anos, Marlys Witte, professora da Universidade do Arizona, propôs-se leccionar uma cadeira com o nome de «Introdução à Ignorância Médica».

Consta que a ideia foi muito mal recebida. Como é que a instituição fornecedora do saber iria assumir que, afinal, há muito que não se sabe?

Mas era prudente que, em todas as áreas do conhecimento e da existência, houvesse uma maior atenção ao que não se sabe.

Uma certa «agnostologia» (termo criado por Robert Proctor) não faz nenhum mal.

Afinal, é conhecendo o que não se sabe que começamos a conhecer alguma coisa!

publicado por Theosfera às 08:48

Por muito longe que chegue, a ciência fica sempre aquém da realidade.

Albert Einstein, que sabia do que falava, reparou: «Existe uma coisa que uma longa existência me ensinou: toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e inocente; e, no entanto, é o que temos de mais valioso».

De facto, é a ciência que nos permite perceber como (ainda) estamos longe da realidade.

E é ela que melhor nos pode ajudar a ir encurtando as distâncias!

publicado por Theosfera às 07:52

Hoje, 12 de Setembro, é dia do Santíssimo Nome de Maria, Sto. Apolinário Franco, S. Tomás de Zumárraga e seus Companheiros mártires, Sta. Maria Vitória Forláni e Sta. Maria de Jesus.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:13

Sexta-feira, 11 de Setembro de 2015

Qual é o animal mais perigoso? Se acha é que o leão, o lobo, o tubarão, o crocodilo ou o tigre, está enganado.

Não é que estes animais não sejam perigosos. Mas o perigo que representam é tão notório que facilmente tomamos os nossos cuidados.

Outros animais, porém, aparentemente inofensivos, acabam por ser bem mais ferozes.

De facto e por estranho que pareça, o animal mais perigoso para o homem é o...mosquito. É tão pequeno que ninguém repara nele. Daí os estragos que faz.

Na verdade, dizem os estudos que, em média, os mosquitos matam 750.000 pessoas por ano. Os leões matam 100 e os tubarões dez.

Já agora, sabem qual é o segundo animal mais perigoso para o homem? É o próprio homem.

Os homens matam, por ano, 475.000 homens.

Enfim, às vezes, conseguimos ser ainda mais selvagens que os próprios animais selvagens!

publicado por Theosfera às 21:26

É importante ter sonhos. É muito perigoso ter ilusões.

Aliás, há até quem pense que não devemos ter ilusões para que possamos continuar a ter sonhos.

Fernando Pessoa garantia: «Saber não ter ilusões é absolutamente necessário para se poder ter sonhos».

Por isso, não desista dos sonhos. Mas nunca alimente ilusões.

As ilusões podem derreter o caminho dos seus sonhos!

publicado por Theosfera às 10:03

Será que estamos a ver bem os problemas? Será que estamos a apontar correctamente as soluções?

Ou não sucederá que, como alertava Jesus, corremos o risco de ter cegos a guiar outros cegos? (cf. Mt 15, 14)

Já agora, vale a pena recordar o que, segundo o mesmo Jesus, resulta dessa situação.

Quando um cego guia outro cego, ambos caem no buraco (cf. Mt 15, 14).

Deixemo-nos, pois, guiar pela vida. E conduzir pelo Deus da vida.

Só na Sua luz encontramos a (definitiva) Luz (cf. Sal 36, 10)!

publicado por Theosfera às 09:57

É a Deus que cabe perdoar.

E Deus, a quem cabe perdoar, quer perdoar através da Igreja.

No século XII, Isaac de l' Étoile expressou belamente esta articulação: «Há duas coisas que pertencem apenas a Deus: a honra de receber a confissão e o poder de perdoar. Devemos confessar-nos a Ele e esperar d'Ele o perdão. Com efeito, perdoar os pecados pertence unicamente a Deus; por isso é apenas a Ele que devemos confessá-los. Mas o Todo-Poderoso, o Altíssimo, tendo tomado uma esposa fraca e insignificante, fez dela uma rainha. E colocou-a a Seu lado, ela que estava a Seus pés; pois foi do Seu lado que ela saiu e foi por aí que Ele a desposou (Gn 2, 22; Jo 19, 34). E, tal como tudo o que pertence ao Pai é do Filho e tudo o que é do Filho é do Pai pela unidade da Sua natureza (Jo 17, 10), assim também o esposo deu todos os Seus bens à esposa e tomou sobre Si tudo o que pertence à esposa, que uniu a Si mesmo e também a Seu Pai. [...]É por isso que o Esposo, que é uno com o Pai e com a esposa, lhe retirou tudo o que nela havia de estranho, fixando-o na cruz em que carregou os pecados dela, pregando-os ao madeiro e destruindo-os pelo madeiro. Ele assumiu o que era natural e próprio da esposa; e deu à esposa o que era divino e próprio d'Ele. [...] Ele partilha assim a fraqueza da esposa e os seus gemidos, e tudo é comum ao Esposo e à esposa: a honra de receber a confissão e o poder de perdoar. Tal é a razão desta frase: «Vai mostrar-te ao sacerdote» (Mc 1, 44)».

publicado por Theosfera às 07:05

Hoje, 11 de Setembro, é dia de S. Jacinto, S. Proto e S. João Gabriel Perboyre.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 10 de Setembro de 2015

No país, há quinze freguesias dedicadas a Nossa Senhora dos Remédios.

Curiosamente, nenhuma delas pertence a Lamego. Ficam entre Leiria e Lisboa e sobretudo nas ilhas.

Nossa Senhora dos Remédios é, desde 1964, a padroeira da nossa cidade e é muito amada pelas pessoas que nela vivem. Mas, estranhamente, não há nenhuma referência a Ela na toponímia citadina.

Não ficaria bem pensar na atribuição de uma rua ou de uma avenida a Nossa Senhora dos Remédios?

Muitas vezes, é a caminho de Nossa Senhora dos Remédios que as ruas e avenidas são pisadas.

Afinal, que seria da nossa cidade sem Ela?

publicado por Theosfera às 13:06

Entende Albert Guinon que «o modo mais seguro de tornar a vida agradável é torná-la agradável aos outros».

Nem sempre que consegue. Mas é sempre possível tentar!

publicado por Theosfera às 10:15

Hoje, 10 de Setembro, é dia de S. Nicolau de Tolentino, S. Francisco Gárate e Sta. Pulquéria.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 09 de Setembro de 2015
  1. Passou Agosto, mas ficou o gosto: o gosto provocado pelos primeiros cheiros a mosto.

Com a chegada de Setembro, chegam também as vindimas.

 

  1. Mas não são apenas as vindimas que levam as pessoas até à vinha

É na vinha onde muitas pessoas passam muito tempo. É na vinha onde tantos gastam — e se desgastam — tanto. É na vinha onde as energias se consomem e os rendimentos como que se encolhem.

 

  1. A vinha até dá muito, mas os mercados dão pouco pelo muito que se trabalha na vinha.

Na vinha, não se trabalha só agora, mas trabalha-se também agora, sobretudo agora. Em plena época das vindimas, sabemos bem quanto custa trabalhar muito e receber pouco.

 

  1. Em plena época das vindimas, sentimos bem o peso da injustiça e o (amargo) sabor da ingratidão.

Afinal, gasta-se muito todo o ano a pensar nas vindimas. E acaba-se por conseguir pouco nas vindimas para o resto do ano.

 

  1. O problema não está na terra, que até é generosa. O problema parece estar em quem teima em não valorizar devidamente o que se produz na terra.

A vida é composta pelo sonho de justiça e, muitas vezes, descomposta com a realidade da injustiça.

 

  1. Na vida, são muitos os que trabalham para outros. Já Ambrose Bierce notou que o «trabalho é um dos processos através dos quais A cria riqueza para B».

Dir-se-á que acaba por ser inevitável. Mas terá de ser sempre assim? Quem cria riqueza não pode beneficiar da riqueza? Quem cria riqueza tem de penar na pobreza?

 

  1. É por isso que o tempo das colheitas costuma baloiçar entre a alegria e a frustração.

O que se recebe nem sempre compensa o que se gastou. Resta-me, augurar uma feliz colheita e desejar uma justa recompensa por tanto trabalho.

 

  1. O vinho não faz mal. Mal fará o excesso de vinho. Bem avisado andou, pois, Oscar Wilde quando recomendava: «Para conhecer a colheita e a qualidade de um vinho, não é necessário beber toda a pipa».

Até Shakespeare advertia: «O bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, quando tomado com sabedoria».

 

  1. O vinho tem muitas propriedades.

Faz bem à saúde, desde que tomado na medida certa.

 

  1. O vinho é bom para saborear, não para embriagar. Por isso, não nos embriaguemos com vinho. Embriaguemo-nos, antes, com esperança.

Na hora que passa, a esperança nunca é excessiva. Nem recessiva!

publicado por Theosfera às 11:18

Hoje, 09 de Setembro, é dia de S. Pedro Claver, S. Tiago Laval e Sta. Serafina.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 08 de Setembro de 2015

Nós Te adoramos, Senhor Jesus,

na manhã deste dia,

dia dos anos da Tua Mãe.

 

É Ela que nos traz ao Teu encontro.

É Ela que nos embala como Te embalou a Ti,

em Belém e em Nazaré.

 

Obrigado, Jesus, pela Tua Mãe.

Obrigado, Mãe, pelo Teu Filho.

 

Cada um de nós transporta tantos pedidos.

Cada um de nós é um peregrino do Teu amor e mendigo da Tua paz.

 

Neste dia de alegria,

sabemos, Mãe, que o teu olhar é ainda mais belo,

embora também um pouco mais triste.

 

Estás triste, Mãe,

por causa da injustiça.

 

Estás triste, Mãe,

porque muitos dos Teus filhos vivem na pobreza,

porque não têm pão, nem casa, nem trabalho, nem esperança.

 

Estás triste, Mãe,

porque a mensagem de Teu Filho não é acolhida.

 

Estás triste, Mãe,

porque há quem seja delicado com os grandes e incorrecto com os pequenos, os simples e os pobres.

 

Estás triste, Mãe,

porque ainda há muitas perseguições no mundo

e bastantes incompreensões dentro da própria Igreja.

 

Nossa Senhora,

dá-nos o remédio para a nossa doença,

especialmente para a nossa pior doença, que é a superficialidade e o egoísmo.

 

Nossa Senhora dos Remédios,

concede-nos as graças que Te pedimos.

 

Enxuga as nossas lágrimas,

aquece o nosso coração.

Que a nossa vida se transforme.

 

Que não queiramos fazer a nossa vontade,

mas apenas (e sempre) a vontade de Teu Filho.

 

Que na nossa língua só haja amor,

que no nosso olhar só haja paz.

 

Neste dia dos Teus anos,

afinal, nós é que recebemos o presente,

o melhor presente que é Teu Filho Jesus.

 

Recebe, Mãe, os nossos parabéns,

os nossos humildes parabéns,

entoados não com os lábios, mas com o nosso coração agradecido.

 

Parabéns, Maria!

Parabéns, Senhora!

Parabéns, Mãe!

publicado por Theosfera às 05:43

Hoje, 08 de Setembro, é dia do Natal de Nossa Senhora (em Lamego, Nossa Senhora dos Remédios) e S. Frederico Ozanam.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 07 de Setembro de 2015

Não é fácil ter uma vida limpa. Mas é simples perceber o segredo de uma vida limpa: fazer o bem e nunca prejudicar ninguém.

Voltaire sintetizou: «Uma conduta irrepreensível consiste em manter cada um a sua dignidade sem prejudicar a liberdade alheia».

Elementar. E sempre importante!

publicado por Theosfera às 12:07

1. A Novena custa muito quando começa, mas custa muito mais quando termina.

Há muito suor no início, mas são muitas mais as lágrimas que chovem no fim.

 

2. Não é fácil vir à Novena. É preciso vencer a madrugada, o sono, a distância e o trabalho que se avizinha.

A Novena custa bastante por fora. Mas faz-nos descansar plenamente por dentro.

 

3. Esta vivência não termina neste dia. Esta vivência vai certamente continuar, todos os dias.

Ao olharmos para este monte, sentiremos que há uma mão que nos afaga e uma Mãe que nos embala.

 

4. Podemos contar com Ela. E Ela pode contar seguramente connosco: para a missão de testemunhar o Evangelho de Seu Filho.

 

5. O que aqui se passa é fruto do trabalho de muitos. Tantos fizeram tanto!

Quem aqui trabalha não o faz para ser compensado. Quem aqui trabalha, trabalha por amor, por devoção.

 

6. Não há palavras que descrevam o que aqui se passa. Não há dinheiro que pague o que aqui se faz.

O que aqui vivemos um milagre de fé e uma explosão de generosidade.

 

7. Houve muita gente a trabalhar aqui nestes dias.

Há muita gente a trabalhar aqui todos os dias.

 

8. Como não reconhecer a participação de tantos peregrinos?

Depois de um dia de trabalho e antes de um novo dia de canseiras, foram tantos os que aqui estiveram e tantos os que nos acompanharam pela rádio.

 

9. Curvo-me, meus queridos irmãos, diante da vossa fé, diante do vosso amor.

O povo simples nunca desiludes. Esta multidão é uma permanente lição.

 

10. Sei que amais Nossa Senhora dos Remédios. Sabei que Nossa Senhora dos Remédios também vos ama.

O Menino que Ela traz nos braços tem o nome de Jesus. E, com esse nome, Ela transporta todos os vossos nomes.

Ela anota os vossos pedidos, Ela conhece os vossos segredos.

 

11. Pessoalmente, congratulo-me com a presença de todos. Muito tenho aprendido convosco, meus queridos irmãos.

Obrigado por tanto. Obrigado por tudo. Obrigado sempre.

 

12. A gente que aqui está não é a gente que se julga importante. Mas é a gente verdadeiramente importante. É a gente que importa porque é a gente que se importa.

É a gente que se importa com Deus, com a Mãe de Deus e com todos os filhos de Deus, nossos irmãos.

 

13. É esta gente que está e que dá.

É a gente que não precisa de ser convidada para ter uma presença assegurada.

 

14. Eu sinto que a nossa Mãe, lá no Céu, está a sorrir.

Vós deixais junto d'Ela as vossas lágrimas. Ela deixa junto de vós o Seu sorriso.

 

15. Ela vai sempre convosco.

Voltai sempre ao encontro d'Ela!

publicado por Theosfera às 11:16

  1. Por estes dias, Lamego parece um mar. Não um mar de água, mas um mar de gente, um mar de luz,

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    um mar de Mãe.

São muitos os que vêm ao encontro da Mãe. São tantos, aqueles com quem a Mãe — perdidamente! — Se reencontra.

 

  1. A cidade veste-se de festa e rebenta de emoção para celebrar Nossa Senhora dos Remédios.

Ela é a «primeira Dama» de Lamego. É Ela que lhe dá fama. É Ela que mais gente para aqui chama.

 

  1. Nossa Senhora dos Remédios é, sem dúvida, a maior figura de Lamego.

Ninguém consegue atrair tantos corações e arrastar tão volumosas multidões.

 

  1. É para o Seu santuário que todos os passos se dirigem. É para a Sua imagem que todos os olhares se voltam.

Entre tantas partidas — e outros tantos regressos —, Nossa Senhora dos Remédios avulta como a principal «embaixadora» de Lamego.

 

  1. À Sua «boleia», Lamego é uma terra que chega a toda a Terra. Em cada imagem que daqui sai é uma referência a Lamego que também vai.

Perto ou longe, as pessoas habituaram-se a viver diante d’Ela, a desabafar com Ela, a chorar junto d’Ela.

 

  1. É importante, porém, que não nos limitemos a olhar para Ela. O fundamental é que, com Ela, olhemos para Jesus.

Ela não quer que os nossos olhos pousem n’Ela. Ela só quer que os olhos dos Seus filhos repousem sempre no Seu Filho.

 

  1. Muito extasiados ficamos com aquele rosto.

Só que, às vezes, os nossos olhos estacionam na Mãe daquele Filho sem dar a menor atenção ao Filho daquela Mãe.

 

  1. Convém, pois, nunca esquecer. A Mãe vem e, com Ela, o Filho vem também.

E é aquela Mãe feliz que (silenciosamente) nos diz: «Olhai para o Meu Fiho; Ele é vosso; vós sois d’Ele»!

 

  1. Neste sentido, o «ponto alto» não é a procissão. O «ponto alto» há-de ser a nossa contínua transformação.

Aquele Menino já Se fez o que nós somos. Será que estamos dispostos a ser o que Ele é?

 

  1. A Casa da Mãe está, sem dúvida, no ponto mais alto. Mas o Filho daquela Mãe nunca desacompanha os que, na vida, estão em baixo.

É na gente chã — é na gente que pisa este chão — que o Evangelho se faz palavra. E se torna pão!

publicado por Theosfera às 10:34

Hoje, 07 de Setembro, é dia de S. Vicente de Santo António e S. Clodoaldo.

Um santo e abençoado dia para todos.

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 06 de Setembro de 2015

1. Juntar pessoas num arraial é facto trivial. Gerar multidões antes de dormir é coisa frequente. Mas formar, reiteradamente, uma multidão antes da hora habitual de acordar é acontecimento raro, para não dizer único.

 

2. Sucede que o mais impressionante é sentir que a recorrência não satura. A multidão, qual caudal sem freio, cresce de dia para dia. Ou, para ser mais preciso, de madrugada para madrugada.

 

3. As madrugadas de fé no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios são um património com um valor incalculável.

 

4. Quem vive a Novena não consegue dizer o que sente. Quem começa a viver a Novena só tem um lamento a fazer: não ter começado antes. E quem ainda não experimentou não imagina o que tem perdido.

 

5. Ali não há encenação nem ostentação. Há um encontro muito intenso que irradia uma paz imensa.

 

6. São muitas as lágrimas que os filhos levam até à Mãe. É radioso o sorriso que a Mãe acende nos lábios dos Seus filhos.

 

7.

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Nada disto se explica, tudo isto se sente!

publicado por Theosfera às 16:58

Um mar de gente, um mar de Mãe.

Hoje, pelas seis da manhã, Muita gente ao encontro da Mãe, rezando com a Mãe, acompanhando a Mãe.

Esta gente chã é (também) a gente verdadeiramente importante. É a gente que se importa com o que realmente importa.

É por isso que este ajuntamento é um ensinamento. É por isso que esta enorme multidão é uma perene lição.

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Nada disto se explica, tudo isto se sente!

publicado por Theosfera às 14:01

1. A cidade saúda a Senhora. A Senhora sorri à cidade. É festa.

Sente-se um caos harmonioso que rompe, por momentos, com a rotina de um quotidiano quase sempre torturante.

 

2. O ambiente, à nossa volta, ressuma festa. Já não estou tão seguro de que o ambiente no nosso interior irradie igual contentamento.

Nota-se vida na festa. Só é pena que nem sempre haja festa na vida.

 

3. É bonito ver as pessoas com ar festivo. E é muito belo e comovente encontrá-las a caminho do Santuário, visitando a Mãe, acompanhando a Mãe, chorando na companhia da Mãe!

Vão visitar a Senhora dos Remédios. Mas quem nega que, lá no fundo, vão à procura dos remédios da Senhora? Sim, dos remédios que mais ninguém consegue preceituar. Dos remédios que os lábios não ousam publicitar. Dos remédios para o desconforto, para a desventura, para o desespero. Dos remédios para a doença de tantas vidas sem (aparente) sentido nem horizonte.

 

4. As pessoas olham. As pessoas fitam. As pessoas calam.

Sabem — e sentem — que aquela imagem tem vida e emite paz. Sabem — e sentem — que naquele lugar se assiste a uma espécie de transfiguração. Por isso vêm de longe e vêm a pé. Com sacrifício, com devoção, com muito amor, os degraus são transpostos.

 

5. No peregrino palpita a ânsia de, «ao cabo daquela longa escadaria, encontrar a promessa da salvação, ou a esperança». Isto até o descrente José Saramago notou. A propósito, haverá alguém que, lá no fundo, não seja crente?

É aí, no Santuário, que todos se acham verdadeiramente em Lamego.

 

6. Não é preciso muita publicidade nem grandes promoções. As festas estão na alma do povo.

A vida não é só o que se racionaliza. Como dizia sabiamente Xavier Zubiri, «o que vale na vida não são os dotes que se tem, mas o que sai do coração».

 

7. O coração de Lamego quase rebenta de emoção durante as festas. É fundamental, contudo, que o clima de fraternidade perdure e o espírito de amizade se estenda ao resto do ano.

Temos de pedir à Senhora, quando por todos passar no próximo dia 8, que dulcifique os nossos sentidos e serene os nossos impulsos.

 

8. A Senhora dos Remédios é também — e com enorme propriedade — a Senhora da Paz.

Uma cidade em festa tem de permanecer uma cidade em paz. Alguém contestará que a paz é a melhor festa?

 

9. Urge optimizar a dimensão transfiguradora da festa…para lá dos dias da festa. Aprendamos, então, a estender a mão, a saudar o irmão, a derreter o gelo, a restaurar a confiança.

A Senhora dos Remédios vela pela sua cidade todo o ano. Porque é que a cidade não há-de aplicar os remédios da Senhora a vida inteira?

 

10. Aquela imagem, que tanto nos diz, não é para trazer apenas nas nossas ruas. É para trazer sobretudo nos nossos corações. Na procissão, vamos todos, atrás dela, na mesma direcção. Porque é que não havemos de ir, com ela, à procura de um mesmo rumo?

A cidade está em festa. Que a cidade fique em paz.Festas felizes. Festas com paz. Festas com Deus. E com a Mãe!

publicado por Theosfera às 10:53

Sábado, 05 de Setembro de 2015

Dificilmente, os nossos actos correspondem aos nossos sonhos.

Por isso, se queremos alguma coisa, sonhemos muito.

Agostinho da Silva notou: «Se te não decidires a resolver tudo, acabarás por não resolver nada».

Se desejamos bastante, sonhemos tudo, sonhemos sempre!

publicado por Theosfera às 09:12

Hoje, 06 de Setembro (23º Domingo do Tempo Comum), é dia de Sto. Eleutério e S. Magno.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Hoje, 05 de Setembro, é dia da Bem-Aventurada Madre Teresa de Calcutá, S. Bertino e S. Vitorino.

Um santo e abençoado dia para todos.

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 04 de Setembro de 2015

A. Deus não quer preferências entre pessoas

  1. É fundamental ser ouvinte da Palavra. Mas não basta ser ouvinte da Palavra. A Palavra de Deus não se dirige apenas aos nossos ouvidos, mas a toda a nossa vida. A Palavra de Deus entra pelos nossos ouvidos para transformar toda a nossa vida. Tiago avisa-nos para que não nos limitemos a ouvir (cf. Tgo 1, 23). É preciso cumprir, pôr em prática. E o mesmo S. Tiago faz-nos, hoje, uma advertência, que tantas vezes escutamos, mas tão poucas vezes pomos em prática.

 

  1. Para S. Tiago, não é lícito ligar a fé à preferência por certas pessoas (cf. Tgo 2, 1). Para S. Tiago, é claro que não pode haver preferidos nem preteridos. Deus não quer que, em Seu nome, se faça distinção entre pessoas. Ninguém pode ser especialmente tratado, todos devem ser igualmente respeitados.

A Segunda Leitura deste Domingo tipifica uma situação em que falhamos frequentemente. «Pode acontecer que, na vossa assembleia, entre um homem bem vestido e com anéis de ouro e entre também algum pobre e mal vestido. Talvez olheis para o homem bem vestido e lhe digais: “Tu, senta-te aqui, em bom lugar”, e ao pobre digais: “Tu, fica aí de pé”, ou então: “Senta-te a meus pés”. Porventura não estareis a fazer distinções entre vós?»(Tgo 2, 3-4).

 

B. Se houve preferências, que seja pelos simples

 

3. É bom que os bem-vestidos sejam estimados. Mas é muito mau quando os mal-vestidos são desprezados. Só que, infelizmente, é o que, muitas vezes, se vê. Olhamos para as aparências e valorizamos o aparato. Damos mais atenção à roupa do que à dignidade. Arranjamos os melhores lugares para os grandes e não mostramos o menor apreço pelos pequenos, pelos simples, pelos pobres.

Tudo isto mostra que não falhamos só nos preceitos da cortesia. Tudo isto mostra que, antes de mais, estamos a falhar na compreensão do Evangelho. S. Tiago pergunta: «Não escolheu Deus os que são pobres aos olhos do mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que Ele prometeu àqueles que O amam?»(Tgo 2, 5).

 

  1. Se alguma preferência houver, deve ser para os pequenos, para os simples, para os humildes, para os sofredores. Os preteridos do mundo hão-de ser os preferidos dos cristãos. Mas será isso o que se vê? Tantas são as atenções que damos aos poderosos e tão gritante é a falta de atenção que damos às vítimas dos poderosos!

É importante que sejamos respeitadores para com as autoridades. Mas é mais imperioso que respeitemos os humildes. Quem está em cima já tem muitas compensações. Já os que estão em baixo não costumam ser reconhecidos. Quem reconhece o trabalho e a dedicação das pessoas simples?

 

C. Ânimo para os desanimados

 

5. Jesus veio corrigir todas as assimetrias, que tresandam a injustiça. Jesus veio trazer as periferias para o centro. Jesus veio engrandecer o que é pequeno. Jesus veio trazer para cima o que está em baixo. Por isso é que Ele era apreciado pelos humildes e incompreendido pelos poderosos. Será que nós, seguidores de Jesus, procuramos dar continuidade às Suas opções? Ou não será que, muitas vezes, contrariamos as Suas escolhas?

A Igreja de Jesus é para todos. Mas eu diria que a Igreja é sobretudo para os humildes. A Igreja é para que todos nos tornemos humildes. Acabemos, pois, com as disputas por lugares e protagonismos nas nossas celebrações. Para a Casa de Deus, ninguém pode ser especialmente convidado, todos devem ser igualmente bem-vindos. E se alguma distinção fizermos, que seja para aqueles que mais sofrem, para aqueles que, habitualmente, são mais esquecidos. São esses os que mais precisam de um alento, de uma atenção, de um estímulo.

 

  1. É sobretudo para os mais simples que, hoje, ressoa uma palavra de conforto. A Primeira Leitura insere uma palavra de ânimo da parte de Deus para o Seu povo. De facto, o Povo de Deus estava paralisado pelo desespero, mostrando-se abatido e bloqueado. Não tem perspectivas de futuro e não vê qualquer razão para ter esperança. Mas, como dizia Vergílio Ferreira, «quando a situação é mais dura, a esperança tem de ser mais forte»

No meio da provação, Deus anuncia a proximidade da libertação: «Tende coragem. Não vos assusteis»(Is 35, 4). Eis o que Deus nos diz sempre, eis o que Deus nos diz a todos. Tenhamos coragem, não nos assustemos. E porque é que não nos devemos assustar? Porque Deus está connosco (cf. Is 35, 4). Deus nunca deixa de estar connosco. O Seu Filho é o Deus-connosco, o Deus para nós, o Deus em nós. Hoje, Deus continua a estar connosco na Palavra, no Pão e na Missão junto de cada Irmão.

 

D. Deus possibilita o próprio impossível

 

7. Em nós, Deus possibilita o próprio impossível: «os olhos do cego hão-de abrir-se, os ouvidos dos surdos serão abertos. O coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria. As águas brotarão no deserto e as torrentes na aridez da planície; a terra seca converter-se-á num lago e a terra sequiosa tornar-se-á uma nascente de água»(Is 35, 5-7).

Acreditar é esperar o próprio impossível. Acreditar é fazer cair as correntes de todas as prisões. Jesus é a certificação maior de que o impossível se torna possível. Em Jesus, o surdo ouve e o mudo fala. Eis a grande doença de hoje: não conseguimos ouvir e não sabemos falar. Eis a grande urgência de hoje: aprender a ouvir e reaprender a falar.

 

  1. Neste Domingo, acompanhamos Jesus numa viagem pela Fenícia, passando pelos territórios de Tiro e de Sídon, cidades da faixa costeira oriental do Mar Mediterrâneo, no actual Líbano (cf. Mc 7,24). No regresso dessa viagem, Jesus teria andado pelo território da Decápole (cf. Mc 7,31). Já agora, convirá dizer que a Decápole era uma liga de dez cidades, que se formou depois da conquista da Palestina pelos romanos, no ano 63 a.C..

É nesse contexto geográfico e humano que se insere o episódio da cura do surdo-mudo. As pessoas que trouxeram o surdo-mudo suplicaram a Jesus «que impusesse as mãos sobre ele»(Mc 7, 32). Lendo bem a narração deste episódio, ficamos com a sensação de que Marcos quer muito mais do que contar a cura de um surdo-mudo. Trata-se de uma catequese sobre a missão de Jesus e sobre o papel que Ele desenvolve no sentido de fazer nascer um homem novo. E, na verdade, tudo é novo a partir de Jesus.

 

E. Só Jesus deixa ouvir, só Jesus faz ver

 

9. Quais são, entretanto, os ingredientes desta novidade trazida por Jesus? Antes de mais, o próprio Jesus. Notemos que o surdo-mudo é alguém que tem dificuldade em dialogar, em comunicar, em relacionar-se. Acresce que estamos num meio que olha para as doenças físicas como consequência do pecado, pelo que o surdo-mudo é um «impuro», um pecador e um maldito.

É o encontro com Jesus que transforma totalmente a vida desse surdo-mudo. Jesus abre-lhe os ouvidos e solta-lhe a língua (cf. Mc 7, 35), tornando-o capaz de comunicar, de escutar, de falar, de partilhar, de entrar em comunhão. Tudo é novo neste homem a partir do encontro com Jesus. Em Jesus cumpre-se o que Isaías anunciara: os ouvidos soltam-se e os olhos abrem-se (cf. Is 35, 4-6). É Jesus que nos permite ouvir. É Jesus quem nos faz ver.

 

  1. O papel da comunidade é muito importante. Reparemos num pormenor. Não foi o surdo-mudo que se apresentou a Jesus, foi alguém que o apresentou a Jesus (cf. Mc 7, 32). É preciso levar os outros até Jesus e é decisivo levar Jesus até aos outros. A Igreja existe para trazer as pessoas a Jesus. A Igreja existe como sinal da predilecção de Deus pelos que mais sofrem neste mundo. Jesus mete os dedos nos ouvidos deste homem, faz saliva e toca a sua língua (cf. Mc 7, 33). Tocar com o dedo significa transmitir poder e colocar saliva significa oferecer a própria energia vital: equivale ao sopro de Deus que transformou o barro do primeiro homem num ser dotado de vida divina (cf. Gén 2,7).

Jesus pronuncia a palavra «effathá»: «abre-te». Não se trata de uma fórmula mágica, mas de um convite ao homem fechado para que se abra à vida nova de relação com Deus e com os irmãos. Este é o verdadeiro milagre: a renovação da vida. Daí o espanto de todos. De facto, tudo o que Jesus faz é admirável (cf. Mc 7, 37). Faz que os surdos oiçam e que os mudos falem (cf. Mc 7, 37). Não hesitemos em pedir a Jesus que nos cure. Ele é a cura e o curador. Só em Jesus conseguiremos ouvir. Só em Jesus conseguiremos ver!

publicado por Theosfera às 21:16

Dentro do seu país, a morte está perto. Fora do seu país, a morte não está longe.

Assim parece despontar a cruel alternativa para muitos seres humanos.

A pátria em que nasceram oferece-lhes guerra, mas a terra que procuram também não lhes assegura paz.

Trata-se, portanto, de pessoas duplamente deslocadas.

Não lhes chamo refugiados, embora eles fujam. Nem os denomino migrantes, embora eles migrem.

É preciso, porém, perceber que estamos diante de seres humanos, nossos irmãos.

Alguém pode ser visto como estranho em sua casa?

Aprendemos que o mundo é uma casa. Só que, pelos vistos, esta «casa» tem muitos «compartimentos» fechados.

Afinal, somos um mundo que ainda não consegue ser autenticamente mundo. E formamos uma humanidade que ainda não é capaz de ser integralmente humana.

Acresce que, nesta hora trágica, estes nossos irmãos nem sequer se deslocam por querem.

Talvez agradecessem que ajudássemos a parar com a guerra que devora vidas no seu país. Será impossível?

publicado por Theosfera às 11:26

O medo transtorna, perturba, altera e ilude.

Já Cervantes tinha reparado. Para ele, «um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer com que as coisas não pareçam o que são».

De facto, as coisas não são o que parecem e, quase sempre, parecem o que não são.

Neste caso, o medo é como a soberba: retira a lucidez e obscurece a visão.

Não nos deixemos dominar pela soberba. E nunca nos deixemos vencer pelo medo!

publicado por Theosfera às 08:47

Reméd.jpg

 

1. Neste dia 4 de Setembro, faz 111 anos que esta imagem de Nossa Senhora dos Remédios deu entrada no Santuário.

2. Foi uma oferta do industrial Maximiano da Costa Cardoso , natural de Lamego e a residir no Porto.

3. Foi nesta cidade, mais propriamente na Casa Estrela (situada na Rua do Bonjardim), que foi esculpida.

4. A sua entrada em Lamego, a 2 de Setembro de 1904, foi um acontecimento festivo, no limiar da apoteose. Repicaram os sinos e estouraram os foguetes quando entrou na Sé.

5. Dois dias depois, no dia 4 de Setembro, seguiu para o Santuário.

6. A partir desse ano, tem sido essa a imagem — que a imprensa da época logo qualificou como «formosíssima» — que visita a cidade nas procissões .

7. Percebe-se, por isso, a ligação efectiva — e compulsivamente afectiva — que prende as pessoas a essa imagem. Para muitos, é ela que representa Nossa Senhora dos Remédios.

8. Tudo, neste quadro, sabe a leite puro e a puro deleite. O deleite não flui menos que o leite. Dir-se-ia até que nesta imagem de Nossa Senhora dos Remédios sobressai, acima do leite, o deleite.

9. É, sem dúvida, delicioso poder admirar o deleite com que Maria entrega o leite a Jesus.

10. Esta é uma Mãe que ama enquanto amamenta. Esta é uma Mãe que amamenta e não só com o peito. Esta é uma Mãe que parece amamentar com a alma, com o coração, com o olhar.

11. O olhar profundamente intimista que a Mãe aleitante deposita no Filho aleitado é o que torna esta imagem única e irresistível como, porventura, nenhuma outra.

12. Mais do que Nossa Senhora do Leite, Nossa Senhora dos Remédios será, por isso e para sempre, Nossa Senhora do Deleite, Nossa Senhora inteiramente deleitada!

 

publicado por Theosfera às 00:45

Hoje, 04 de Setembro, é dia de Nossa Senhora da Consolação, S. Moisés, Sta. Rosa de Viterbo, Sta. Rosália e Sta. Maria de Santa Cecília Romana.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 03 de Setembro de 2015

Qual será a maior força?

Victor Hugo achava que seria a esperança, se não existisse o desespero.

Pois eu acho que a esperança é mais forte que o próprio desespero.

Mesmo que nós percamos a esperança, a esperança não deixa que nos percamos!

publicado por Theosfera às 09:29

Hoje, 03 de Setembro, é dia de S. Gregório Magno e S. Remáculo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 02 de Setembro de 2015

Como dizia Eça de Queiroz, somos um país em que «não se lê, folheia-se».

O habitual é «passar os olhos». E passar os olhos nem sempre é olhar e, muito menos, ver.

É muito frequente ouvir dizer que alguém disse o que, na verdade, não disse.

Cuidado, pois, com certos mensageiros. O melhor é (mesmo) ir directo à mensagem.

Afinal, é nas fontes que costumamos saborear melhor a água!

publicado por Theosfera às 11:59

Uma raiz está sempre nos frutos. Desde logo, pela simples e elementar razão de que sem raiz não haveria frutos.

Analogamente, o futuro não o seria sem o passado e o presente.

Isto não quer dizer que o futuro seja mera repetição. Mas até para ser transformação o futuro pressupõe o passado e o presente.

Thomas Elliot já tinha notado que «o tempo passado e o tempo presente fazem ambos parte do tempo futuro».

Se queremos construir o futuro, comecemos por conhecer o passado. E demos o melhor de nós no presente.

Cada presente está «grávido» de futuro!

publicado por Theosfera às 11:48

Um tirano não é um vencedor. Pelo contrário, é alguém que tem medo de se tornar um perdedor.

O tirano não quer que os outros sejam. Mas, no fundo, é ele que deixa de ser.

Francisco Quevedo reparou: «Ser tirano não é ser, mas sim deixar de ser e fazer com que os outros deixem de ser».

Só que na pretensa vitória do tirano medra a sua inexorável derrota!

publicado por Theosfera às 11:25

 

  1. Não é possível conhecer Lamego sem conhecer o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.

É este o local que os residentes mais procuram e que os forasteiros mais visitam.

 

  1. É lá que se encontra o rosto da cidade, a identidade de uma terra e a alma de todo um povo.

Nossa Senhora dos Remédios é o nosso maior «activo promocional». Ela não precisa de publicidade. Ela é que faz a melhor publicidade a Lamego.

 

  1. É por causa d’Ela que muitos vêm a Lamego todos os dias. É por causa d’Ela que muitos enchem Lamego nestes dias.

Que outra figura consegue juntar cem mil pessoas num só dia?

 

  1. Importa notar, porém, que as festas não são apenas as procissões.

Antes das procissões — e até antes do Santuário —, já havia festas.

 

  1. O Santuário começou a ser construído em 1750. E as primeiras festas datam, pelo menos, de 1745.

Nessa altura, a festa era a 5 de Agosto, dia de Santa Maria Maior. A partir de 1778, passou para 8 de Setembro, em que se comemora o nascimento de Nossa Senhora.

 

Escadório novo.jpg

 

  1. Até finais do século XIX, as festas constavam de uma novena que culminava com a Missa cantada.

Apesar da hora — era às cinco da manhã que tudo principiava —, os peregrinos afluíam em elevado número.

 

  1. Percebe-se, por conseguinte, que seja impossível viver as festas sem viver a novena.

Foi pela novena que tudo começou. É, pois, na novena que encontramos a origem, a matriz e a genuína verdade das festas. É a novena que nos devolve a pureza, a união e a simplicidade que deveriam sempre existir nas festas.

 

  1. A novena não costuma ser muito referenciada. Mas continua a ser imensamente vivenciada.

A novena contém o mais extenso e o mais intenso das festas. Ela é a realização que dura mais tempo. E é o momento que provoca maiores vivências.

 

  1. Não é fácil ir à novena. É preciso vencer a madrugada, o sono, a distância e o trabalho que se avizinha.

A novena cansa bastante por fora. Mas faz-nos descansar plenamente por dentro.

 

  1. É por isso que a novena custa muito quando começa, mas custa muito mais quando termina. Há muito suor no início, mas são muitas mais as lágrimas que chovem no fim.

Nada disto se explica. Tudo isto se sente!

publicado por Theosfera às 11:16

Podemos (e, muitas vezes, devemos) transigir. Nos princípios, porém, nunca podemos transigir.

Garrigou-Lagrange exemplifica: «A Igreja é intolerante nos princípios porque crê; mas é tolerante na prática, porque ama. Os inimigos da Igreja são tolerantes nos princípios porque não crêem; mas são intolerantes na prática, porque não amam».

A vida ensina que a maior intolerância vem, quase sempre, dos («soi-disant») tolerantes!

publicado por Theosfera às 10:14

Hoje, 02 de Setembro, é dia de S. Luís José François, S. João Henrique Gruyer, S.Pedro Renato Rogue, S. Francisco Luís  Hebert, S. Francisco Lefranc, S. Pedro Cláudio Pottier, S. Justo, S. Viator e S. João Beyzim.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 01 de Setembro de 2015
O sol brilha e o calor ainda aperta.

Mas eis que a natureza já se vai vestindo em tons de Setembro!
publicado por Theosfera às 10:59

Na escala das virtudes, a coragem aparecerá em primeiro lugar. Não por ser a mais importante, mas por abrir caminho a todas as outras.

Já Aristóteles tinha notado: «A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras».

E, de facto, é preciso ter muita coragem para ser virtuoso, para pôr em prática todas as virtudes!

publicado por Theosfera às 09:56

Muitos se espantam e não poucos se encantam.

Quem diria que, depois de estar associada ao sufoco da austeridade, Merkel despontasse como um nome ligado ao humanismo?

Nas maiores dificuldades, há sempre grandes oportunidades. Angela Merkel não costuma falar muito e nem sempre decidirá bem.

Mas é inquestionável que, nesta crise dos refugiados, continua a falar pouco. Mas, pela amostra, é quem está a agir melhor!

publicado por Theosfera às 09:48

Hoje, 01 de Setembro, é dia de S. Miguel Ghébré e Sta. Margarida de Riéti.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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