Tornou-se vulgar, na nossa época, ouvir quem sabe, quem diz que sabe.
Esquecemos que há muito não saber infiltrado em tantas pretensões de saber. Era bom que, de uma vez para sempre, se assumisse que, a par do que se sabe, há muito que não se sabe.
E melhor seria que aprendêssemos a seguir as pistas do que (ainda) não se sabe. São elas que nos podem conduzir a algum saber.
Há cerca de trinta anos, Marlys Witte, professora da Universidade do Arizona, propôs-se leccionar uma cadeira com o nome de «Introdução à Ignorância Médica».
Consta que a ideia foi muito mal recebida. Como é que a instituição fornecedora do saber iria assumir que, afinal, há muito que não se sabe?
Mas era prudente que, em todas as áreas do conhecimento e da existência, houvesse uma maior atenção ao que não se sabe.
Uma certa «agnostologia» (termo criado por Robert Proctor) não faz nenhum mal.
Afinal, é conhecendo o que não se sabe que começamos a conhecer alguma coisa!