- Parece que a surpresa e a perplexidade se apoderaram do universo religioso.
Todos temos uma percepção daquilo que acontece. Mas será que alguém compreende verdadeiramente o que se passa?
- Há dados completamente desencontrados. E abundam estudos com resultados aparentemente opostos.
As pesquisas, umas vezes, indicam que a religião continua em alta. Outras vezes, porém, apontam para uma queda acentuada. Em que ficamos?
- Penso que tudo depende da perspectiva que se toma e da abordagem que se faz. Tomando as devidas cautelas, será bom não confundir identificação com envolvimento.
Um é o panorama quando se pergunta pela religião com que cada um se identifica. Outra é a realidade quando se pretende apurar o nível de envolvimento de cada crente com a sua religião.
- Neste último caso, a atitude dos descrentes e de muitos crentes chega a ser muito semelhante.
A importância da religião na vida concreta das pessoas é bastante reduzida.
- Há países onde a percentagem de pessoas que dizem não ter religião atinge quase os 90%.
Só que daí não decorre, automaticamente, que tais pessoas se considerem ateias ou agnósticas.
- Manda a verdade reconhecer que há muita gente que procura Deus longe da religião.
E, mais concretamente, não falta quem se considere cristão fora do Cristianismo.
- Alega-se que a apetência pelo compromisso é pequena. E que o desencanto pela vivência comunitária é imensa.
A alternativa, para muitos, passa por desenvolver uma adesão meramente individual, intimista.
- Há, contudo, quem obtenha grandes êxitos fazendo fortes exigências e controlando a vida das pessoas. Há quem multiplique adeptos sufocando a liberdade, asfixiando a interioridade e fomentando até a violência.
Enfim, o que leva a afastar uns acaba por atrair (muitos) outros.
- É com pesar que vemos surgir sucessivos muros entre as religiões. E bastantes feridas dentro de cada religião.
As diferenças são facilmente entendidas como ofensas. E o outro, em vez de ser para acolher, parece que é para dominar. Ou até para eliminar.
- Neste cenário, há que prosseguir, incessantemente, o diálogo inter-religioso. E há que fomentar, cada vez mais, a unidade intra-religiosa.
Há muitas pontes que estão em perigo. Não deixemos cair o que levou tanto tempo a levantar!