- Ser crente não é ser ensimesmado. É ser alienado, saudavelmente alienado.
O crente decide não pertencer a si. Decide pertencer a alguém para lá de si.
- Uma vida de fé não gira em função do eu. Ou, melhor, não gira em função do «eu» de cada um.
Uma vida de fé opta por girar em função do «eu» de Deus. Ou, para ser trinitariamente mais preciso, em função do «nós» divino.
- Quando o crente confessa Deus como Senhor, está a reconhecer que Ele é o «dono» da sua vida.
O crente sente que recebeu tudo d’Ele. Por isso, dispõe-se a oferecer-se todo a Ele.
- Não pode, contudo, ficar pela disponibilidade.
A fé não é só intenção. Ela tem de estar presente em cada momento, em cada acção.
- Uma fé à medida de cada um será verdadeiramente fé?
Uma fé que não se esforce por incorporar a vida de Deus terá condições de sobreviver?
- Às vezes, parece que avulta mais a «fé de» do que a «fé em».
Uma profissão de fé nem sempre é correspondida por uma efectiva — e perceptível — vivência da fé.
- Há quem se limite a uma fé sem compromisso nem visibilidade.
Acontece que, como alega S. Tiago, «a fé sem obras é morta»(Tgo 2, 20).
- Há tempos, causou estrondo um estudo realizado num país do centro da Europa entre agentes pastorais.
Quarenta e dois por cento assumiram que não rezam nem uma única vez por dia. E cinquenta e quatro por centro afirmaram que se confessam uma ou nenhuma vez por ano.
- Percebe-se o espanto e compreende-se a perplexidade. Que frutos se poderá colher de uma árvore que descuida as raízes?
Não está em causa a dedicação, mas a transparência. O problema não é o que se faz, mas o que transparece. Conseguirá mostrar Deus quem não cultiva uma intensa relação com Deus?
- O amor costuma destacar-se pela presença. E o amor apaixonado distingue-se pela intimidade.
O amor não sobrevive a mínimos. O amor a Deus avalia sempre como pouco o tempo de oração. E a paixão por Deus nunca se enfastia na missão. Quer sempre chegar mais alto, mais longe e mais fundo. Em cada passo, quer ser abraço. E levar o abraço de Deus a todos!