- A Igreja é uma casa sem portas.
Porque, se as tivesse, teriam de estar sempre abertas.
- Todos são bem-vindos à Igreja.
Ela inclui até os que o mundo exclui.
- À frente da Igreja, Jesus não colocou o mais sábio, o mais capaz ou o mais fiel dos Seus discípulos.
Optou por alguém que tinha dado sinais de ser incoerente, inconstante e até medroso.
- A força da Igreja também assenta sobre a fraqueza de Pedro.
Segundo Chesterton, «todos os impérios se desfizeram devido à intrínseca fraqueza de terem sido fundados por homens fortes sobre homens fortes. Só esta coisa única, que é a Igreja de Cristo, foi fundada sobre um homem fraco, e por isso é indestrutível».
- De facto, é próprio do fraco socorrer-se do forte, deixando que o forte o fortaleça.
A força de Pedro consistiu em não se resignar à sua fraqueza. A força de Pedro era a força de Cristo nele.
- Os frágeis deste mundo foram encontrando na Igreja o seu lar.
É por isso que, como notou Henri de Lubac, «a Igreja não é uma academia de sábios, nem um cenáculo de intelectuais sublimes, nem uma assembleia de super-homens. É precisamente o oposto. Os coxos, os aleijados e os miseráveis de toda a espécie têm cabimento na Igreja, e a legião dos medíocres são os que lhe dão o seu tom».
- É bom não esquecer que o primeiro cristão a entrar no paraíso foi um ladrão (cf. Lc 23, 43).
Como lembra Timothy Radcliffe, o Salvador não deixou ninguém de lado, muito menos «aqueles cujas vidas são um caos».
- Não espanta, por conseguinte, que Jan Patocka descreva a Igreja como uma espécie de «comunidade de abalados».
É nela que os marginalizados nunca serão postos à margem. É nela que os feridos jamais continuarão a ser magoados.
- Em grego, o verbo que significa curar («sozo») também significa salvar. E, no latim, a palavra que se traduz por saúde («salus») também se traduz por salvação.
Alguém nega que a salvação é a grande — e definitiva — cura?
- Preocupante é quando um paciente não reconhece a sua fragilidade. Pior é quando não quer vencer a sua enfermidade.
Afinal, quando perceberemos que um cristão sem conversão é como um doente sem cura?