- Na aurora dos tempos, Deus confiou a terra ao homem (cf. Gén 1, 28).
Nos últimos tempos, porém, o homem tem sido a maior ameaça para a terra.
- Acontece que cada «vitória» do homem sobre a terra resulta numa (impiedosa) «vitória» da terra sobre o homem.
Como terá dito Fernanda Winter, «Deus perdoa sempre, o homem perdoa às vezes, a natureza não perdoa nunca».
- Quando a natureza se «revolta», quem a segura?
Nem aquele que agride a natureza consegue escapar às (contínuas) agressões da natureza. Afinal, a espécie humana também está em risco.
- Neste sentido, a prioridade tem de ser, como lembrou João Paulo II em 1991, a «ecologia humana».
Aliás, o Papa Francisco alerta, na sua mais recente encíclica, que «o ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto». E, como é óbvio, são os mais pobres os que mais suportam as consequências.
- Eis um estranho modelo de desenvolvimento, em que os últimos a fruir dos seus benefícios são os primeiros a sofrer os seus danos.
Em vez de tratar do lixo, a sociedade consente que ainda haja pessoas tratadas como lixo. A «cultura do descartável» não optimiza recursos e persiste em marginalizar pessoas.
- Para Francisco, é essencial que a política não se submeta à economia e que a economia não se submeta à tecnocracia.
Visando o bem de todos, é decisivo que «a política e a economia, em diálogo, se coloquem ao serviço da vida».
- Precisamos de uma urgente «conversão ecológica» que nos disponha a «ouvir tanto o clamor da terra como o grito dos pobres».
Só uma «ecologia integral» favorecerá um crescimento harmonioso.
- São muitos os desequilíbrios que ainda persistem entre países e entre pessoas dentro de cada país.
Porque o mundo é uma «casa comum», a ecologia tem de sobressair como uma causa global.
- O egoísmo ecológico tem de dar lugar a uma efectiva solidariedade ecológica.
É altura de compreender que o mundo não é só para nós e não é só para hoje. Os outros merecem um mundo diferente. E o futuro suspira por um mundo melhor.
- Só que o futuro depende muito do presente.
E o futuro será «negro» se o presente não for (mais) «verde»!