Para distinguir duas pessoas, ouvi em tempos esta descrição: uma pensava e depois fazia; a outra fazia e depois pensava.
Quer-me parecer que, de uma maneira geral, o ser humano é mais do segundo tipo. Aliás,
Eric Hobsbawm achava o mesmo: «Só retrospectivamente conseguimos reconhecer a natureza da nossa experiência».
Quando estamos em acção, todos propendemos a considerar positiva a nossa actuação. Só mais tarde, damos conta de que nem tudo é positivo. E, ainda pior, nem ouvidos damos aos que nos alertam para a eventual intrusão do negativo.
A vida das pessoas e a história dos povos estão cheias de exemplos.
Como foi possível que o mundo suportasse por tanto tempo o nazismo, o estalinismo ou o mussolinismo?
Hoje é fácil reconhecer que nada disto faz sentido. Mas quantas vidas não foram ceifadas por, na hora própria, terem erguido a voz?