O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Domingo, 05 de Abril de 2015

A. Nem a morte detém Jesus

  1. Por vezes, há coisas que não correm bem. Para Maria Madalena, então, os últimos dias tinham corrido mesmo muito mal. Naquela manhã, põe-se a caminho da sepultura. Ouvimos dizer que era «ainda escuro»(Jo 20, 1). Que melhor ambiente para chorar um morto? Afinal, escuridão atrai escuridão. Haverá maior escuridão que a morte? A escuridão da manhã daquele Domingo era como o prolongamento da escuridão da tarde de Sexta-Feira. Tudo continuava escuro. Escuro estava o tempo. Escura estava a alma. Que mais fazer senão chorar a escuridão: a escuridão da dor, a escuridão da saudade e, porventura, a escuridão do medo?

Tudo estava consumado (cf. Jo 19, 30). A pedra no sepulcro é como o ponto final num texto. Aquela pedra era o ponto final naquela vida: naquela vida que se tinha consumido e que a morte tinha consumado. Restava apenas o rasto. Mas até o rasto daquele corpo tinha desaparecido: «Tiraram o Senhor do túmulo»(Jo 20, 2). A morte é, de facto, o supremo desencontro. Como reencontrar aqueles de quem a morte nos desencontrou para sempre? Que pode haver depois do fim?

 

  1. Só que aquela morte não era o fim. Aquela morte foi o fim, mas o fim da morte como fim. A partir daquela morte, a morte deixou de ser o fim. É que, naquela noite, um novo dia amanhecera. E, naquela escuridão, uma nova luz se acendera. O chamado Evangelho de Nicodemos assegura que, «à meia-noite, um clarão de sol penetrou naquelas trevas e todos os recantos do Hades tornaram-se luminosos».

As trevas nada podiam contra aquela luz. E até a morte nada pôde contra aquela vida. Tal como a pedra do sepulcro, também as evidências são derrubadas. O que estava morto, afinal, está vivo.

 

B. Quando o homem desfaz, Deus refaz

 

3. Jesus ressuscitou, não revivesceu. A Ressurreição é novidade, não é regresso. É uma passagem para a frente, não é um passo atrás. Ressurreição não é ressuscitação. Jesus não é devolvido à vida anterior, mas entra numa vida nova. É por isso que ninguém O reconhece ao primeiro contacto (cf. Jo 20, 14). Jesus é o mesmo, mas está diferente. A Ressurreição não é dissolução, mas transformação. A Ressurreição é a novidade total. Neste sentido, compreende-se que não falte quem à Ressurreição chame «anástase» para significar precisamente a elevação de Jesus à vida plena.

É por isso que nós não evocamos alguém que já morreu; nós celebramos alguém que continua vivo. A Igreja, alicerçada na Páscoa da Ressurreição, não transporta a recordação de um ausente, mas oferece-nos a permanente celebração de uma presença.

 

  1. Nem sempre Deus está de acordo com o que os homens fazem. Em relação a Jesus, Deus desfaz — ou, melhor, refaz — o que os homens tinham feito. S. Pedro explica tudo isto com notável precisão. Jesus, «a quem deram a morte, suspendendo-O num madeiro, Deus O ressuscitou ao terceiro dia»(Act 10, 39-40). Nada — nem ninguém — faz frente a Deus. Nem a morte detém Deus. Sucede que é preciso passar pela morte para vencer a morte.

Como bem percebeu S. Gregório de Nazianzo, só é salvo o que é assumido. Em Jesus Cristo, Deus assume o que é humano para salvar o humano. E como a morte faz parte da condição humana, nem Deus, ao fazer-Se homem, quis passar ao lado da morte. Neste caso, não se trata de carência de ser, mas de superabundância de ser. Em Jesus Cristo, Deus fez Sua a nossa morte para que nós façamos nossa a Sua vida.

 

C. Volta à vida quem dá a vid

 

5. É fundamental não esquecer que a Páscoa não é só a Ressurreição. A Páscoa é a passagem da Cruz para a Ressurreição, é a passagem da morte para a vida. Aliás, há um hino deste tempo pascal que no-lo recorda com extremos de veemência: «Não há Ressurreição sem haver morte». E o próprio Ressuscitado não esconde as marcas da Cruz, instando com Tomé para que coloque o seu dedo nas Suas mãos (cf. Jo 20, 27).

Não é, pois, incorrecto falar, com Jurgen Moltmann, da «Ressurreição do Crucificado» nem da «Cruz do Ressuscitado». No fundo, a Ressurreição é a validação e o reconhecimento de toda a trajectória do Crucificado.

 

  1. A Visita Pascal, esse costume tão belamente arreigado na alma do povo, ilustra esta verdade profunda. Na Visita Pascal, anunciamos a Ressurreição transportando o Crucificado. Não é só por causa da extrema dificuldade em figurar um corpo ressuscitado. Tem todo o sentido transportar a Cruz em dia de Páscoa porque o que ressuscita é o mesmo que morre; o que volta à vida é o mesmo que dá a vida; se não morresse não ressuscitaria; o grão de trigo, para dar fruto, tem de morrer (cf. Jo 12, 24).

Acresce que o mistério de Cristo é sempre global, pelo que não se pode segmentar ou fracturar. Jesus integra a glória no sofrimento e eleva o sofrimento à glória. Ao entrar na nossa casa como ressuscitado, Jesus aparece na Cruz como que a dizer aos crucificados pelo sofrimento que está com eles. Jesus continua ao lado dos que choram, dos que sofrem. Eis, por conseguinte, a maior fonte de esperança para cada um de nós: Jesus sofre connosco, nós venceremos o sofrimento com Ele. Com Ele, nós venceremos o sofrimento e a própria morte. Não há nenhum motivo para cair no desespero. Temos todos os motivos para fortalecer a esperança.

 

D. Viver? Só com Cristo!

 

7. Os pés devem continuar na Terra, mas os olhos hão-de estar sempre dirigidos para o Céu. A Páscoa não aliena, responsabiliza. S. Paulo é muito claro: «Uma vez que ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto»(Col 3, 1). Pelo Baptismo, morremos com Cristo. Pelo Baptismo, ressuscitamos em Cristo.

Uma vida pascal é uma vida com Cristo. Não faz sentido viver sem Cristo: a nossa vida passou a ser Cristo (cf. Col 3, 4). É Cristo que vive em nós (cf. Gál 2, 20). A nossa autonomia não é afectada. Trata-se de uma autonomia «cristónoma». Como é que Cristo poderia afectar a nossa liberdade se foi para a verdadeira liberdade que Cristo nos libertou (cf. Gál 5, 1)? Pelo Seu exemplo, Ele mostrou que a verdadeira liberdade não consiste em ter, mas em dar. A liberdade suprema, que Cristo corporizou, consiste em dar tudo, em dar a vida (cf. Jo 10, 10).

 

  1. Cristo está vivo na nossa vida e nós só estamos vivos na vida de Cristo. Ele permanece vivo na Palavra e no Pão. Tal como aconteceu aos discípulos acabrunhados a caminho de Emaús, também nós, hoje, reconhecemos Cristo ao partir do pão, isto é, na Eucaristia (cf. Lc 24, 31). É por isso que a Eucaristia é, por excelência, o «mistério da fé».

Na Eucaristia, com efeito, anunciamos a Morte de Jesus e proclamamos a Ressurreição de Jesus. Trata-se, portanto, de um sacramento eminentemente pascal. Mas Jesus também permanece vivo na missão, no nosso testemunho ao longo da missão. Como Pedro e os apóstolos da primeira hora, também nós somos chamados a ser testemunhas de que Cristo está vivo. O testemunho é o melhor certificado de que Cristo está vivo na nossa vida e na vida do mundo. Muitos são os que dão a vida por causa de «um certo Jesus que morreu» e que nós testemunhamos «estar vivo» (Act 25, 19).

 

E. Afinal, dos fracos também reza a história

 

9. É esta a vida que nos traz vivos. É esta a vida que vale a pena anunciar a todos os vivos. É esta a vida que irradia desde aquele dia que o Senhor fez (cf. Sal 118, 24). Trata-se de um dia sem fim, de um dia que não escurece, de uma manhã que não anoitece. Temos, por isso, todas as razões para nos alegrar e cantar. O Aleluia é o cântico típico da Páscoa, pois verbaliza o louvor pela maior obra do Senhor.

A Páscoa já chegou e não apenas hoje. A Páscoa já chegou há muito tempo. A Páscoa chegou até nós para que nós cheguemos à Páscoa. A Páscoa está no tempo para que esteja sempre na nossa vida.

 

  1. A Páscoa é o silêncio que fala, a escuridão que brilha, a lágrima que sorri, o fim que (re)começa. Afinal, o inesperado vence o inevitável. Nós não tínhamos percebido que consumado não é o mesmo que terminado. Jesus tinha consumado a missão, mas não deu por terminada a presença. Foi do lugar da morte que Jesus regressou ao encontro dos vivos (cf. Jo 20, 15). Do máximo fracasso irrompe, assim, o máximo triunfo. O vencido desperta como vencedor.

Como reconheceu Tomas Halik, a Páscoa é «a vitória mediante a derrota». A vida renasce da morte. A luz reacende-se nas trevas. O dia acorda na noite. O sorriso é sulcado no pranto. Um novo começo se levanta após o fim. É do fundo que se sobe. É de baixo que se cresce. Dos fracos também reza a história. É na maior fraqueza que se manifesta a maior força (cf. 2Cor 12, 9). A Páscoa é a vitória do vencido. A Ressurreição põe a descoberto o que na morte jazia encoberto. Só quem desce às profundezas consegue atingir as alturas. Jesus ressuscitado volta a percorrer os nossos passos (Lc 24, 23-35) para que nós possamos prosseguir o Seu caminho. É por isso que os passos de uma vida pascal nunca serão simplesmente passos. Serão passos sempre em «compasso». Em «compasso» com Deus em direcção à humanidade. E em «compasso» com a humanidade em direcção a Deus!

publicado por Theosfera às 07:53

Hoje, 05 de Abril (Páscoa da Ressurreição do Senhor), é dia de S. Vicente Ferrer e Sta. Juliana de Cornillon.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 04 de Abril de 2015

Este é um dia propício à meditação.

Diante de Jesus sepultado, há muito para reflectir e haverá muito mais para inflectir.

Há sinais de uma repaganização da sociedade.

Outrora, o que se passava no interior repercutia-se no exterior. Estes eram dias em que até cá fora se respirava silêncio e compunção.

Hoje, é o exterior que se repercute cada vez mais no interior. Mesmo nestes dias, há sempre algum frenesim e bastante agitação.

Uma neopaganização nota-se não só no afastamento dos actos litúrgicos. Nota-se também na forma como se está nos actos litúrgicos.

A atitude é tão importante como o acto. Mas há sempre que acreditar na transformação para melhor.

Se até da morte pode surgir a vida, acreditemos numa recomposição da nossa vivência cristã!

publicado por Theosfera às 18:17

É verdadeiramente em Sábado que vivemos.

Já sabemos que a morte foi vencida e que a ressurreição nos é oferecida.

Este é o tempo de, como Jesus, estarmos na terra.

Neste dia, não há celebração da Eucaristia.

É como se tratasse de um convite para acompanharmos o Salvador no silêncio da terra e na solidão da morte.

A Liturgia das Horas está cheia de apelos a que mergulhemos nesse silêncio e nessa solidão.

A Vigília só cronologicamente começa em sábado. Toda ela já é pascal. Toda ela é anúncio do grande (e eterno) dia da Ressurreição.

Na terra onde repousa Jesus somos chamados a dar frutos de amor e paz. Sempre com Jesus!

publicado por Theosfera às 11:30

Seria de esperar que o mundo fosse governado pela compaixão, pela racionalidade e pelo bem.

Só que, como já Kant tinha reparado, ele parece ser (des)governado, antes, pela paixão, pela irracionalidade e pelos males.

O problema não é os males existirem. Já sabemos que são inevitáveis. O problema é sermos (des)comandados por eles.

Hoje é dia para olhar para alguém que altera tudo.

Jesus é o paradigma maior de uma cultura inteira do serviço.

Ele está não para Se servir, mas (unicamente) para servir!

publicado por Theosfera às 11:15

O processo de Jesus configura a condenação da ousadia, da coragem de ser diferente, da liberdade de ser fiel à própria consciência.

 

Jesus corporizou maximamente o «franc parler» (falar franco) e o «free speech»(falar livre).

 

Pagou um preço elevado? Sem dúvida.

 

Já Eugénio de Andrade percebeu que «a independência tem um preço». Mas vale a pena pagá-lo!
publicado por Theosfera às 10:28

Onde esteve Jesus desde a Sua morte até à Sua ressurreição?

 

Eis um dos mais estimulantes convites à procura do saber e, ao mesmo tempo, um dos mais poderosos certificados do não-saber. Não é ilícito procurar aquele, mas é importante aceitar este: não é o não-saber uma das expressões mais vivas do saber?

 

Escutemos o que diz Hans Urs von Balthasar: «Eloquentes quando descrevem a paixão de Jesus vivo até à morte e sepultura, os Evangelhos tornam-se naturalmente silenciosos quando se trata do tempo

que medeia entre o sepultamento e a ressurreição.

 

Devemos estar-lhes gratos por isso. O silêncio pertence à morte, não apenas no que se refere à tristeza dos que sobrevivem, mas, principalmente, em relação ao paradeiro e à situação do morto».

 

Mas, sinceramente, quem lê este magnífico texto fica com a impressão de que von Balthasar até presenciou o que aconteceu.

 

O saber que resulta deste não-saber primordial permite-nos chegar ao essencial: este acontecimento (descida de Jesus à terra) «é sobretudo salvífico, significa a introdução dos frutos da Cruz no abismo da perdição e da morte».

 

Há uma passagem no Evangelho de Nicodemos que ilustra esta afirmação: «À meia-noite, um clarão de sol penetrou naquelas trevas e todos os recantos do Hades tornaram-se luminosos»!

 

Mas, amigo leitor, leia mesmo este texto de von Balthasar. Ficará como eu: extasiado!

publicado por Theosfera às 02:32

De um autor antigo, provavelmente do século IV:

 


«Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos.

Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: "O meu Senhor está no meio de nós". E Cristo respondeu a Adão: "E com o teu espírito". E, tomando-o pela mão, disse: "Acorda, tu que dormes, levante-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará"».

No silêncio, somos convidados a fazer uma viagem até ao nosso interior e meditar sobre o sentido da nossa vida e avaliar a qualidade da nossa relação com o Senhor. Silêncio que nos leva perceber o mistério que envolve a nossa vida e nos fala da necessidade de estarmos com Deus.

Sábado Santo é dia de recolhimento, de encontro com o Ressuscitado, na oração e na contemplação. É preparação para liturgia da Vigília Pascal, a grande festa, a mãe de todas as vigílias e a fonte de todas as liturgias.

publicado por Theosfera às 02:29

O Sábado Santo é uma espécie de entretanto entre a comemoração da morte e a celebração da vida. Entre a Cruz e a Ressurreição, há a sepultura.

 

O trânsito ocorre aqui. A Páscoa está, literalmente, em marcha. A passagem da morte para a vida faz-se no silêncio da espera.

 

Nada há mais distante. Nada existe tão próximo. A morte é a negação da vida. A vida é a superação da morte. Entre uma e outra um dia de espera, de expectativa.

 

Há, aqui, uma realidade e um sentido, um significante e um significado.

 

Desde logo, não é para o alto que devemos olhar. É para as profundidades que temos de nos dirigir.

 

Estamos no fundo? Mas é do fundo que tudo parte.

 

A grande lição do Sábado Santo é que não há motivos para o derrotismo (próprio de Sexta-Feira Santa), mas também não há ainda razões para a euforia (aceitável em Domingo de Páscoa).

 

O Sábado Santo é a grande metáfora da vida humana. É preciso nunca deixar de acreditar, nunca desistir de trabalhar. Não há obstáculos intransponíveis.

 

Deixo, a este propósito, um texto magnífico de Carlo Maria Martini: «Estamos no sábado do tempo, caminhando em direcção ao oitavo dia: entre o "já" e o "ainda não", devemos evitar absolutizar o hoje com atitudes de triunfalismo, ou, pelo contrário, de derrotismo.

 

Não podemos deter-nos na escuridão de Sexta-Feira Santa, numa espécie de "cristianismo sem redenção"; mas também não devemos apressar a plena revelação da vitória da Páscoa em nós, que se realizará na segunda vinda do Filho do Homem.

 

Somos convidados a viver como peregrinos na noite iluminada pela esperança da fé e acalentada pela autenticidade do amor».

publicado por Theosfera às 01:25

Hoje, as igrejas estão vazias. Os altares desnudados. Os tabernáculos abertos e vazios. As velas apagadas.

O silêncio invade todos os ambientes. É uma experiência de recolhimento e atitude de espera.

Tudo para lembrar que Cristo desce à mansão dos mortos e assume o destino e a limitação do ser humano.

Ele é solidário até ao fim e faz a descida da morte, entra no seu mistério, para sair vitorioso e abrir para todos um caminho de luz e esperança.

publicado por Theosfera às 00:21

Hoje é dia do Padroeiro da internet, Sto. Isidoro de Sevilha.

São dele estas palavras: «É melhor orar em silêncio, com o coração, do que só com as palavras e sem a atenção da mente; aquilo que o coração ora calado também a voz deve silenciar, para se esconder dos homens».

É por ele esta oração: «Deus eterno e todo-poderoso, que nos criastes à Vossa imagem e semelhança e nos fizestes procurar tudo o que é bom, verdadeiro e belo, especialmente na divina pessoa de Vosso Filho unigénito, Nosso Senhor Jesus Cristo, permiti-nos que, através da intercessão de Santo Isidoro, bispo e doutor,durante as nossas visitas pela Internet dirijamos as nossas mãos e os nossos olhos apenas para o que Vos é agradável a Vós e tratemos com caridade e paciência todas as almas que encontremos.Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Ámen»!

publicado por Theosfera às 00:14

Hoje, 04 de Abril (Sábado Santo), é dia de Sto. Isidoro de Sevilha, Padroeiro da Internet, S. Bento, o Africano, Sta. Irene e S. José Bento Dusmet.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 03 de Abril de 2015

É tão pesada a Cruz,

a Tua Cruz, Senhor,

que não sei como conseguiste erguê-la

nem como conseguiste erguer-Te

depois de, por três vezes,

ela Te ter feito cair.

 

Como foi possível, Senhor,

depois já de tanto sangue derramado?

Como foi possível, Senhor,

depois já de tantas atrocidades?

Como foi possível, Senhor,

depois da agonia, da flagelação, da coroação de espinhos?

 

Não concebo, mas percebo.

Tu conseguiste arcar com o peso do madeiro,

porque mais pesado que a Cruz era o peso do amor,

o peso do Teu infinito amor.

 

Não concebo, mas percebo:

o Teu amor emagreceu a Cruz,

o Teu amor encolheu a Cruz.

 

Quem olha para Ti, Senhor,

dá a impressão de que a Tua Cruz era leve.

Nada nem ninguém Te fez recuar.

 

Deixa-me, Senhor, pegar na Tua Cruz.

Ela está ao meu lado,

à minha beira.

 

A Tua Cruz continua pesada,

bem pesada,

em tantos lares, hospitais, ruas.

 

A Tua Cruz, Senhor,

tem hoje o nome de miséria,

injustiça, falsidade,

superficialidade e comodismo.

 

Deste-nos tanto,

dás-nos tudo.

E nós, tantas vezes,

recuamos e recusamos

dar-Te um tempo, uma hora, um dia.

 

Acorda-nos, Senhor,

desperta-nos da sonolência em que caímos.

Faz-nos olhar para Ti,

para a Tua Cruz, Senhor!

publicado por Theosfera às 15:00

 

  1. A Páscoa começa por ser um mistério de fragilidade. De uma fragilidade inteiramente assumida, francamente exposta e abertamente oferecida. Quando Se apresenta pronto para sofrer a morte, Jesus não esconde que «a carne é fraca» (Mt 27, 41).

A fragilidade é reveladora e é solidária. As pessoas são mais autênticas quando não escondem a sua fragilidade. Tony Blair percebeu isto quando escreveu que «ser humano é ser frágil».

 

  1. Jesus não fez exibições de força. A Sua maior força radicou na Sua capacidade de assumir a fraqueza. Os fortes podem ganhar batalhas. Mas são os frágeis que obtêm a maior vitória: a do amor.

Os fortes são vistos como vencedores porque eliminam os outros, porque se sobrepõem aos outros.

 

  1. Os frágeis são apontados como vencidos porque se esquecem de si, porque vivem em função dos outros.

Mas não é nesta fragilidade que reside a nossa salvação? Não é, portanto, nesta fragilidade que está a maior força? Os fortes vão destruindo vidas. Os frágeis são os que se sacrificam para que outros tenham vida.

 

  1. No fundo, Jesus foi entregue por inveja (cf. Mt 27, 18). Pilatos até fez tudo para O poupar. Só que as pressões do poder religioso, as ameaças de denúncia em Roma e a pressão de uma multidão ligada aos funcionários do Templo ditaram o veredicto.

Pilatos nada tinha contra Jesus, mas entre a defesa de um inocente e a preservação do seu lugar, a opção foi óbvia. A «oclocracia» é a coisa mais volátil que existe. As multidões dão para tudo e para o seu contrário. Variam tão rapidamente como o vento.

 

  1. Esta é uma semana que reclama, sobretudo, interioridade, recolhimento. Há uma densidade muito grande e um apelo muito fundo que nenhuma palavra conseguirá descrever.

O que nos é oferecido não pertence ao enigma, mas pertence ao mistério. Isto significa que o quadro que nos surge não é inatingível, mas também não é manipulável.

 

  1. O Cristianismo deve ser a única religião em que o Fundador é um mártir e morre como um abandonado.

A Sua proximidade com Deus não impede que experimente toda a amargura do drama humano.

 

  1. Divino, a partir de Cristo, não é, pois, a distância ontologicamente intransponível entre Deus e o Homem.

Divina é esta humanidade sem freio, é esta franqueza sem constrangimentos, é este amor sem vacilação, é esta entrega sem limites.

 

  1. Não é quando nos distanciamos do humano que nos aproximamos de Deus. É quando aterramos na sua maior profundidade que tocamos o divino.

Para Deus sobe-se descendo. Foi das profundidades da terra que Jesus irrompeu para Deus.

 

  1. O humano tão puramente humano de Jesus é uma respiração divina, um enclave da eternidade pelas inclementes estradas do tempo.

O desfecho de toda esta meditação não pode ser apenas o anúncio. A Páscoa não é só para proclamar. É, acima de tudo, uma oportunidade para melhor viver.

 

  1. Há um convite que fica. O caminho de Jesus não é tanto para ser explicado. É, sem dúvida, para ser conhecido. E é tão fascinante conhecer Jesus. O mais aliciante, contudo, é procurar viver.

Jesus é uma lição sem fim. Lição que não vem de qualquer cátedra, mas que tem a argamassa de uma vida tão humanamente cheia. Haverá algo mais divino que esta humanidade de Jesus?

 

 

publicado por Theosfera às 10:46

Consta que, um dia, Satanás apareceu a S. Martinho sob a figura de Cristo.

Mas nem assim o santo se deixou enganar: «Onde estão as tuas chagas?», perguntou.

De facto, não existe Cristo sem chagas.

Sabemos que as nossas chagas não sobrevivem sem Cristo.

Nas Suas chagas estão as nossas dores.

Nas Suas chagas está a cura para as nossas dores.

Pelas Suas chagas, «fomos curados»(Is 53, 5)!

publicado por Theosfera às 10:42

Podemos dizer que, neste dia, também a Igreja se volta para um «neue mitte», um novo centro.

 

 

 

Hoje, não há Missa. Tudo está centrado na Cruz.

 

 

 

Não se trata de fazer a apologia da dor, mas de estar em comunhão solidária com tantos que continuam a actualizar a Cruz.

 

 

 

Com eles, acreditamos que é possível vencer a Cruz. E chegar à Ressurreição!
publicado por Theosfera às 01:58

O que mais me impresssiona, nesta hora que é o nosso tempo, é o cansaço de Jesus, o sofrimento de Jesus e, simultaneamente, a persistência de Jesus.

Jesus aparece-nos cansado, doído e muito fatigado em tantas pessoas atiradas para as margens, em tantos rostos sofridos.

É Jesus que, neles, continua a sofrer, a gemer, a chorar.

Mas, ao mesmo tempo, Ele persiste. Ele nunca desiste.

Ele permanece. Ao seu lado. Na sua vida. No nosso mundo!

publicado por Theosfera às 00:56

Hoje não é só dia de abstinência. É também dia de jejum.

 

Não se trata só de não comer carne. Trata-se também de comer menos.

 

É claro que o foco não está no significante. Está no significado.

 

O importante não é a abstinência da carne e a privação de comida. O importante é, com esse, gesto, unirmo-nos a Jesus na Cruz e a Jesus nos pobres de hoje.

 

Nós, graças a Deus, ainda podemos optar por fazer abstinência e jejum. Muitos, porém, não podem fazê-lo. São obrigados a fazê-lo.

 

A nossa solidariedade também se faz com gestos.

 

Façamos sobretudo jejum das falsidades, das palavras agressivas, dos juízos apressados, da ostentação, da violência e da injustiça.

 

Eis, pois, uma boa oportunidade de exercitar o autodomínio, valor actualmente muito em baixa. E com resultados devastadores.

 

Quem se priva do que gosta de comer habituar-se-á a privar de gestos mais intempestivos e violentos.

publicado por Theosfera às 00:53

A conversão de S. João Gualberto ocorreu em Sexta-feira Santa quando, finalmente, encontrara o assassino de um parente seu.

Ele, armado com uma espada, preparava-se para a vingança após uma prolongada procura.

O assassino pediu clemência e ouviu como resposta: «Não por ti, mas por Aquele que, num dia como este, derramou o Seu sangue por todos nós».

Foi logo para um convento beneditino e mudou de vida.

publicado por Theosfera às 00:35

Hoje, dia 3 de Abril, fazia anos um grande benfeitor de Lamego e região: Mons. Ilídio Fernandes, que faleceu a 23 de Janeiro de 2005.

 

Apaixonado por Deus e devotado à pessoa humana, dedicava uma atenção especial ao mundo rural.

 

Ainda hoje, as obras por eles fundadas dão trabalho a muitas pessoas.

 

Não deixemos esquecer quem nunca nos esqueceu!
publicado por Theosfera às 00:01

Hoje, 03 de Abril (Sexta-Feira Santa), é dia de Sta. Ágape, Sta. Quiónia, Sta. Irene, Sta. Engrácia, S. Conrado de Saxónia, Sto. Estêvão da Hungria e S. Luís Scropussi.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 02 de Abril de 2015

Quando foi a Última Ceia? Para Colin Humphreys, da Universidade de Cambridge, terá ocorrido na quarta e não na quinta-feira.

 

A posição aparece no livro The Mystery Of The Last Supper, onde o autor analisa os calendários, os dados da história e as conclusões da exegese.

 

Refira-se, antes de mais, que esta questão não é original. Bento XVI, no seu último livro sobre Jesus, também a contempla. A própria Bíblia não permite dirimi-la totalmente.

 

Os Sínópticos (Marcos, Mateus e Lucas) apontam para «o primeiro dia dos Ázimos, quando se imolava a Páscoa» (Mc 14, 12). Era, com efeito, na tarde desse dia que, no templo, se imolavam os cordeiros pascais. Seria uma quinta-feira. Era nessa noite que começava a Páscoa e se comia a ceia. Terá sido no final que Jesus foi preso e apresentado a tribunal. Na manhã de sexta-feira, foi condenado e, à tarde, morreu. Como no outro dia era sábado, dia sagrado para os judeus, o corpo de Jesus tinha de ser sepultado antes do anoitecer de sexta-feira.

 

Surge, entretanto, uma dificuldade. Naquele ano, a Páscoa judaica era na sexta-feira. Será crível que Jesus fosse julgado e crucificado num dia tão solene? Não falta quem assegure que o processo e a crucifixão eram compatíveis com a Páscoa. Contudo, dois dias antes dos Ázimos, os sumos sacerdotes desaconselhavam que se matasse Jesus durante a festa para que o povo não se revoltasse (cf. Mc 14, 2). Como é que se mudou tão rapidamente de opinião?

 

O Evangelho de S. João apresenta uma nuance a respeito de tudo isto. Desde logo, não assegura que a Última Ceia tenha sido uma ceia pascal e até dá a entender que o julgamento de Jesus foi não durante a Páscoa, mas antes da Páscoa. Trata-se da alusão ao facto de as autoridades judaicas, que levaram Jesus a Pilatos, não terem entrado no pretório «para não se contaminarem e poderem celebrar a Páscoa» (Jo 18, 28). Isto significa que o processo e a morte de Jesus acontecem não durante a Páscoa, mas na véspera da Páscoa. Neste caso, naquele ano a Páscoa seria não numa sexta-feira, mas num sábado. Só que, como os judeus contam os dias a partir do crepúsculo do dia anterior, Jesus teria morrido na sexta-feira antes do ocaso.

 

Assim, Jesus teria tido a Última Ceia na quinta-feira, mas sem o carácter pascal judaico, e teria sido executado na sexta-feira, a qual seria véspera da Páscoa e não dia de Páscoa. Neste caso, o cordeiro pascal estaria a ser comido pelos judeus quando Jesus já estava morto. Como diz Joseph Ratzinger, «Jesus morre como o verdadeiro Cordeiro, que estava apenas preanunciado nos cordeiros».

 

Não faltou, entretanto, quem procurasse harmonizar as duas cronologias. Quem mais se destacou foi Annie Jaubert, que estudou a fundo os calendários judaicos. Encontrou um que, não atendendo à translação da Lua, previa um ano de 364 dias, dividido em quatro estações de três meses, dois dos quais com 30 dias e o outro com 31. Cada trimestre teria, então, 13 semanas e cada ano 52 semanas. Deste modo, as festas seriam sempre no mesmo dia da semana. Concretamente, a Páscoa judaica seria à quarta-feira. Por conseguinte, a Última Ceia teria sido na terça-feira à noite.

 

O curioso é que um texto do início do século III, Didascália dos Apóstolos, fixa a data da Ceia de Jesus na terça-feira. O problema é que a tradição mais antiga aponta para quinta-feira como a data mais segura da Última Ceia.

 

É certo que a terça-feira seria mais ajustada ao desenvolvimento posterior dos acontecimentos. Não é fácil admitir que, numas curtas horas (de quinta para sexta-feira), tenha acontecido tanta coisa: interrogatório no Sinédrio, transferência para Pilatos, sonho da mulher de Pilatos, envio a Herodes, regresso a Pilatos, flagelação, condenação, caminho para o Calvário e crucifixão.

 

Em síntese, a data da Última Ceia continuará a suscitar muitos estudos e a despertar compreensível curiosidade. Mas o mais importante não é quando aconteceu. É o que aconteceu.

 

E o que aconteceu, desde o lavar dos pés até à consagração do pão e do vinho passando pelo longo discurso, foi tão impactante que jamais foi esquecido. Fundamental é que nunca deixe de ser vivido.

publicado por Theosfera às 18:36

Hoje é Quinta-Feira-Santa.

 

Termina a Quaresma. Inicia-se o tríduo pascal. É, portanto, um dia em três dias.

 

Celebra-se a paixão, morte, sepultura e ressurreição de Jesus.

 

Hoje, concretamente, assinalamos as duas grandes «invenções» de Jesus: a Eucaristia e o Sacerdócio.

 

Deixou-nos um único mandamento: que nos amemos uns aos outros como Ele nos amou, como Ele nos ama.

 

Pediu-nos a simplicidade, a humildade, o despojamento.

 

Nestes dias, há uma certa tentação para as pompas, para o esplendor. Mas isso não congraça com a mensagem de Jesus.

 

Ele merece o melhor. E o nosso melhor será (procurar) ser como Ele: na humildade e na paz!
publicado por Theosfera às 10:26

Tudo o que se celebra nesta semana santa está sob o signo do mistério.

 

O omnipotente surge-nos sem poder. Ou, então, revestido do poder maior: o de Se entregar à morte.

 

Jesus está sempre com o Pai, mas confessa-Se abandonado pouco antes de expirar.

 

É por isso que as palavras deveriam estar amassadas em silêncio. As palavras, por vezes, podem apagar mais do que revelar.

 

Jesus aparece-nos descentrado de Si. Tudo n'Ele é amor, é dádiva, é entrega.

 

Importa não aprisionar Jesus em conceitos, até porque tudo em Jesus é libertação, justiça e verdade.

 

É nos caminhos da humanidade sofredora que, hoje, O voltamos a encontrar.

publicado por Theosfera às 10:18

Estes são dias em que olhamos mais (embora não necessariamente melhor) para a identidade da Igreja, designadamente para a ontologia do padre.

 

Fácil é radicar essa identidade, essa ontologia: em Jesus Cristo.

 

Entre Cristo e a Igreja existe, portanto, uma proximidade total. O problema é que, entre Cristo e a Igreja, se pressente também uma distância infinita.

 

Uma coisa é o plano ontológico. Outra coisa, bem diferente, é o plano existencial.

 

Uma coisa é o âmbito do ser. Outra coisa, bem diferente, é o âmbito do agir.

 

Cristo é a verdade. Mas quem diz a verdade acaba por ser condenado.

 

Em Jesus sempre se notou a parrhesia, a coragem e a franqueza.

 

Esse é o caminho de Cristo. Esse é o caminho Cristo.

 

Esse tem de ser o caminho da Igreja. Na pobreza. E ao lado dos mais pobres!
publicado por Theosfera às 10:13

A Quaresma não termina sábado, termina hoje.

A última Hora Intermédia (Noa) deste dia assinala o fim da Quaresma.

A Missa da Ceia do Senhor inaugura o tríduo pascal.

A Vigília Pascal começa cronologicamente no sábado, mas toda ela decorre em dia de Domingo.

Haja em vista que os dias, para o povo em que Jesus viveu, começam quando o sol se põe no dia anterior.

A Vigília Pascal é, toda ela, uma celebração (a primeira grande celebração) da Ressurreição de Cristo!

publicado por Theosfera às 00:16

Hoje, 02 de Abril (Quinta-Feira Santa), é dia de S. Francisco de Paula e Sta. Maria Egipcíaca.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 01 de Abril de 2015

Creio
na Igreja nascida do Pai, gerada pelo Filho e alimentada pelo Espírito.
Creio
numa Igreja totalmente voltada para Deus e completamente virada para o Homem.
Creio
numa Igreja que fala de Deus aos homens e que fala aos homens de Deus.
Creio
numa Igreja que faz da oração prioridade e da justiça imperativo.
Creio
numa Igreja que não esconde a verdade que lhe foi entregue
nem mitiga a mensagem que lhe foi confiada.
Creio
numa Igreja que prefere ser criticada pela sua fidelidade
do que festejada pela sua incoerência.
Creio
numa Igreja que está de pé diante dos homens e de joelhos (só) diante de Deus.
Creio
numa Igreja que opta por servir em vez de agradar.
Creio
numa Igreja que não fala por cálculo nem cala por conveniência.
Creio
numa Igreja que não olha à posição nem ao título das pessoas.
Creio
numa Igreja que denuncia e anuncia a propósito e fora de propósito.
Creio
numa Igreja pobre e despojada.
Creio
numa Igreja humilde e serva.
Creio
na Igreja do perdão e da misericórdia.
Creio
na Igreja do amor e da concórdia.
Creio
numa Igreja que assume os seus erros
e que sabe acolher os que erram.
Creio
na Igreja que chora com os que choram.
Creio
numa Igreja de portas abertas para os pequenos e para os pobres.
Creio
na Igreja da esperança e da alegria.
Creio
numa Igreja que nunca desiste de acreditar nem de amar.
Creio
na Igreja de Cristo.
Creio
numa Igreja para todos!

publicado por Theosfera às 11:03

A vida é como as moedas. Tudo, na vida, tem verso e reverso.

Há prejuízos que trazem os seus benefícios. E, como notou Ralph Emerson, «há vantagens que acarretam os seus impostos».

Nem tudo é linear.

Há quem comece a cair quando pensa que nunca cai. E há os que começam a levantar-se no preciso momento em que os fazem cair!

publicado por Theosfera às 10:02

1. A esta hora, grande é a azáfama. Já se preparam as casas e as ruas. Já se ultimam os folares. Já se encomendam os foguetes.

 

Apesar da crise, há muita alegria no ar e bastante vibração nos corações. Os mais pequenos anseiam pelas prendas. Os mais idosos multiplicam recordações.

 

A Páscoa está perto. Está perto no tempo. Já faltam poucos dias.

 

Eu gostava que a Páscoa também estivesse perto da vida: da vossa vida, da vida do mundo inteiro.

 

 

2. Páscoa, como sabeis, quer dizer «passagem».

 

Outrora, a Páscoa assinalava a passagem, pelo Mar Vermelho, da escravidão para a liberdade. Agora, celebra a passagem da morte para a vida.

 

Queria que soubésseis que, na Páscoa, não recordais um acontecimento do passado. Na Páscoa, sois chamados a reviver um acontecimento de cada presente.

 

Às vezes, fazemos muita coisa importante e acabamos por esquecer o principal.

 

Nesta altura da Páscoa, não faltam actividades no exterior. Mas falta um pouco de recolhimento no interior.

 

 

3. Queria que soubésseis que Eu continuo a vir ao vosso encontro. Continuo a falar-vos, como há dois mil anos.

 

Continuo a falar a cada um de vós no alto da Cruz. Muitas vezes, falo muito alto.

 

Como há vinte séculos, continuo a gritar. Continuo a gritar contra a violência, contra a opressão.

 

Continuo a gritar por mais fraternidade, por maior igualdade.

 

Continuo a gritar para que os grandes repartam com os pequenos. Continuo a gritar para que as dívidas sejam perdoadas.

 

Mas quem Me ouve?

 

 

4. Não penseis que deixei a Cruz. Não. Não deixei a Cruz.

 

Hoje, em cada dia, continuo a levar uma pesada Cruz. É Cruz de tantas pessoas que são atiradas para a berma das estradas da vida.

 

A Minha Cruz, hoje, é a Cruz dos que têm fome, é a Cruz dos que estão no desemprego, é a Cruz dos doentes, é a Cruz das vítimas da injustiça, é Cruz dos idosos abandonados.

 

Há vinte séculos, houve alguém chamado Simão de Cirene que Me ajudou a levar a Cruz. Nos tempos que correm, sou Eu que faço o papel de Cireneu. Sou Eu que ajudo a levar a Cruz de tanta gente. E como continua a ser pesada, horrivelmente pesada, a Cruz!

 

 

5. Queria que soubésseis que também vos falo do silêncio do sepulcro. Ou seja, também vos falo quando (aparentemente) não digo nada.

 

Hoje, eu continuo a estar nas profundidades da vida, da vossa vida. Eu moro nos vossos corações.

 

Posso estar em silêncio, mas não estou escondido. Eu acompanho-vos sempre. Estou convosco, como prometi há dois mil anos.

 

Estou convosco nas horas de alegria. E estou convosco nos momentos de aflição.

 

As vossas alegrias são as Minhas alegrias. E as vossas dores nunca deixaram de ser as Minhas dores.

 

 

6. Muitas vezes, pensais que o fracasso é uma derrota.

 

Naquele tempo, também não faltou quem achasse que o sepulcro era como o ponto final num texto.

 

Pensavam que tudo estava terminado. Mas Eu ressuscitei. Voltei para o Pai e voltei para vós.

 

O próprio fim tornou-se um novo começo. Uma tarde de pesadelo deu lugar a uma aurora de esperança.

 

Tudo voltou a começar. Por isso, nunca comeceis a desistir e nunca desistais de começar.

 

Às vezes, temos de bater no fundo para recomeçar a subir e temos de ficar para trás para voltar a avançar.

 

Nem tudo está perdido quando muito parece perder-se. É quando parece que tudo acaba que tudo verdadeiramente começa.

 

 

7. Desejo-vos, pois, uma Páscoa com muita alegria, com muito amor, com muita paz.

 

Eu continuo a estar convosco. No próximo Domingo, entrarei em vossa casa. Vou na Cruz. Mas aquela já não é a Minha Cruz. É a Cruz de cada um de vós.

 

No próximo Domingo, Eu vou trazer as vossas dores. E vou deixar-vos a Minha paz.

 

De vós só quero uma coisa: que sejais felizes. Hoje. Amanhã. E sempre.

 

Jesus de Nazaré

Aquele que morreu por vós,

Aquele que ressuscitou para todos!

publicado por Theosfera às 10:01

O nosso contencioso com a verdade é tal que até no plano simbólico se manifesta.

Com tantos dias mundiais no calendário (alguns até se atropelam no mesmo dia), fomos capazes de arranjar um «dia da mentira», mas não temos conseguido encontrar nenhum «dia da verdade». Nem um único dia.

Acresce que a prática da mentira não se reduz ao dia que lhe é dedicado. Se calhar, hoje é o dia em que nos apercebemos mais das mentiras que se dizem.

É, portanto, o dia em que mais sobressai a verdade da mentira e em que mais avulta a mentira de muitas «verdades».

Infelizmente, a mentira já tem muitos dias. Para quê mais um?

Que a verdade possa ir despontando em cada dia. A começar, se possível, por este dia.

Não deixemos para amanhã a verdade que urge viver hoje!

 

publicado por Theosfera às 00:54

A única diferença é que hoje é um dia em que nos apercebemos melhor das mentiras que nos são contadas.

 

Nos outros dias, é mais difícil darmos conta dos equívocos em que nos metem.

 

Ao menos, hoje esboçamos um sorriso. Já nos outros dias, vamos escondendo muitas lágrimas.

publicado por Theosfera às 00:07

À Quarta-Feira da Semana Santa chamava-se, em tempos, «Quarta-Feira de Trevas».

Nesse dia, assim como na Quinta e na Sexta-Feira, celebravam-se os Ofícios chamados de Trevas (os «Tenebrae»), uma tradição medieval para lembrar os fiéis que a escuridão vai descer sobre a Terra com a morte de Jesus.

São salmos cantados no género de cantos gregorianos, de preferência «As lamentações do profeta Jeremias sobre Jerusalém», efectuados à noite na igreja, onde um candelabro triangular com 15 velas acesas, lembrando os 150 salmos da Bíblia, também chamado «Galo de Trevas» é colocado.

Por cada um deles que se canta, apaga-se uma vela do candelabro e do altar, fazendo também soar as matracas (instrumentos de madeira que produzem um som lúgubre), para lembrar que Jesus caminha para a morte.

Quando a última vela é apagada, a igreja fica às escuras e o som seco das matracas anuncia o efémero triunfo das Trevas sobre a Luz, desmentido pelo ténue brilho de uma vela acesa por trás do altar indicando que, através da Sua Ressurreição, Cristo triunfa sobre a Morte, derrotando essas mesmas Trevas.

publicado por Theosfera às 00:06

Hoje, 01 de Abril, é dia de S. Hugo de Grenoble e S. Macário.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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