O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 17 de Abril de 2015

O belo é o irmão gémeo do bom. O bom é belo e o belo é bom.

Para Fernando Pessoa, o belo é mais importante que o bom. «O belo é mais da essência das coisas. O bom é a beleza das almas, a beleza da acção».

O sentimento da beleza «é a visão das coisas como almas».

É por isso que, na visão pessoana, «nada é feio, tudo é belo, tudo é igualmente belo. O que temos por feio é em relação à nossa treva de sentidos que nos parece escuro».

A fealdade pode estar no nosso olhar.

Limpemos, então, os olhos. Se os olhos estiverem limpos, tudo será (mais) belo!

publicado por Theosfera às 10:07

O tempo é precioso: por causa da vida que se vive nele.

Percebe-se que Philip Dormer Stanhop reconheça que «a mais lamentável de todas as perdas é a perda de tempo».

Sobretudo porque perdemos sempre alguma coisa da vida quando desperdiçamos o tempo!

publicado por Theosfera às 09:49

Hoje, 17 de Abril, é dia de Sto. Aniceto, Sta. Maria Ana de Jesus, Sta. Catarina Tekakwitha e S. Benjamim Mantuano.

Um santo e abençoado dia para todos.

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 16 de Abril de 2015

1. Há palavras que funcionam como chaves. Permitem-nos abrir portas para a compreensão de tanta coisa.

«Pericorese» é uma das palavras mais estimulantes da Teologia. Ela pretende indicar a presença das pessoas divinas umas nas outras.

 

2. Jesus disse que Ele e o Pai eram um só (cf. Jo 10, 30). O mesmo acontece entre o Pai e o Filho com o Espírito Santo: cada um está nos outros, todos estão em todos.

A esta circularidade de vida e de amor chama-se precisamente «pericorese» ou «circumincessão».

 

3. Dizem que «pericorese» tem que ver com «dança». Trata-se de uma palavra composta por três radicais: 1) «peri», que significa «à volta de», ou «movimento circular» (como por exemplo perímetro, periférico); 2) «corea», que significa «dança», ou «bailado» (como por exemplo coreografia); e 3) «esis», que é um sufixo para formar palavras de acção ou processo.

A esta luz, «pericorese» era a palavra designada para o nome de uma dança tradicional em que um grupo de pessoas dançava de maneira circular e de mãos dadas.

 

4. A partir do século VIII, com S. João Damasceno, a «pericorese» foi aplicada à Cristologia, descrevendo a mútua interpenetração das duas naturezas de Cristo.

Mais tarde, passou a ser encarada como a comunhão entre as pessoas da Santíssima Trindade. Designa uma relação co-igual e co-eterna entre pessoas ao mesmo tempo iguais e diferentes: iguais na divindade, diferentes como pessoas.

 

5. Curiosamente, há evangelhos apócrifos que apresentam Jesus a dançar com os discípulos.

Os chamados «Actos de João» referem um episódio da Última Ceia a que dão o nome de «dança de roda da cruz».

 

6. Esta teria sido instituída por Jesus, ao dizer: «Antes de Eu ser entregue, cantemos um hino ao Pai».

Ordenou, então, que fosse formado um círculo à Sua volta, tendo todos dado as mãos e dançando. Os apóstolos gritaram «Ámen» à medida que era entoado o hino de Jesus.

 

7. Mais espantoso ainda é notar como algumas representações bizantinas do Crucificado mostram o corpo de Jesus a baloiçar, visando mostrar a unidade entre a morte e a ressurreição.

É o misto de humilhação e exaltação de que fala S. João (cf. Jo 12, 23) e que, no fundo, dá cumprimento à prece do Salmo: «Converteste em júbilo [há quem diga «em dança»] o meu pranto»(Sal 30, 12).

 

8. É claro que importa tomar algumas cautelas, evitando apresentar concepções de Deus só para agradar à «cultura mainstream».

Temos presente a (provocadora) posição de Nietzsche, que confessou só acreditar «num Deus que soubesse dançar».

 

9. Não terá sido em vão, porém, que a Teologia recorreu a estas imagens.

Tomás Halik notou que a dança pode ser «o símbolo da airosidade divina, da liberdade e da alegria, o símbolo da oposição ao "espírito de azedume" e ao "espírito de vingança"» de que, não raramente, o Cristianismo parece imbuído.

 

10. Não será esta alegria o alimento - e o permanente alento - da fé em Cristo? Não terá, por isso, chegado o momento de recompor a nossa vivência cristã, tantas vezes taciturna, enfadonha e, portanto, pouco pascal?

Não esqueçamos que somos depositários da notícia mais felicitante da história: a vitória da vida sobre a morte. Porquê, então, tanta tristeza? Porquê tanta cara de enterro? Não tenhamos medo de pôr uma «cara de gente salva». Até porque, em Jesus Cristo, fomos (mesmo) salvos!

 

 

publicado por Theosfera às 10:10

Por vezes, somos como certos carros que piscam num sentido e vão para o sentido contrário.

A dissimulação parece ser a ciência do ser humano e não apenas dos reis, como achava Richelieu.

Dissimular pode evitar alguns incómodos. Mas também não oferece entusiasmo.

Nada como o encanto da verdade!

publicado por Theosfera às 09:59

Lastimava-se Shakespeare: «Assim que nascemos, choramos por nos vermos neste imenso palco de loucos».

Há, porém, uma loucura que salva: a loucura da Cruz (cf. 1Cor 1, 18.23).

É a loucura da Cruz que nos salva da cruz provocada por tantas loucuras!

publicado por Theosfera às 09:45

Nem sempre acrescentar é sinónimo de aumentar.

Pensemos no caso da verdade. Como atesta a sabedoria judaica, «quem acrescenta coisas à verdade está a diminui-la».

A verdade veste-se com sobriedade. Não se reveste com adornos.

Os adornos, muitas vezes, impedem que se veja devidamente a verdade!

publicado por Theosfera às 09:38

Dizem que hoje é o Dia Mundial da Voz.

Pensemos não apenas nos que a usam. Pensemos também nos que não a podem usar, nos que são impedidos de a usar.

E habituemo-nos a ouvir não só os que falam. Habituemo-nos a ouvir também os que, calando, falam de outras formas.

Há murmúrios de vidas que nos passam ao lado.

Há silêncios que gritam e que reclamam uma oportunidade. A começar pelo próprio Deus.

Muito nos magoa o silêncio de Deus. Mas, como perguntava Sertillanges, «é Deus que está em silêncio ou somos nós que estamos surdos»?

publicado por Theosfera às 01:15

Era sábado santo, aquele 16 de Abril de 1927.

Às quatro e quinze da madrugada nasce um menino a quem puseram o nome de José.

Passadas quatro horas, já estava santificado pelas águas do Baptismo acabadas de benzer.

Tudo foi santo: o sábado santo, o baptismo santo, o padre santo e o santo padre.

José foi para o seminário. Foi ordenado presbítero em 1951 e bispo em 1977.

Em 1981 foi chamado para Roma a fim de colaborar com o Sumo Pontífice.

Quando pensava que a missão estava cumprida, viu que ela se tornou mais...comprida.

Faz, neste dia, 88 anos que nasceu o Papa Emérito.

Ontem José, hoje Bento.

Obrigado por tudo. Parabéns por hoje.

Saúde e felicidades para sempre!

publicado por Theosfera às 00:59

Hoje, 16 de Abril (88º aniversário do Papa Bento XVI), é dia de S. Bento José Labre, Sta. Engrácia de Saragoça e S. Magno da Escócia.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 15 de Abril de 2015

É impossível que memorizemos tudo, mas a nossa memória acaba por guardar o que importa.

Eduardo Galeano confessava: «A memória sabe de mim mais do que eu; e ela não perde o que merece ser salvo»!

publicado por Theosfera às 10:20

 

  1. Neste dia 15 de Abril, faz 374 anos que partiu uma embaixada portuguesa para Roma.

Objectivo? Obter o reconhecimento do Papa para a independência de Portugal, conseguida a 1 de Dezembro de 1640. Para liderar essa embaixada foi escolhido D. Miguel de Portugal, Bispo de Lamego.

 

  1. D. João IV queria que o Papa o reconhecesse como rei. Por isso, nada melhor do que colocar um clérigo à frente da delegação.

Com esse propósito, D. Miguel foi chamado a Lisboa a 8 de Janeiro de 1641 tendo sido distinguido com o título de «embaixador extraordinário».

 

  1. O rei admirava-o não só pelo seu saber, mas também «pela sua delicadeza natural».

É claro que esta era uma missão deveras melindrosa. Sabia-se que os representantes de Espanha iriam fazer tudo para impedir a audiência papal. Mas o rei já se contentava com um encontro privado.

 

  1. Como foi dito, a partida ocorreu a 15 de Abril. Em Paris, o Núncio Apostólico rescusou-se a receber a delegação portuguesa. Não era bom augúrio, mas nem isso foi motivo para desistir.
  2. Miguel chegou a Roma a 20 de Novembro, sete meses depois de ter saído de Lisboa, recebendo escolta pontifícia porque constava que os espanhóis já mobilizavam pessoal e armas.

 

  1. O Papa Urbano VIII esteve a par de todas as movimentações, mas nunca chegou a satisfazer as pretensões portuguesas.

A Espanha moveu as suas influências e conseguiu que o Sumo Pontífice não recebesse D. Miguel: nem como embaixador nem sequer como bispo!

 

  1. O máximo que conseguiu, depois de muita insistência, foi uma recepção pelas portas secretas. Mas isso foi rejeitado pelo bispo de Lamego.

Como refere Gonçalves da Costa, a Espanha «moveu uma verdadeira guerra diplomática enviando à cúria pontifícia longos e sucessivos memoriais contra o direito de D. João IV, libelos que os portugueses procuravam rebater pelo mesmo processo».

 

  1. Assim se foi passando o tempo. O ano de 1642 foi todo passado em Roma, com diligências portuguesas e obstáculos espanhóis. Estes não olharam a meios e, a 20 de Agosto, organizaram mesmo um atentado contra D. Miguel, que regressava de uma ceia em casa do embaixador francês.

O bispo de Lamego não foi atingido. Conseguiu chegar à sua residência. Mas do confronto resultaram vários mortos: cinco do lado português e oito do lado espanhol!

 

  1. D. João IV, que era cristão devoto, ficou desapontado e determinou que, se até 20 de Novembro (quando se completava um ano de permanência em Roma), o Papa não recebesse D. Miguel, este regressaria a Portugal.

Agastado e completamente exausto, abandonou Roma a 20 de Dezembro de 1642. O Papa nem a bênção apostólica deu ao representante do monarca português.

 

  1. A missão não teve o resultado desejado, mas D. Miguel não deixou de ter o reconhecimento devido. D. João IV ficou-lhe sempre grato e quis nomeá-lo arcebispo de Évora. Só que o Papa — uma vez mais! — não atendeu o seu pedido.

Mas ele também faleceu pouco depois, a 3 de Janeiro de 1644. Morreu porventura desapontado com o que se passou em Roma, mas certamente reconfortado por ter servido o seu país.

 

  1. Lamego não o esqueceu. A sua figura está imortalizada em frente ao Museu, que, como se sabe, foi, durante muito tempo, a Casa Episcopal. O monumento foi inaugurado em 1951 e é uma obra do escultor madeirense Francisco Franco.

Quem por ali passar terá oportunidade de evocar alguém que tinha Portugal no nome e no coração. E que fez tudo para que o país fosse reconhecido no mundo!

publicado por Theosfera às 09:43

Hoje, 15 de Abril, é dia de S. Crescente, Sta. Basilissa e Sta. Anastácia, S. César de Bus e S. Damião de Molokai.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 14 de Abril de 2015

 

  1. Acerca de Jesus, houve quem abrisse — há cerca de dois séculos — um prolongado contencioso entre a fé e a história.

A suspeita recai, desde logo, sobre as bases de trabalho.

 

  1. As fontes mais conhecidas têm na sua origem círculos próximos de Jesus.

Em princípio, este factor devia acrescentar credibilidade. Para alguns, porém, retira isenção.

 

  1. À partida, quem está perto vê melhor. Mas não falta quem alegue que ser próximo é ser parcial.

Os evangelhos foram escritos por pessoas que acreditavam em Jesus. É compreensível, mas, segundo diversos peritos, terá os seus inconvenientes.

 

  1. Dizem que a fé «fabrica» uma realidade para lá de qualquer verificação histórica.

Sob este ponto de vista, acreditar levaria a amplificar exponencialmente os cometimentos e a exaltar até ao extremo quem os praticou.

 

  1. Ninguém contesta que os evangelhos são um género literário específico.

Como bem sintetizou John Dominic Crossan, eles «foram escritos pela fé, para a fé e a partir da fé».

 

  1. Estritamente falando, os evangelhos não são compêndios de história. Mas é indiscutível que contêm preciosos contributos para a história.

Alguém nega que é pelos evangelhos que temos acesso aos principais momentos da vida de Jesus?

 

  1. Mas, já agora, que se diz sobre Jesus fora dos ambientes cristãos?

A poeira dos tempos muita coisa terá engolido. Mas, mesmo assim, alguns dados conseguiram chegar até nós.

 

  1. Tácito, historiador romano, refere que «Cristo foi executado no reinado de Tibério pelo procurador Pôncio Pilatos».

O Cristianismo, que ele (des)qualifica como «execrável superstição», apesar de reprimido, estendeu-se pela Judeia e foi anunciado na própria cidade de Roma.

 

  1. Por sua vez, Flávio Josefo, historiador judaico, apresenta Jesus como «um homem sábio, autor de actos extraordinários e mestre de pessoas que aceitavam a verdade com agrado».

Foram «muitos os judeus e também os gregos que Ele ganhou para a Sua causa».

 

  1. Embora Pilatos O tenha condenado a morrer na Cruz, «as pessoas que O tinham amado antes não deixaram de o fazer depois, pois Ele apareceu-lhes novamente vivo ao terceiro dia, milagre este, tal como outros em número infinito, que os divinos profetas tinham predito acerca d’Ele».

Em finais do século I, «ainda não tinha desaparecido a raça dos cristãos». Vinte séculos depois, esta mesma «raça» continua a espalhar-se por todo o mundo!

 

 

publicado por Theosfera às 10:47

Em plena «era videocêntrica», tudo é visto até ao limite da saturação.

Existe uma espécie de «gula da visão» que nunca parece saciar-se.

Guntter Grass, ontem falecido, achava que, hoje em dia, «nada deixa de ser visto, até o papel de parede é melhor memorizado do que muitos seres humanos».

Curiosamente, já Fernando Pessoa afirmava que «morrer é não ser visto».

Quem não se mostra arrisca-se a ser dado como eliminado.

Acresce que o objectivo de ver nem sempre é para ajudar. Ver serve de pretexto para intrigar, para suspeitar ou, como sói dizer-se, para «cuscar».

Mas ainda há quem nunca seja visto. Ainda há quem seja esquecido.

E, no fim, há quem seja devassado depois de ser (mal)visto!

publicado por Theosfera às 09:56

O adiamento é tão prejudicial como a precipitação.

E a vida deste dia não pode ser vivida noutro dia.

Atenção, pois, ao aviso de Marcial: «É já tarde começar a viver hoje: o sábio começou ontem»!

publicado por Theosfera às 09:10

O Titanic tinha tudo para não falhar.

 

Houve até quem dissesse que nem Deus conseguiria afundá-lo.

 

Faz hoje 103 anos que os factos desmentiram (tragicamente!) as pretensões.

 

O deslumbramento não é bom conselheiro.

 

No Titanic perderam-se muitas vidas e naufragaram muitas ilusões.

 

A lei das proporções verificou-se: grandes empreendimentos, grandes fracassos.

 

A «omnipotência» pode albergar uma «omnifragilidade»!
publicado por Theosfera às 00:45

Hoje, 14 de Abril, é dia de Sta. Ludovina, S. Pedro González Telmo e Sto. Hermenegildo.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 13 de Abril de 2015

Bom é sonhar. Belo é sonhar a realidade. Melhor ainda será (poder) realizar o sonho.

Não é fácil e, às vezes, pecamos por falta de comparência.

Fernando Pessoa reconheceu: «Alguns têm na vida um grande sonho e faltam a esse sonho. Outros não têm na vida nenhum sonho, e faltam a esse também»!

publicado por Theosfera às 09:17

A Igreja nascente pautava a sua conduta pela parrhesia, por uma grande coragem.

 

Nem os tribunais conseguiam deter o ímpeto testemunhal dos apóstolos.

 

Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens.

 

D. António Ferreira Gomes (que morreu faz hoje 26 anos) fez ecoar esta máxima: «De joelhos diante de Deus, de pé diante dos homens».

 

Vale a pena ser cristão assim. Só assim. Sempre assim.

publicado por Theosfera às 00:22

Hoje, 13 de Abril, é dia de Sta. Ida de Bolonha, S. Martinho I e Sta. Margarida de Métola.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 12 de Abril de 2015

Páscoa é todos os dias, Páscoa é todo o tempo.



Páscoa não foi. Páscoa é. A Páscoa não passa. A Páscoa é passagem, mas nunca é passado.



A Páscoa não foi apenas há oito dias. A Páscoa também é hoje.



Também hoje, Senhor, vens ter connosco. Também hoje nos dás a Tua paz, o Teu perdão, o Teu amor.



O Teu mandamento não é pesado, o Teu jugo é suave, a Tua carga é leve.



Quando Te amamos, amamos também as pessoas. Quando amamos as pessoas, amamos-Te também a Ti.



Também hoje, queremos ter um só coração e uma só alma.



Também hoje, queremos pôr tudo em comum.



Também hoje, queremos que ninguém passe necessidade, que ninguém tenha fome.



Também hoje, queremos conjugar, com os lábios e com a vida, o verbo «dar», o verbo «repartir», o verbo «amar».



O que é de cada um queremos que seja de todos.



Ajuda-nos, Jesus, a vencer a pior doença: o egoísmo.



Ensina-nos, Jesus, a vencer a falsidade e a mentira.



Envolve-nos, Jesus, com a Tua misericórdia e habita-nos com a Tua bondade.



Obrigado, Jesus, por morreres por nós.



Obrigado, Jesus, por ressuscitares para nós.



Obrigado por vires sempre ao nosso encontro.



Como S. Tomé, também hoje Te adoramos, também hoje Te dizemos:



«Meu Senhor e meu Deus!»

publicado por Theosfera às 10:27

Há coisas em que Deus é profundamente imoderado.

Pensemos na misericórdia, por exemplo.

Deus é imoderadamente misericordioso.

Os Seus olhos estão sempre voltados para os homens. Quanto mais eles estão afastados d'Ele, tanto mais perto Ele está deles.

Tomé não esteve até ao fim. Manteve-se longe da Cruz. Também não esteve no primeiro (re)encontro depois do fim.

Ainda assim, Jesus não desistiu de Tomé. Convidou-o a colocar o seu dedo nas Suas mãos e instou-o a ser crente (cf. Jo 20, 27).

A misericórdia, para Deus, tem dois ingredientes: compaixão e não resignação.

Deus vem até ñós não para confirmar o que somos, mas para nos conduzir ao que podemos (vir a) ser.

Misericórdia sem conversão seria como doença sem cura.

Que diríamos de um médico compassivo para com o doente, mas sem se preocupar em curar o doente?

A misericórdia, segundo Deus, não consiste em deixar-nos como estamos, mas em abrir-nos sempre ao novo, sempre ao diferente, sempre ao melhor.

Deus não desiste de nós. Não desistamos nós de Deus!

publicado por Theosfera às 08:58

«Nunca somos traídos senão pelos nossos».

Não era preciso vir Jean-Marie lembrar este (triste) desígnio a propósito de sua filha Marine.

Desde a aurora dos tempos, a vida ensina-nos que a traição é «confeccionada» em casa e «servida» aos nossos.

Afinal, Judas também fez «escola»!

publicado por Theosfera às 08:33

Havia um homem que corria pelo orvalho dentro.
O orvalho da muita manhã.
Corria de noite, como no meio da alegria,
pelo orvalho parado da noite.
Luzia no orvalho. Levava uma flecha
pelo orvalho dentro, como se estivesse a ser caçado
loucamente
por um caçador de que nada sabia.
E era pelo orvalho dentro.
Brilhava.

Não havia animal que no seu pêlo brilhasse
assim na morte,
batendo nas ervas extasiadas por uma morte
tão bela.
Porque as ervas têm pálpebras abertas
sobre estas imagens tremendamente puras.
Pelo orvalho dentro.
De dia. De noite.
A sua cara batia nas candeias.
Batia nas coisas gerais da manhã.
Havia um homem que ia admiravelmente perseguido.
Tomava alegria no pensamento
do orvalho. Corria.

Ouvi dizer que os mortos respiram com luzes transformadas.
Que têm os olhos cegos como sangue.
Este corria assombrado.
Os mortos devem ser puros.
Ouvi dizer que respiram.
Correm pelo orvalho dentro, e depois
estendem-se. Ajudam os vivos.
São doces equivalências, luzes, ideias puras.
Vejo que a morte é como romper uma palavra e passar

- a morte é passar, como rompendo uma palavra,
através da porta,
para uma nova palavra. E vejo
o mesmo ritmo geral. Como morte e ressureição
através das portas de outros corpos.
Como uma qualidade ardente de uma coisa para
outra coisa, como os dedos passam fogo
à criação inteira, e o pensamento
pára e escurece

- como no meio do orvalho o amor é total.
Havia um homem que ficou deitado
com uma flecha na fantasia.
A sua água era antiga. Estava
tão morto que vivia unicamente.
Dentro dele batiam as portas, e ele corria
pelas portas dentro, de dia, de noite.
Passava para todos os corpos.
Como em alegria, batia nos olhos das ervas
Que fixam estas coisa puras.
Renascia.

 

(Herberto Hélder)

publicado por Theosfera às 08:19

São os que acontecimentos que fazem a história. E esses acontecimentos são, por sua vez, tecidos de um interminável combate entre o sonho e a realidade.

Mariano Picón Salas reconhecia que «a história é o incalculável impacto da circunstâncias sobre as utopias e os sonhos».

Esperamos que a história também possa ser o felicitante impacto dos sonhos sobre as circunstâncias.

Umas vezes, são as circunstâncias a devorar os sonhos. Outras vezes (esperemos que muitas vezes), serão os sonhos a transfigurar as circunstâncias!

publicado por Theosfera às 07:55

A. O grande sinal da Páscoa

  1. Depois do fim, um novo começo. A Ressurreição é o novo começo, o definitivo recomeço. Não se recomeça para repetir. O sepulcro vazio assinala uma história que permanece em aberto. O primeiro dia daquela semana (cf. Jo 20, 19) é a primeira hora de um tempo novo. Uma vida ressuscitada assume o passado, mas não estaciona no passado. No passado estacionavam os discípulos naquela tarde (cf. Jo 20, 19). Para eles, a noite parecia mais próxima do que uma nova amanhã.

Tantas vezes, o nosso estado de espírito é semelhante ao destes discípulos. Também nós estamos com «as portas fechadas» e cheios de «medo» (cf. Jo 20, 19). Estamos fechados por causa do medo, estamos com medo por causa de estarmos fechados. Até parece que a Páscoa ainda não aconteceu, até parece que a Páscoa ainda não passou. Ou, então, até parece que a Páscoa já passou completamente. Mas, tal como há dois mil anos, Jesus não desiste. Ele é a chave que abre o que está fechado e o destemor que vence o medo.

 

  1. Para Jesus, não há barreiras intransponíveis nem obstáculos inultrapassáveis. O Ressuscitado não Se ausenta. Das doze aparições do Ressuscitado que o Novo Testamento regista, cinco acontecem logo no dia da Ressurreição. Este texto fala-nos de duas: uma no dia da Ressurreição, outra oito dias depois. Jesus não esquece os Seus discípulos. Jesus vem para o meio deles, como que a dizer que Ele é o centro da sua vida. Quando Jesus está no meio de nós, a paz é total. Jesus ressuscitado é o portador da paz. «A paz esteja convosco»(Jo 20, 19. 21. 26) é mais do que uma saudação habitual entre os judeus. Como anunciou Miqueias (cf. Miq 5, 5) e como proclamou S. Paulo (cf. Ef 2, 14), Cristo é efectivamente a nossa paz.

A paz da Páscoa é a aurora de um mundo novo e o alicerce de uma vida inteiramente renovada. É esta paz da Páscoa que se respira na Igreja dos primeiros tempos. É esta paz da Páscoa que leva os seus membros a terem «um só coração e uma só alma»(Act 4, 32). Era Jesus que os unia. Por causa dessa união, punham tudo em comum (cf. Act 4, 32). Ninguém tinha nada e a ninguém faltava nada. Eis o grande sinal da Páscoa: ninguém considerava seu o que era comum; todos optavam por considerar comum o que era seu (cf. Act 4, 32-34).

 

B. A nossa missão é a missão de Jesus

 

3. Que belo alicerce encontramos aqui para o «Estado social»! Este só tem sustentação quando a necessidade prevalece sobre a posse. O outro é visto não como problema ou entrave, mas como prioridade. Quando o outro é a prioridade, ninguém passa mal. Quando o tu é a prioridade para cada eu, ninguém acumula o supérfluo, todos têm acesso ao essencial.

Infelizmente, hoje há poucos opulentos e muitos necessitados. Há poucos que têm muito e muitos que têm pouco ou quase nada. Entre os cristãos da primeira hora, não havia «qualquer necessitado»(Act 4, 34). Tertuliano dá-nos conta do espanto dos que não eram cristãos quando olhavam para o comportamento dos cristãos: «Vede como eles se amam!» No fundo, eles apercebiam-se de como a palavra dos lábios se repercutia na palavra da vida.

 

  1. Ao mostrar «as mãos e o lado»(Jo 20, 20), o Ressuscitado identifica-Se com o Crucificado e com todos os crucificados. E é sobretudo para junto dos crucificados da vida que Ele nos envia. O Seu exemplo há-de surgir como a nossa razão de existir: «Como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós»(Jo 20, 21).

Uma vida ressuscitada é uma vida enviada. A nossa missão há-de ser a missão do próprio Jesus. Como Ele fez, façamos nós também (cf. Jo 13, 15). Uma vez que Ele veio para servir, nós também somos chamados a servir (cf. Mt 20, 28). Quem não serve, não serve para a missão.

 

C. Alguém viu para crer; nós cremos para ver

 

5. Ao soprar sobre os discípulos, Jesus quer vincar a identificação da missão dos Seus discípulos com a Sua missão. É curioso notar que o verbo aqui utilizado é o mesmo do texto grego de Génesis 2,7, quando se diz que Deus soprou sobre o homem, infundindo-lhe a vida de Deus. Com o «sopro» do Génesis, o homem torna-se um ser vivo; com este «sopro», os discípulos de Jesus tornam-se pessoas novas.

A partir de agora, os discípulos possuem o Espírito, para poderem dar-se generosamente aos outros. Trata-se de um espírito de perdão, que aliás o próprio Jesus já tinha assumido na Cruz. O perdão de Jesus é oferecido na Igreja de Jesus (cf. 20, 23). É na Igreja que encontramos Jesus. É na Igreja que reencontramos o perdão de Jesus.

 

  1. Não espanta que os discípulos ficassem cheios de alegria (cf. Jo 20, 20). Ver Jesus é a maior fonte de alegria e a decisiva fonte da missão. Quem vê Jesus é convidado a dizer isso mesmo: que viu Jesus. E, por conseguinte, é convidado a convidar outros para que possam também ver Jesus.

Acontece que, naquela tarde, um dos discípulos não estava presente. Não acreditou no testemunho dos outros: quis ver para crer. Para Tomé, ver foi o caminho para crer. Para nós, crer há-de ser o caminho para ver. No fundo, nós sentimos que só vemos quando cremos. A fé é luz, é uma visão, é uma iluminação. A experiência diz que a fé não nos isenta de dúvida. Tantas são as vezes em que a fé tem de conviver — e nem sempre de forma pacífica — com a dúvida.

 

D. É a «porta das chagas» que nos leva à fé

 

7. É fácil censurar Tomé, mas quem pode negar que, em nós, sobrevive muito de Tomé? É por isso que, tal como insinua o seu apelido, ele é nosso «gémeo» e nós somos «gémeos» dele. S. Gregório Magno até reconheceu que «a incredulidade de Tomé foi mais útil para a nossa fé do que a fé dos discípulos crentes». De facto, tal incredulidade atesta que as nossas dificuldades não são únicas nem foram as primeiras. Só que nem a incredulidade constitui obstáculo para a fé. Há muitos que passam da fé para a incredulidade. Tomé ensina-nos que é possível passar da incredulidade para a fé. Nossa é, muitas vezes, a hesitação de Tomé. Nossa deverá ser também a confissão de Tomé.

«Meu Senhor e meu Deus!»(Jo 20, 28) é a maior proclamação de fé na divindade de Jesus que existe no Novo Testamento. Mas, para isso, foi preciso passar pela dúvida, pela incredulidade. Foi preciso ver o ferido e tocar nas feridas. É fundamental não esquecer que à fé chegamos pela «porta das feridas».

 

  1. Muito comovente é sentir que Tomé chega à fé pela «porta das feridas». Alguém conseguirá aderir à fé sem ser pela «porta dos feridos»? Como bem notou Tomás Halik, só atinge a certeza da fé quem, «ao tocar nas feridas do mundo, toca em Deus». Consta que Pascal, estando impedido de comungar, começou a cuidar de um pobre. Era uma forma de continuar a receber o Corpo de Cristo. Também se conta que, um dia, Satanás terá aparecido a S. Martinho disfarçado de Cristo. O santo, porém, não se deixou enganar. «Onde estão as tuas chagas?», perguntou.

Tirar as chagas de Cristo é o mesmo que desfigurar Cristo. E retirar Cristo das chagas é o mesmo que agravar — ainda mais — as (nossas) próprias chagas. Uma religiosidade telegénica, que não aterra nas chagas da vida, é por muitos exaltada. Mas será muito exaltante? Tomás Halik não acredita em «religiões sem chagas». Não foi pelas chagas que fomos curados (cf. Is 53, 5; 1Ped 2, 24)?

 

E. Cuidar das feridas, não ferir

 

9. Também hoje, neste nosso tempo de contrastes, Jesus continua a convidar-nos a colocar o nosso dedo nas Suas chagas (cf. Jo 20, 27). Nas chagas de tantos irmãos nossos, continuamos a poder tocar no próprio Jesus. Quem toca nas chagas deste mundo toca em Jesus. O caminho que Jesus propôs a Tomé é o caminho que continua a propor a cada um de nós: tocar nas chagas desta vida. Quem não olha para os feridos está a ferir o próprio Jesus Cristo.

Há tanta gente ferida e há tanta gente a quem nós ferimos. O caminho de Tomé há-de ser, pois, o nosso caminho: não ferir, mas tocar nas feridas para ajudar a sarar as feridas. Jesus ressuscitado continua no tempo, ao lado daqueles que estão feridos em cada tempo. É com as nossas mãos que Ele quer tocar nessas feridas. É ao tocar nessas feridas que nós acabaremos por tocar no próprio Jesus. Afinal, alguém já sofreu o que nós sofremos. Alguém já passou o que nós passamos. E se Jesus tudo conseguiu vencer, como é que nós haveríamos de estar impedidos de triunfar? É com Jesus que tocamos tantas chagas. Será por Jesus que havemos de vencer todas as feridas.

 

  1. A Páscoa é um novo nascimento, uma nova vida, habitada por uma nova esperança. Esta novidade torna-se visível pelo amor. Quem nasce de Deus é convidado a viver no amor de Deus e no amor com os irmãos. S. João torna tudo muito claro: «Todo aquele que acredita que Jesus é o Cristo nasceu de Deus e todo o que ama Aquele que gerou ama também quem nasceu d’Ele»(1Jo 5, 1).

Que fique, então, tudo de parte. Que só fique o amor. E quando fica o amor, fica tudo: fica Deus e ficamos todos nós em Deus. É a Páscoa plena. E a felicidade total!

 

publicado por Theosfera às 07:48

Hoje, 12 de Abril (2º Domingo da Páscoa e da Divina Misericórdia), é dia de S. Júlio I, S. Zenão de Verona, S. Vítor de Braga e Sta. Teresa de Jesus (chilena).

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 11 de Abril de 2015

O tempo alcança o que a razão nem sempre consegue.

Thomas Paine percebeu esta eficácia: «O tempo faz mais convertidos do que a razão».

A razão pode ver. Mas o tempo ajuda a tudo enxergar!

publicado por Theosfera às 22:23

Entre o primeiro e o segundo Domingo da Páscoa encontramos Jesus ressuscitado e a reacção dos discípulos.

Os discípulos são aqueles que vêem, ouvem, duvidam, tocam e anunciam.

Ontem como hoje!

publicado por Theosfera às 13:06

A pontualidade é uma virtude. E é também um sinal de respeito. Mas arrisca-se a ser igualmente um tormento.

Como percebeu Millor Fernandes, «pontual é alguém que decidiu esperar muito».

Mas, em nome do supracitado respeito, antes esperar do que fazer esperar!

publicado por Theosfera às 13:05

Hoje, 11 de Abril, é dia de Nossa Senhora dos Prazeres, Sto. Estanislau, Sto. Isaac e Sta. Helena Guerra.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Sexta-feira, 10 de Abril de 2015

Freud terá dito que «duas pessoas só podem estar de acordo se só uma delas pensar».

Parte-se do princípio de que, se as duas pessoas pensarem, o acordo não é possível.

De facto, o pensamento tem muitas vias. Tantas são essas vias que, às vezes, o próprio pensamento parece ínvio.

Mas acredito no pensamento como procura. E quando se procura, pode haver encontro.

O caminho é o lugar de encontro dos viandantes!

publicado por Theosfera às 09:55

Achava Gabriel García Marquez que «um minuto de reconciliação vale mais do que toda uma vida de amizade».

De facto, sabe muito bem voltar a trilhar caminhos que acharíamos impossíveis de voltar a percorrer.

Já dizia o Mestre dos mestres que não há alegria maior do que o regresso de um pecador arrependido (cf. Lc 15, 7)!

publicado por Theosfera às 09:42

Hoje, 10 de Abril, é dia de Sto. Ezequiel, S. Terêncio, S. Macário, S. Fulberto, Sto. António Neyrot e Sta. Madalena de Canossa.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 09 de Abril de 2015

Conta-nos S. Lucas (23, 46) que o Filho de Deus, antes de exalar o último suspiro, confirmou a entrega que, desde sempre, fizera do Seu ser: «Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito».

 

É uma expressão em que ressoa fortemente uma das orações modelo do Antigo Testamento: «Nas Tuas mãos entrego o meu espírito» (Sal 31, 6). Faz parte de um salmo de súplica individual, que contém elementos de louvor e acção de graças. Na Bíblia, as mãos de Deus invocam o Seu poder (cf. Deut 4, 34), mas evocam acima de tudo o Seu amor para com o justo (cf. Sal 89, 22; Jb 5, 18; Sab 3, 1).

 

Daí que até Antero de Quental tenha recorrido a esta imagem para se dirigir aos céus: «Na mão de Deus, na Sua mão direita, repousa, afinal, meu coração».

 

Como o salmista, também Jesus Se sabe escutado. Tanto mais que se entrega ao Pai quem sempre cultivara uma intensíssima relação com Ele.

 

É profundamente sintomático notar como, na narrativa lucana, o Pai, que surge na última frase pronunciada por Jesus, aparece já na Sua primeira intervenção: «Não sabíeis — pergunta a José e a Maria — que devia estar em casa de Meu Pai?» (Lc 2, 49). Não admira, por tudo isto, que volte a figurar na derradeira instrução dada aos Onze após a ressurreição: «Vou mandar sobre vós o que Meu Pai prometeu» (Lc 24, 49).

publicado por Theosfera às 10:38

Já Marie-Dominique Chenu alertara, há décadas, que «o nosso campo de trabalho é o acontecimento».

 

Agora, é o escritor brasileiro Zuenir Ventura (que tem um espantoso livro sobre a inveja) que nos adverte: «O meu tempo é hoje».

 

Hoje é, de facto, a grande oportunidade. Embora pareça também o maior problema.

 

Não transformemos, pois, a oportunidade em problema. Apostemos em transformar o problema em oportunidade.

publicado por Theosfera às 10:36

Um pastor modelado pelas mãos do Pai não é um tarefeiro, mas alguém que transporta a imagem que, em Cristo, Deus esculpiu no Homem. No que diz e no que faz, ele como que iconiza o amor que Deus consagra à humanidade.

 

Enquanto «ministro da Trindade» (minister Trinitatis, na linguagem de S. Tomás), o apóstolo é o transmissor do amor por antonomásia. De um amor que tem Deus como absoluto e o Homem como prioridade. De um amor que constrói o Céu sem renunciar à incessante reconstrução da Terra. Tanto mais que, como adverte Paul Valadier, «só se chega mais acima assumindo o que está em baixo». De resto, já S. Gregório de Nazianzo asseverava há séculos que «aquilo que não é assumido não é salvo» (quod non est assumptum non est sanatum).

 

Não há amor sem entrega e não pode haver entrega que não seja ilimitada. É por tal motivo que entregar é o verbo fulcral da Eucaristia e o verbo decisivo da missão.

 

A entrega de Cristo é sacramentalmente actualizada para ser existencialmente reproduzida. No seguimento de Jesus, também o apóstolo se entrega ao Pai por todos os homens.

 

Ao depositar o seu ministério no altar da Cruz e no coração da Trindade, o discípulo certifica a sua disponibilidade para, em cada dia, ser homo Dei («homem de Deus») e homo homnibus («homem para os homens»).

 

O encontro com Deus não contende com o compromisso social nem com o vigor profético. Pelo contrário, aflora como a sua raiz, a sua autêntica alma e o seu permanente alimento.

 

É o amor a Deus que nos impele — imediata e imperativamente — para o amor ao próximo. Pelo que a oração não colide com a missão nem a espiritualidade conflitua com a acção social. Dir-se-ia que há uma espécie de sócio-espiritualidade estribada no duplo mandamento: «Quem ama a Deus, ame também o seu irmão» (1 Jo 4, 21).

publicado por Theosfera às 10:26

Krónos e Kairós são duas palavras diferentes para tentar dizer o mesmo: o tempo.

 

Krónos é cruel. Filho de Urano e de Gaia, libertou os irmãos do ventre da terra, tornando-se o chefe dos titãs.

 

Receando, porém, um sucessor humano, devorou os seus próprios filhos.

 

Apenas o filho mais novo conseguiu salvar-se: Zeus. Este, quando cresceu, dominou o pai passando a governar os homens.

 

O tempo, tantas vezes, devora as pessoas.

 

Estamos subjugados por ele.

 

Estamos sempre a olhar para o relógio.

 

Suspiramos pelo tempo e chegamos sempre à conclusão de que não temos tempo.

 

Já o Kairós é doce, é suave, é a medida certa.

 

Tem asas nos pés ou nos ombros.

 

Caminha sobre os bicos dos pés.

 

Na testa tem um tufo de cabelo. A nuca é careca.

 

As oportunidades devem ser aproveitadas até porque o momento é efémero como mostra a nuca lisa.

 

O Kairós é representado pelo número sete, que recorda a história bíblica da criação.

 

O Kairós é, pois, o momento decisivo, no qual Deus oferece a felicidade às pessoas.

 

Caminho a seguir? Transformar o Krónos em Kairós, trazendo a eternidade para o tempo.

publicado por Theosfera às 10:18

A nossa vida contém muito de speculum (espelho) e de spes (esperança).

 

Que ela seja encarada como espelho de uma Igreja com uma já longa trajectória de fidelidade.

 

E que ela possa ser acolhida como esperança inspiradora de uma nova inquietação em ordem a uma renovada procura.

 

 

Urge, na verdade, reinventar caminhos que permitam dessedentar a sede de infinito que se pressente em cada passo e preencher a profunda saudade de Deus que se divisa em cada olhar.

 

 

Queremos vencer a atonia espiritual e a anemia pastoral em que, frequentemente, nos deixamos atolar.

 

Importa, por isso, que as raízes do nosso ser Igreja sejam alimentadas pela mais pura seiva do amor trinitário na certeza de que, como diria António Ramos Rosa, tais raízes «não estão atrás; puxam-nos para a frente».

publicado por Theosfera às 10:12

Qual é a diferença entre o homem insensato e o homem prudente?

Dizia Aristóteles: «O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz».

Eis o que falta, hoje.

Eis o que urge. Hoje e sempre!

publicado por Theosfera às 09:53

Hoje, 09 de Abril, é dia de Sta. Cassilda, Sto. Acácio de Amida e Sta. Maria Cléofas.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 08 de Abril de 2015

 

  1. É certo e sabido que crescemos cada vez mais depressa, mas amadurecemos cada mais devagar.

Temos acesso a muitos conhecimentos muito cedo. Mas propendemos a tomar atitudes decisivas muito mais tarde. Ou, então (o que é outro indicador a ter em conta), as atitudes que julgávamos definitivas num momento passam a transitórias no momento seguinte.

 

  1. Há quem diga que estamos numa «sociedade adolescêntrica». Os comportamentos da adolescência tendem a prolongar-se ao longo da vida.

Surgiu, entretanto, um estudo que garante que os homens só atingem a maturidade aos 54 anos. Confesso que esta precisão me deixa atónito. Aos 54 anos? Porque não aos 53 ou aos 55?

 

  1. Aliás, eu até acho que, num certo sentido, adolescentes seremos sempre.

Adolescente significa o que está a crescer. Alguma vez podemos garantir que já crescemos totalmente?

 

  1. Muito se exalta o colectivo. Mas dá para entender que, frequentemente, a exaltação do colectivo visa esvaziar a pessoa.

É fundamental apostar na interacção entre pessoa e comunidade. Não há pessoa sem comunidade, nem comunidade sem pessoa. Como pretender, pois, a renovação do colectivo sem priorizar a renovação da pessoa? Já dizia Agostinho da Silva que «é ilusória toda a reforma do colectivo que se não apoie numa renovação pessoal».

 

  1. Porque é que tão poucos suportam a verdade? A sabedoria judaica acha que é por causa do peso: «a verdade é pesada; por isso poucos a suportam».

Mas, pensando bem, o peso da verdade é bem leve. O peso da mentira é muito mais difícil de suportar.

 

  1. Nem sempre uma gargalhada revela alegria.Uma gargalhada pode esconder muita tristeza.

Já dizia Victor Hugo: «A gargalhada é o sol que varre o Inverno do rosto humano». Só que o Inverno volta sempre.

 

  1. A ordem é necessária, mas pode oprimir. A desordem pode ser agradável, mas acaba por complicar.

Paul Valéry anotou: «Estamos ameaçados por duas calamidades: a ordem e a desordem».

 

  1. A fama é uma coisa muito fugidia. Acaba tão depressa como começa. Nem sempre é alimentada com as melhores atitudes. Afinal, a fama também pode ser servida sob a forma de difamação.

E quando a fama é melhor, é sinal de que já cá não estamos. Einstein reparou: «A fama é como os cabelos: cresce depois da morte, quando já lhe é de pouca serventia». Coisa pouca, pois, é a fama.

 

  1. Uma dor vem. Uma dor vai. Uma dor volta. E lá vamos nós sobrevivendo, de dor em dor.

Christian Hebbel sustentou: «O facto de as dores se revezarem torna a vida suportável».

 

  1. Não é por haver muitas promessas que muito se cumpre. Vittorio Alfieri dizia que «os mentirosos estão sempre prontos a jurar». Juram sempre. E mentem continuamente.

Quem «verdadeia» não precisa de o anunciar. Basta «verdadear». Basta viver na verdade.

 

  1. Uma opção tem de ser tomada. John Kennedy sinalizou-a: «A humanidade tem de acabar com a guerra antes que a guerra acabe com a humanidade».

Se adiarmos para tarde, pode ser tarde demais.

 

  1. A pobreza é um problema. Há muitas formas de pobreza. Qual será a maior pobreza? Madre Teresa de Calcutá não tinha dúvidas: «A falta de amor é a maior de todas as pobrezas».

Quanto ao amor, os amigos merecem-no, os outros precisam dele!

 

publicado por Theosfera às 22:52

O ocaso aproxima-se.

Já morreram muitos dos que nos viram nascer e crescer.

Já morreram muitos dos que nos acompanharam quando éramos crianças e jovens.

E vão morrendo muitos dos que estiveram ao nosso lado quando já éramos adultos.

A eternidade acena. A vida é assim. Não há drama.

É a realidade do tempo que desagua no mar tranquilo da eternidade.

Importante é estar pronto e disponível.

O som da chamada pode vir a qualquer momento, quando menos se espera!

publicado por Theosfera às 15:36

Achava Bernanos que «a esperança é a maior e a mais difícil vitória que um homem pode ter sobre a alma».

Eu não diria tanto sobre a alma, mas da alma.

De facto, a esperança é a grande vitória da alma sobre a realidade.

Significa que a alma não desiste de trabalhar para que a realidade seja diferente. E cada vez melhor!

publicado por Theosfera às 13:27

Somos nós que passamos pela vida ou é a vida que passa por nós?

Somos nós que vivemos ou é a vida que nos vive?

Jean-Paul Sartre confidencia: «Ainda que fôssemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de acção».

Ao fim e ao cabo, não seremos activamente passivos? Ou, talvez, passivamente activos!

publicado por Theosfera às 13:14

Entender não é fácil.

É difícil entender a vida. É difícil entender o próprio entendimento.

Mas se entendêssemos tudo, seríamos humanos?

Fernando Pessoa alerta: «Se o nosso espírito pudesse compreender a eternidade ou o infinito, saberíamos tudo. Até podermos entender esse facto, não sabemos nada».

Mas não será este «nada» o essencial?

publicado por Theosfera às 13:10

Hoje, 08 de Abril, é dia de S. Dionísio, S. Gualter Abade, Sta. Constança de Aragão, Sta. Teresa Margarida do Sagrado Coração de Jesus e S. Domingos do Santíssimo Sacramento.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 07 de Abril de 2015

 

  1. A Páscoa é o silêncio que fala, a escuridão que brilha, a lágrima que sorri, o fim que (re)começa.

O inesperado vence o inevitável. E o Logos, uma vez mais, despedaça toda a lógica.

 

  1. Ainda há pouco a Palavra se calava e a Luz escurecia. Até o sorriso chorava. A morte vencera?

Afinal, tudo estava consumado (cf. Jo 19, 30).

 

  1. Acontece que nós não percebemos que consumado não é o mesmo que terminado.

Jesus tinha consumado a missão, mas não deu por terminada a presença.

 

  1. Não é possível dar mais quando se dá tudo. Jesus deu a vida e nem sequer deixou de Se dar depois da morte.

Até o que restava — sangue e água — Lhe foi tirado (cf. Jo 19, 34). Continuava a ser consumido o que já estava consumado.

 

  1. Jesus é nosso, mesmo quando a morte tenta afastá-Lo de nós.

Para que não se perca ninguém, aceita perder tudo. Depois da morte, até o Seu corpo foi dado como perdido (cf. Jo 20, 11).

 

  1. Foi do lugar da morte que Jesus regressou ao encontro dos vivos (cf. Jo 20, 15).

Do máximo fracasso irrompe, assim, o máximo triunfo. O vencido desperta como vencedor.

 

  1. Como reconheceu Tomas Halik, a Páscoa é «a vitória mediante a derrota».

A vida renasce da morte. A luz reacende-se nas trevas. O dia acorda na noite. O sorriso é sulcado no pranto. Um novo começo se levanta após o fim.

 

  1. É do fundo que se sobe. É de baixo que se cresce. É na morte que se (re)vive.

A fé não ilude nem nos tantaliza. Ela testemunha que nem Deus foge da morte. A morte em Deus retira qualquer sentido às inflamadas proclamações da morte de Deus.

 

  1. A Ressurreição põe a descoberto o que na morte jazia encoberto.

A Cruz está no tempo para nos guiar até à eternidade. Só quem desce às profundezas consegue atingir as alturas.

 

  1. Jesus ressuscitado volta a percorrer os nossos passos (Lc 24, 23-35) para que nós possamos prosseguir o Seu caminho.

É por isso que os passos de uma vida pascal nunca serão simplesmente passos. Serão passos sempre em «compasso». Em «compasso» com Deus em direcção à humanidade. Em «compasso» com a humanidade em direcção a Deus!

 

publicado por Theosfera às 10:47

Afinal, como classificar as pessoas? Quem são as pessoas verdadeiramente superiores?

Os poderosos? A experiência não é brilhante.

Os abastados? Os factos não são muito abonatórios.

Em ambos os casos, a decepção é o sentimento dominante.

Para Eurípedes, «o homem superior é o que permanece fiel à esperança».

Homem superior é aquele que não desiste de lutar por aquilo em que acredita, mesmo em prejuízo dos seus interesses e conveniências!

publicado por Theosfera às 10:23

Hoje, 07 de Abril (Terça-Feira da Oitava da Páscoa), é dia de S. João Baptista de La Salle, Sto. Hermano José e Sta. Maria Assunta Pallota.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 06 de Abril de 2015

Cada dia tem 24 horas.

Mas há um dia, em Outubro, com 25 e um dia, em Março, com 23.

E, depois, há o dia de Natal e este dia de Páscoa com 192 horas.

A Oitava da Páscoa é como um único dia que se estende ao longo de oito dias.

É por isso que o prefácio da oração eucarística menciona «este dia em que Cristo, nossa Páscoa, foi imolado.

E é por isso também que os salmos de Laudes, Vésperas e Completas são os mesmos de Domingo da Páscoa da Ressurreição.

No fundo, tudo isto pretende significar que a Páscoa acende a luz que não se apaga e inaugura o dia que não tem fim.

Mas a Igreja continua a alertar-nos para a globalidade do mistério de Cristo, morto e ressuscitado.

É que, às vezes, na Quaresma, dá a impressão de que não vai haver Ressurreição. E, por vezes, na Páscoa, dá a impressão de que não houve Morte.

Um dos  belos hinos deste tempo alerta que «não há Ressurreição sem haver Morte».

Jesus ressuscitado apresenta as marcas da paixão e da morte.

O que voltou à vida é o mesmo que deu a vida.

Mantenhamos, pois, todo o realismo e não desistamos de transformar a (nossa) vida!

publicado por Theosfera às 19:07

Alguma burocracia será necessária. Mas muita burocracia é sufocante.

Albert Einstein queixou-se: «A burocracia é a morte de todas as actividades».

A burocracia tem de ser uma ajuda, nunca um obstáculo!

publicado por Theosfera às 09:41

Que é o tempo senão um diálogo teimoso entre a vida e a morte?

A morte vai ordenando: «apressa-te». A vida vai respondendo: «ainda é cedo».

E assim vão transcorrendo dias, meses e anos.

Vamos saboreando as múltiplas vitórias da vida. Mas a morte não desiste. Basta-lhe vencer uma vez.

Só Cristo venceu a morte. Só em Cristo venceremos a morte!

publicado por Theosfera às 09:37

Não basta haver um dia de Páscoa. É preciso que subsista uma vida de Páscoa.

É a vida de Páscoa que dá sentido ao dia de Páscoa, à Oitava da Páscoa, ao tempo de Páscoa.

A Páscoa está no tempo para nunca deixar de estar na vida.

Esta segunda-feira tem sabor a descanso, mas não é para descansar da Páscoa.

A Páscoa não cansa. Não cansa nem dá descanso.

É preciso fazer como as mulheres naquela manhã. É preciso sair, «a toda a pressa», do lugar da morte.

É preciso correr para anunciar que, afinal, Aquele que estava morto está vivo (cf. Mt 28, 8).

Ele está vivo como vivente. É Ele que nos torna vivos. É n'Ele que estamos sempre vivos.

De todas as formas e a toda a gente, não deixemos de anunciar esta feliz (e felicitante) notícia!

publicado por Theosfera às 09:26

Hoje, 06 de Abril (Segunda-Feira da Oitava da Páscoa), é dia de S. Prudência, 120 Mártires da Pérsia, S. Marcelino, S. Winebaldo e Sta. Pierina Morosini.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

Domingo, 05 de Abril de 2015

Já é Páscoa no tempo,

há alegria e esplendor,

vivacidade e contentamento.

Os foguetes vão estourar,

as flores vão brilhar,

as pessoas vão vibrar,

as casas vão encher

para Te acolher, Senhor.

Há dois mil anos,

removeste a pesada pedra do Teu sepulcro.

Pedimos-Te, Senhor,

que, hoje mesmo,

removas alguma pedra que ainda endureça os nossos corações:

a pedra do pecado,

a pedra do egoísmo,

a pedra da falsidade,

a pedra da injustiça, do ódio e da violência.

Aqui nos tens, Senhor,

não queremos ser sepultura mas berço.

Queremos que nasças sempre em nós

e queremos renascer sempre para Ti.

É tempo de Páscoa.

Exulta a natureza.

Vibram as crianças.

Cantem as multidões.

Que a Páscoa traga Paz,

Amor, Partilha e Felicidade.

Que os rostos sorriam,

que as mãos se juntem,

que os passos se aproximem,

que os corações se abram.

Obrigado, Senhor,

por morreres por nós.

Obrigado, Senhor,

por ressuscitares para nós.

Voltaste para o Pai e permaneces connosco.

Na Eucarista, és sempre o Emanuel.

Que Te saibamos receber

e que Te queiramos anunciar.

Hoje vais entrar em nossas casas.

Que nós nunca Te afastemos da nossa vida.

É Páscoa no tempo.

Que seja Páscoa na vida,

na nossa vida,

na vida da humanidade inteira.

publicado por Theosfera às 11:38

1. A Páscoa não é uma circunstância vaporosa de uma época distante.

Ela é a novidade perene oferecida ao homem e inscrita no tempo. Em cada tempo. Também no nosso tempo.

 

2. A referência ao «primeiro dia da semana» (Jo 20, 1) surge em nítido contraste com o dia anterior, o último dia.

No ocaso do último dia, respira-se morte. Já no alvorecer do primeiro dia, volta a despontar a surpresa da vida.

 

3. Maria de Magdala nem sequer se apercebe de que já se encontra num tempo novo.

Ela está persuadida de que a morte levou a melhor. As evidências parecem inultrapassáveis.

 

4. Mas eis que o sinal da morte está removido. A pedra no sepulcro seria como o ponto final num texto. Afinal, o texto iria continuar.

Resolve então avisar dois dos discípulos de Jesus: Pedro e João, duas personalidades e dois sinais.

 

5. Pedro representa a autoridade, João iconiza o amor. Pedro sai com João rumo ao sepulcro.

Ou seja, a autoridade não dispensa o amor na procura de Jesus.

 

6. Mas, a determinada altura, João antecipa-se. Na verdade, o amor vai sempre à frente e chega primeiro.

Como refere o comentário de Mateos-Barreto, «corre mais depressa o que tem a experiência do amor, o que foi testemunha do fruto da Cruz».

 

7. De facto, na hora da morte, só o amor (João) esteve presente. A autoridade (Pedro) ausentara-se.

Só o amor é capaz de vencer o medo.

 

8. João chega primeiro ao sepulcro. É pelo amor que se atinge a meta e que se chega a Deus.

Só que, como reconhece S. Paulo, o amor também sabe ser paciente (cf. 1Cor 13, 4). João vê o sepulcro vazio, mas não entra. Aguarda que Pedro venha.

 

9. Não se trata de um mero gesto de deferência. É, sobretudo, um gesto de reconciliação.

É que, com as negações de Pedro (cf. Jo 18, 15-17.25), a autoridade vacilara, vacilara no amor. Agora, o amor dá uma nova — e definitiva — oportunidade à autoridade.

 

10. Na Igreja de Jesus, a autoridade só faz sentido em função do amor. A autoridade é necessária. Mas ela apenas existe para tornar presente o essencial. E o essencial é o amor.

Porque, como alvitra o Evangelho (cf. Jo 20, 8), só com o amor se vê, só pelo amor se acredita.

publicado por Theosfera às 09:59

Hoje é dia de Páscoa. Mas não só hoje.

A Páscoa é hoje. A Páscoa é em cada hoje.

Não podemos transformar a Páscoa num dia de 24 horas.

Não é lícito reduzir a Páscoa a um conjunto de eventos que desperta a atenção e atrai as pessoas.

A Páscoa não pode ser vista como um móvel a que, anualmente, tiramos a poeira do esquecimento. E que, depois, devolvemos ao pó do desinteresse.

Não esqueçamos que Jesus não é encontrado no lugar da morte. «Não está aqui», disse alguém a quem O procurava no sepulcro (cf. Mc 16, 6).

Jesus está vivo. É urgente rejuvenescer os comportamentos.

Urge ter um olhar de Páscoa, um paladar de Páscoa, um cheiro a Páscoa. Urge, enfim, exibir uma vida toda ela pascal.

A Páscoa é a garantia de que o melhor, afinal, não é impossível. O inesperado também nos pode visitar.

As trevas nada podem contra a força suave deste sol que desponta. E que nunca voltará a deitar-se!

publicado por Theosfera às 08:51

 

Linda e sonora, esta manhã. Belo e luminoso, todo este dia.

O sol invade o céu. Os foguetes estalam nos ares.

A alma ergue-se, vitalizada pelo azul do firmamento e pelo vozear da natureza. Não são apenas as vozes que cantam. A própria natureza entoa um «aleluia» sem fim.

Tudo volta a começar, mesmo quando o fim parecia ter vindo para ficar.

A Páscoa é o triunfo da surpresa total.

Vale a pena acreditar. E nunca desistir!

 

publicado por Theosfera às 08:21

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Simplesmente sublime!
Só o bem faz bem! Concordo.
Sem o que fomos não somos nem seremos.
Nunca nos renovaremos interiormente,sem aperfeiçoa...
Sem corrigirmos o que esteve menos bem naquilo que...
Sem corrigirmos o que esteve menos bem naquilo que...

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