O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quinta-feira, 16 de Abril de 2015

1. Há palavras que funcionam como chaves. Permitem-nos abrir portas para a compreensão de tanta coisa.

«Pericorese» é uma das palavras mais estimulantes da Teologia. Ela pretende indicar a presença das pessoas divinas umas nas outras.

 

2. Jesus disse que Ele e o Pai eram um só (cf. Jo 10, 30). O mesmo acontece entre o Pai e o Filho com o Espírito Santo: cada um está nos outros, todos estão em todos.

A esta circularidade de vida e de amor chama-se precisamente «pericorese» ou «circumincessão».

 

3. Dizem que «pericorese» tem que ver com «dança». Trata-se de uma palavra composta por três radicais: 1) «peri», que significa «à volta de», ou «movimento circular» (como por exemplo perímetro, periférico); 2) «corea», que significa «dança», ou «bailado» (como por exemplo coreografia); e 3) «esis», que é um sufixo para formar palavras de acção ou processo.

A esta luz, «pericorese» era a palavra designada para o nome de uma dança tradicional em que um grupo de pessoas dançava de maneira circular e de mãos dadas.

 

4. A partir do século VIII, com S. João Damasceno, a «pericorese» foi aplicada à Cristologia, descrevendo a mútua interpenetração das duas naturezas de Cristo.

Mais tarde, passou a ser encarada como a comunhão entre as pessoas da Santíssima Trindade. Designa uma relação co-igual e co-eterna entre pessoas ao mesmo tempo iguais e diferentes: iguais na divindade, diferentes como pessoas.

 

5. Curiosamente, há evangelhos apócrifos que apresentam Jesus a dançar com os discípulos.

Os chamados «Actos de João» referem um episódio da Última Ceia a que dão o nome de «dança de roda da cruz».

 

6. Esta teria sido instituída por Jesus, ao dizer: «Antes de Eu ser entregue, cantemos um hino ao Pai».

Ordenou, então, que fosse formado um círculo à Sua volta, tendo todos dado as mãos e dançando. Os apóstolos gritaram «Ámen» à medida que era entoado o hino de Jesus.

 

7. Mais espantoso ainda é notar como algumas representações bizantinas do Crucificado mostram o corpo de Jesus a baloiçar, visando mostrar a unidade entre a morte e a ressurreição.

É o misto de humilhação e exaltação de que fala S. João (cf. Jo 12, 23) e que, no fundo, dá cumprimento à prece do Salmo: «Converteste em júbilo [há quem diga «em dança»] o meu pranto»(Sal 30, 12).

 

8. É claro que importa tomar algumas cautelas, evitando apresentar concepções de Deus só para agradar à «cultura mainstream».

Temos presente a (provocadora) posição de Nietzsche, que confessou só acreditar «num Deus que soubesse dançar».

 

9. Não terá sido em vão, porém, que a Teologia recorreu a estas imagens.

Tomás Halik notou que a dança pode ser «o símbolo da airosidade divina, da liberdade e da alegria, o símbolo da oposição ao "espírito de azedume" e ao "espírito de vingança"» de que, não raramente, o Cristianismo parece imbuído.

 

10. Não será esta alegria o alimento - e o permanente alento - da fé em Cristo? Não terá, por isso, chegado o momento de recompor a nossa vivência cristã, tantas vezes taciturna, enfadonha e, portanto, pouco pascal?

Não esqueçamos que somos depositários da notícia mais felicitante da história: a vitória da vida sobre a morte. Porquê, então, tanta tristeza? Porquê tanta cara de enterro? Não tenhamos medo de pôr uma «cara de gente salva». Até porque, em Jesus Cristo, fomos (mesmo) salvos!

 

 

publicado por Theosfera às 10:10

Por vezes, somos como certos carros que piscam num sentido e vão para o sentido contrário.

A dissimulação parece ser a ciência do ser humano e não apenas dos reis, como achava Richelieu.

Dissimular pode evitar alguns incómodos. Mas também não oferece entusiasmo.

Nada como o encanto da verdade!

publicado por Theosfera às 09:59

Lastimava-se Shakespeare: «Assim que nascemos, choramos por nos vermos neste imenso palco de loucos».

Há, porém, uma loucura que salva: a loucura da Cruz (cf. 1Cor 1, 18.23).

É a loucura da Cruz que nos salva da cruz provocada por tantas loucuras!

publicado por Theosfera às 09:45

Nem sempre acrescentar é sinónimo de aumentar.

Pensemos no caso da verdade. Como atesta a sabedoria judaica, «quem acrescenta coisas à verdade está a diminui-la».

A verdade veste-se com sobriedade. Não se reveste com adornos.

Os adornos, muitas vezes, impedem que se veja devidamente a verdade!

publicado por Theosfera às 09:38

Dizem que hoje é o Dia Mundial da Voz.

Pensemos não apenas nos que a usam. Pensemos também nos que não a podem usar, nos que são impedidos de a usar.

E habituemo-nos a ouvir não só os que falam. Habituemo-nos a ouvir também os que, calando, falam de outras formas.

Há murmúrios de vidas que nos passam ao lado.

Há silêncios que gritam e que reclamam uma oportunidade. A começar pelo próprio Deus.

Muito nos magoa o silêncio de Deus. Mas, como perguntava Sertillanges, «é Deus que está em silêncio ou somos nós que estamos surdos»?

publicado por Theosfera às 01:15

Era sábado santo, aquele 16 de Abril de 1927.

Às quatro e quinze da madrugada nasce um menino a quem puseram o nome de José.

Passadas quatro horas, já estava santificado pelas águas do Baptismo acabadas de benzer.

Tudo foi santo: o sábado santo, o baptismo santo, o padre santo e o santo padre.

José foi para o seminário. Foi ordenado presbítero em 1951 e bispo em 1977.

Em 1981 foi chamado para Roma a fim de colaborar com o Sumo Pontífice.

Quando pensava que a missão estava cumprida, viu que ela se tornou mais...comprida.

Faz, neste dia, 88 anos que nasceu o Papa Emérito.

Ontem José, hoje Bento.

Obrigado por tudo. Parabéns por hoje.

Saúde e felicidades para sempre!

publicado por Theosfera às 00:59

Hoje, 16 de Abril (88º aniversário do Papa Bento XVI), é dia de S. Bento José Labre, Sta. Engrácia de Saragoça e S. Magno da Escócia.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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