O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quinta-feira, 09 de Abril de 2015

Conta-nos S. Lucas (23, 46) que o Filho de Deus, antes de exalar o último suspiro, confirmou a entrega que, desde sempre, fizera do Seu ser: «Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito».

 

É uma expressão em que ressoa fortemente uma das orações modelo do Antigo Testamento: «Nas Tuas mãos entrego o meu espírito» (Sal 31, 6). Faz parte de um salmo de súplica individual, que contém elementos de louvor e acção de graças. Na Bíblia, as mãos de Deus invocam o Seu poder (cf. Deut 4, 34), mas evocam acima de tudo o Seu amor para com o justo (cf. Sal 89, 22; Jb 5, 18; Sab 3, 1).

 

Daí que até Antero de Quental tenha recorrido a esta imagem para se dirigir aos céus: «Na mão de Deus, na Sua mão direita, repousa, afinal, meu coração».

 

Como o salmista, também Jesus Se sabe escutado. Tanto mais que se entrega ao Pai quem sempre cultivara uma intensíssima relação com Ele.

 

É profundamente sintomático notar como, na narrativa lucana, o Pai, que surge na última frase pronunciada por Jesus, aparece já na Sua primeira intervenção: «Não sabíeis — pergunta a José e a Maria — que devia estar em casa de Meu Pai?» (Lc 2, 49). Não admira, por tudo isto, que volte a figurar na derradeira instrução dada aos Onze após a ressurreição: «Vou mandar sobre vós o que Meu Pai prometeu» (Lc 24, 49).

publicado por Theosfera às 10:38

Já Marie-Dominique Chenu alertara, há décadas, que «o nosso campo de trabalho é o acontecimento».

 

Agora, é o escritor brasileiro Zuenir Ventura (que tem um espantoso livro sobre a inveja) que nos adverte: «O meu tempo é hoje».

 

Hoje é, de facto, a grande oportunidade. Embora pareça também o maior problema.

 

Não transformemos, pois, a oportunidade em problema. Apostemos em transformar o problema em oportunidade.

publicado por Theosfera às 10:36

Um pastor modelado pelas mãos do Pai não é um tarefeiro, mas alguém que transporta a imagem que, em Cristo, Deus esculpiu no Homem. No que diz e no que faz, ele como que iconiza o amor que Deus consagra à humanidade.

 

Enquanto «ministro da Trindade» (minister Trinitatis, na linguagem de S. Tomás), o apóstolo é o transmissor do amor por antonomásia. De um amor que tem Deus como absoluto e o Homem como prioridade. De um amor que constrói o Céu sem renunciar à incessante reconstrução da Terra. Tanto mais que, como adverte Paul Valadier, «só se chega mais acima assumindo o que está em baixo». De resto, já S. Gregório de Nazianzo asseverava há séculos que «aquilo que não é assumido não é salvo» (quod non est assumptum non est sanatum).

 

Não há amor sem entrega e não pode haver entrega que não seja ilimitada. É por tal motivo que entregar é o verbo fulcral da Eucaristia e o verbo decisivo da missão.

 

A entrega de Cristo é sacramentalmente actualizada para ser existencialmente reproduzida. No seguimento de Jesus, também o apóstolo se entrega ao Pai por todos os homens.

 

Ao depositar o seu ministério no altar da Cruz e no coração da Trindade, o discípulo certifica a sua disponibilidade para, em cada dia, ser homo Dei («homem de Deus») e homo homnibus («homem para os homens»).

 

O encontro com Deus não contende com o compromisso social nem com o vigor profético. Pelo contrário, aflora como a sua raiz, a sua autêntica alma e o seu permanente alimento.

 

É o amor a Deus que nos impele — imediata e imperativamente — para o amor ao próximo. Pelo que a oração não colide com a missão nem a espiritualidade conflitua com a acção social. Dir-se-ia que há uma espécie de sócio-espiritualidade estribada no duplo mandamento: «Quem ama a Deus, ame também o seu irmão» (1 Jo 4, 21).

publicado por Theosfera às 10:26

Krónos e Kairós são duas palavras diferentes para tentar dizer o mesmo: o tempo.

 

Krónos é cruel. Filho de Urano e de Gaia, libertou os irmãos do ventre da terra, tornando-se o chefe dos titãs.

 

Receando, porém, um sucessor humano, devorou os seus próprios filhos.

 

Apenas o filho mais novo conseguiu salvar-se: Zeus. Este, quando cresceu, dominou o pai passando a governar os homens.

 

O tempo, tantas vezes, devora as pessoas.

 

Estamos subjugados por ele.

 

Estamos sempre a olhar para o relógio.

 

Suspiramos pelo tempo e chegamos sempre à conclusão de que não temos tempo.

 

Já o Kairós é doce, é suave, é a medida certa.

 

Tem asas nos pés ou nos ombros.

 

Caminha sobre os bicos dos pés.

 

Na testa tem um tufo de cabelo. A nuca é careca.

 

As oportunidades devem ser aproveitadas até porque o momento é efémero como mostra a nuca lisa.

 

O Kairós é representado pelo número sete, que recorda a história bíblica da criação.

 

O Kairós é, pois, o momento decisivo, no qual Deus oferece a felicidade às pessoas.

 

Caminho a seguir? Transformar o Krónos em Kairós, trazendo a eternidade para o tempo.

publicado por Theosfera às 10:18

A nossa vida contém muito de speculum (espelho) e de spes (esperança).

 

Que ela seja encarada como espelho de uma Igreja com uma já longa trajectória de fidelidade.

 

E que ela possa ser acolhida como esperança inspiradora de uma nova inquietação em ordem a uma renovada procura.

 

 

Urge, na verdade, reinventar caminhos que permitam dessedentar a sede de infinito que se pressente em cada passo e preencher a profunda saudade de Deus que se divisa em cada olhar.

 

 

Queremos vencer a atonia espiritual e a anemia pastoral em que, frequentemente, nos deixamos atolar.

 

Importa, por isso, que as raízes do nosso ser Igreja sejam alimentadas pela mais pura seiva do amor trinitário na certeza de que, como diria António Ramos Rosa, tais raízes «não estão atrás; puxam-nos para a frente».

publicado por Theosfera às 10:12

Qual é a diferença entre o homem insensato e o homem prudente?

Dizia Aristóteles: «O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz».

Eis o que falta, hoje.

Eis o que urge. Hoje e sempre!

publicado por Theosfera às 09:53

Hoje, 09 de Abril, é dia de Sta. Cassilda, Sto. Acácio de Amida e Sta. Maria Cléofas.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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