- É certo e sabido que crescemos cada vez mais depressa, mas amadurecemos cada mais devagar.
Temos acesso a muitos conhecimentos muito cedo. Mas propendemos a tomar atitudes decisivas muito mais tarde. Ou, então (o que é outro indicador a ter em conta), as atitudes que julgávamos definitivas num momento passam a transitórias no momento seguinte.
- Há quem diga que estamos numa «sociedade adolescêntrica». Os comportamentos da adolescência tendem a prolongar-se ao longo da vida.
Surgiu, entretanto, um estudo que garante que os homens só atingem a maturidade aos 54 anos. Confesso que esta precisão me deixa atónito. Aos 54 anos? Porque não aos 53 ou aos 55?
- Aliás, eu até acho que, num certo sentido, adolescentes seremos sempre.
Adolescente significa o que está a crescer. Alguma vez podemos garantir que já crescemos totalmente?
- Muito se exalta o colectivo. Mas dá para entender que, frequentemente, a exaltação do colectivo visa esvaziar a pessoa.
É fundamental apostar na interacção entre pessoa e comunidade. Não há pessoa sem comunidade, nem comunidade sem pessoa. Como pretender, pois, a renovação do colectivo sem priorizar a renovação da pessoa? Já dizia Agostinho da Silva que «é ilusória toda a reforma do colectivo que se não apoie numa renovação pessoal».
- Porque é que tão poucos suportam a verdade? A sabedoria judaica acha que é por causa do peso: «a verdade é pesada; por isso poucos a suportam».
Mas, pensando bem, o peso da verdade é bem leve. O peso da mentira é muito mais difícil de suportar.
- Nem sempre uma gargalhada revela alegria.Uma gargalhada pode esconder muita tristeza.
Já dizia Victor Hugo: «A gargalhada é o sol que varre o Inverno do rosto humano». Só que o Inverno volta sempre.
- A ordem é necessária, mas pode oprimir. A desordem pode ser agradável, mas acaba por complicar.
Paul Valéry anotou: «Estamos ameaçados por duas calamidades: a ordem e a desordem».
- A fama é uma coisa muito fugidia. Acaba tão depressa como começa. Nem sempre é alimentada com as melhores atitudes. Afinal, a fama também pode ser servida sob a forma de difamação.
E quando a fama é melhor, é sinal de que já cá não estamos. Einstein reparou: «A fama é como os cabelos: cresce depois da morte, quando já lhe é de pouca serventia». Coisa pouca, pois, é a fama.
- Uma dor vem. Uma dor vai. Uma dor volta. E lá vamos nós sobrevivendo, de dor em dor.
Christian Hebbel sustentou: «O facto de as dores se revezarem torna a vida suportável».
- Não é por haver muitas promessas que muito se cumpre. Vittorio Alfieri dizia que «os mentirosos estão sempre prontos a jurar». Juram sempre. E mentem continuamente.
Quem «verdadeia» não precisa de o anunciar. Basta «verdadear». Basta viver na verdade.
- Uma opção tem de ser tomada. John Kennedy sinalizou-a: «A humanidade tem de acabar com a guerra antes que a guerra acabe com a humanidade».
Se adiarmos para tarde, pode ser tarde demais.
- A pobreza é um problema. Há muitas formas de pobreza. Qual será a maior pobreza? Madre Teresa de Calcutá não tinha dúvidas: «A falta de amor é a maior de todas as pobrezas».
Quanto ao amor, os amigos merecem-no, os outros precisam dele!