O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quinta-feira, 02 de Abril de 2015

Quando foi a Última Ceia? Para Colin Humphreys, da Universidade de Cambridge, terá ocorrido na quarta e não na quinta-feira.

 

A posição aparece no livro The Mystery Of The Last Supper, onde o autor analisa os calendários, os dados da história e as conclusões da exegese.

 

Refira-se, antes de mais, que esta questão não é original. Bento XVI, no seu último livro sobre Jesus, também a contempla. A própria Bíblia não permite dirimi-la totalmente.

 

Os Sínópticos (Marcos, Mateus e Lucas) apontam para «o primeiro dia dos Ázimos, quando se imolava a Páscoa» (Mc 14, 12). Era, com efeito, na tarde desse dia que, no templo, se imolavam os cordeiros pascais. Seria uma quinta-feira. Era nessa noite que começava a Páscoa e se comia a ceia. Terá sido no final que Jesus foi preso e apresentado a tribunal. Na manhã de sexta-feira, foi condenado e, à tarde, morreu. Como no outro dia era sábado, dia sagrado para os judeus, o corpo de Jesus tinha de ser sepultado antes do anoitecer de sexta-feira.

 

Surge, entretanto, uma dificuldade. Naquele ano, a Páscoa judaica era na sexta-feira. Será crível que Jesus fosse julgado e crucificado num dia tão solene? Não falta quem assegure que o processo e a crucifixão eram compatíveis com a Páscoa. Contudo, dois dias antes dos Ázimos, os sumos sacerdotes desaconselhavam que se matasse Jesus durante a festa para que o povo não se revoltasse (cf. Mc 14, 2). Como é que se mudou tão rapidamente de opinião?

 

O Evangelho de S. João apresenta uma nuance a respeito de tudo isto. Desde logo, não assegura que a Última Ceia tenha sido uma ceia pascal e até dá a entender que o julgamento de Jesus foi não durante a Páscoa, mas antes da Páscoa. Trata-se da alusão ao facto de as autoridades judaicas, que levaram Jesus a Pilatos, não terem entrado no pretório «para não se contaminarem e poderem celebrar a Páscoa» (Jo 18, 28). Isto significa que o processo e a morte de Jesus acontecem não durante a Páscoa, mas na véspera da Páscoa. Neste caso, naquele ano a Páscoa seria não numa sexta-feira, mas num sábado. Só que, como os judeus contam os dias a partir do crepúsculo do dia anterior, Jesus teria morrido na sexta-feira antes do ocaso.

 

Assim, Jesus teria tido a Última Ceia na quinta-feira, mas sem o carácter pascal judaico, e teria sido executado na sexta-feira, a qual seria véspera da Páscoa e não dia de Páscoa. Neste caso, o cordeiro pascal estaria a ser comido pelos judeus quando Jesus já estava morto. Como diz Joseph Ratzinger, «Jesus morre como o verdadeiro Cordeiro, que estava apenas preanunciado nos cordeiros».

 

Não faltou, entretanto, quem procurasse harmonizar as duas cronologias. Quem mais se destacou foi Annie Jaubert, que estudou a fundo os calendários judaicos. Encontrou um que, não atendendo à translação da Lua, previa um ano de 364 dias, dividido em quatro estações de três meses, dois dos quais com 30 dias e o outro com 31. Cada trimestre teria, então, 13 semanas e cada ano 52 semanas. Deste modo, as festas seriam sempre no mesmo dia da semana. Concretamente, a Páscoa judaica seria à quarta-feira. Por conseguinte, a Última Ceia teria sido na terça-feira à noite.

 

O curioso é que um texto do início do século III, Didascália dos Apóstolos, fixa a data da Ceia de Jesus na terça-feira. O problema é que a tradição mais antiga aponta para quinta-feira como a data mais segura da Última Ceia.

 

É certo que a terça-feira seria mais ajustada ao desenvolvimento posterior dos acontecimentos. Não é fácil admitir que, numas curtas horas (de quinta para sexta-feira), tenha acontecido tanta coisa: interrogatório no Sinédrio, transferência para Pilatos, sonho da mulher de Pilatos, envio a Herodes, regresso a Pilatos, flagelação, condenação, caminho para o Calvário e crucifixão.

 

Em síntese, a data da Última Ceia continuará a suscitar muitos estudos e a despertar compreensível curiosidade. Mas o mais importante não é quando aconteceu. É o que aconteceu.

 

E o que aconteceu, desde o lavar dos pés até à consagração do pão e do vinho passando pelo longo discurso, foi tão impactante que jamais foi esquecido. Fundamental é que nunca deixe de ser vivido.

publicado por Theosfera às 18:36

Hoje é Quinta-Feira-Santa.

 

Termina a Quaresma. Inicia-se o tríduo pascal. É, portanto, um dia em três dias.

 

Celebra-se a paixão, morte, sepultura e ressurreição de Jesus.

 

Hoje, concretamente, assinalamos as duas grandes «invenções» de Jesus: a Eucaristia e o Sacerdócio.

 

Deixou-nos um único mandamento: que nos amemos uns aos outros como Ele nos amou, como Ele nos ama.

 

Pediu-nos a simplicidade, a humildade, o despojamento.

 

Nestes dias, há uma certa tentação para as pompas, para o esplendor. Mas isso não congraça com a mensagem de Jesus.

 

Ele merece o melhor. E o nosso melhor será (procurar) ser como Ele: na humildade e na paz!
publicado por Theosfera às 10:26

Tudo o que se celebra nesta semana santa está sob o signo do mistério.

 

O omnipotente surge-nos sem poder. Ou, então, revestido do poder maior: o de Se entregar à morte.

 

Jesus está sempre com o Pai, mas confessa-Se abandonado pouco antes de expirar.

 

É por isso que as palavras deveriam estar amassadas em silêncio. As palavras, por vezes, podem apagar mais do que revelar.

 

Jesus aparece-nos descentrado de Si. Tudo n'Ele é amor, é dádiva, é entrega.

 

Importa não aprisionar Jesus em conceitos, até porque tudo em Jesus é libertação, justiça e verdade.

 

É nos caminhos da humanidade sofredora que, hoje, O voltamos a encontrar.

publicado por Theosfera às 10:18

Estes são dias em que olhamos mais (embora não necessariamente melhor) para a identidade da Igreja, designadamente para a ontologia do padre.

 

Fácil é radicar essa identidade, essa ontologia: em Jesus Cristo.

 

Entre Cristo e a Igreja existe, portanto, uma proximidade total. O problema é que, entre Cristo e a Igreja, se pressente também uma distância infinita.

 

Uma coisa é o plano ontológico. Outra coisa, bem diferente, é o plano existencial.

 

Uma coisa é o âmbito do ser. Outra coisa, bem diferente, é o âmbito do agir.

 

Cristo é a verdade. Mas quem diz a verdade acaba por ser condenado.

 

Em Jesus sempre se notou a parrhesia, a coragem e a franqueza.

 

Esse é o caminho de Cristo. Esse é o caminho Cristo.

 

Esse tem de ser o caminho da Igreja. Na pobreza. E ao lado dos mais pobres!
publicado por Theosfera às 10:13

A Quaresma não termina sábado, termina hoje.

A última Hora Intermédia (Noa) deste dia assinala o fim da Quaresma.

A Missa da Ceia do Senhor inaugura o tríduo pascal.

A Vigília Pascal começa cronologicamente no sábado, mas toda ela decorre em dia de Domingo.

Haja em vista que os dias, para o povo em que Jesus viveu, começam quando o sol se põe no dia anterior.

A Vigília Pascal é, toda ela, uma celebração (a primeira grande celebração) da Ressurreição de Cristo!

publicado por Theosfera às 00:16

Hoje, 02 de Abril (Quinta-Feira Santa), é dia de S. Francisco de Paula e Sta. Maria Egipcíaca.

Um santo e abençoado dia para todos!

publicado por Theosfera às 00:00

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