- Se toda a gente gosta de ganhar, como é que Deus iria gostar de perder?
Não espanta pois que, nas galerias dos vencedores, Deus ocupe um lugar único, um lugar cimeiro, um lugar central.
- Trata-se, aliás, de um lugar merecido, ainda que nem sempre reconhecido.
É, porém, um facto indesmentível. Deus detesta perder. Deus faz tudo para não perder.
- Há, entretanto, uma precisão a fazer.
É que enquanto nós não gostamos de perder nada, Deus não gosta de perder ninguém.
- Enquanto nós trocamos facilmente as pessoas pelas coisas, Deus dispõe-Se a sacrificar todas as coisas — e a sacrificar-Se a Si mesmo — para não perder nenhuma pessoa.
O que move Deus não é essa coisa que se chama dinheiro. Nem essa coisa que se chama poder.
- O que (co)move Deus são as pessoas, somos nós.
Por muito desprimoroso que possa parecer dizer isto, para Deus há certos fins que justificam todos os meios.
- É neste sentido que, como nota Miroslav Volf, «Deus abdica de Si mesmo para não perder a humanidade».
Deus sujeita-Se a perder tudo para não perder ninguém.
- Foi por isso que Deus veio até nós (cf. Jo 1, 14). Foi por isso que Deus nos enviou o melhor que tem: o Seu Filho (cf. Jo 3, 16)
Este, o Filho de Deus, deixou bem claro que não quer perder ninguém (cf. Jo 6, 39). Ele oferece a Sua morte pela nossa vida (cf. Jo, 10, 10).
- Enfim, foi por causa de nós que Deus, sendo sumamente rico, Se fez totalmente pobre (cf. 2Cor 8, 9).
Foi por causa de nós que Deus não quis possuir qualquer reino neste mundo (cf. Jo 18, 36). E é por causa de nós que Deus continua a trabalhar, a trabalhar incessantemente (cf. Jo 5, 17).
- Deus não sabe perder. Deus não sabe o que é perder. Deus vai ao ponto de deixar os que não se perderam para ir ao encontro dos que estão em vias de se perder (cf. Lc 15, 4).
Deus quer a nossa salvação, custe o que custar (cf. 1Cor 9, 22). E a nossa salvação custou o sangue de Seu Filho (cf. Jo 19, 34).
- Sendo assim, poderá alguém perder-se?
Todos ganhamos quando, em Cristo, nos dispomos a tudo perder!